SóProvas


ID
3138757
Banca
VUNESP
Órgão
Prefeitura de Itapevi - SP
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                            “Tire suas próprias conclusões”


      Essa é a frase que mais tenho ouvido recentemente. Passada a euforia de uma notícia qualificada como “bomba”, logo os atores de uma das partes corriam a público para disponibilizar a íntegra daquilo que antes foi veiculado em partes.

      É preciso saber de tudo e entender de tudo. É preciso tirar as próprias conclusões para não depender de ninguém, e é esse o grande e contraditório imperativo dos nossos tempos. É uma ordem a uma experimentação libertária, e uma quase contradição do termo. O imperativo que liberta também aprisiona: você só passa a ser, ou a pertencer, se tiver uma conclusão. Sobre qualquer coisa.

      Nas últimas décadas psicanalistas se debruçaram sobre as mudanças nos arranjos produtivos e sociais de cada período histórico para compreender e nomear as formas de sofrimento decorrentes delas. A revolução industrial, a divisão social do trabalho, a urbanização desenfreada e as guerras, por exemplo, fizeram explodir o número de sujeitos impacientes, irritadiços e perturbados com a velocidade das transformações e suas consequentes perdas de referências simbólicas.

      Pensando sobre o imperativo “Leia/Veja/Assista” e “Tire suas próprias conclusões”, começo a desconfiar de que estamos diante de uma nova forma de sofrimento relacionado a um mal-estar ainda não nomeado. Afinal, que tipo de sujeito está surgindo de nossa nova organização social? O que a vida em rede diz sobre as formas como nos relacionamos com o mundo? Que tipos de valores surgem dali? E, finalmente, que tipo de sofrimento essa vida em rede tem causado?

      Vou arriscar e sair correndo, já sob o risco de percorrer um campo que não é meu: estamos vendo surgir o sujeito preso à ideia da obrigação de ter algo a dizer. Ao longo dos séculos essa angústia era comum aos chamados formadores de opinião e artistas, responsáveis por reinterpretar o mundo. Hoje basta ter um celular com conexão 3G para ser chamado a opinar sobre qualquer coisa. Pensamos estar pensando mesmo quando estamos apenas terceirizando convicções ao compartilhar aquilo que não escrevemos.

      É uma nova versão de um conflito descrito por Clarice Lispector a respeito da insuficiência da linguagem. Algo como: “Não só não consigo dizer o que penso como o que penso passa a ser o que digo”. Se vivesse nas redes que atribuem a ela frases que jamais disse, o “dizer” e o “pensar” teriam a interlocução de um outro verbo: “compartilhar”.

(Matheus Pichonelli, Carta Capital. 18.03.2016. www.cartacapital.com.br. Adaptado)

A passagem do texto que, após o acréscimo da vírgula, está de acordo com a norma-padrão é:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA B

    É preciso tirar as próprias conclusões (oração principal) , para não depender de ninguém (oração subordinada adverbial final) --- como a oração está preposta à principal e não está deslocada, o uso da vírgula é facultativo ? (2o parágrafo)

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    FORÇA, GUERREIROS(AS)!!

  • Nas questões tipo VUNESP precisamos ter em mente a estrutura básica da ordem direta:

    Sujeito ----Verbo-----Complementos

    A) Essa é a frase que, mais tenho ouvido recentemente. (1° parágrafo)

    Oração do tipo adjetiva! Não é correto a utilização de vírgulas após o que , mas poderíamos ter antes dele.

    outra curiosidade: das orações subordinadas substantivas a única que admite vírgulas é apositiva.

    B) É preciso tirar as próprias conclusões, para não depender de ninguém… (2° parágrafo)

    Como o nobre colega falou a utilização de vírgulas antes de adjuntos adverbiais quando estão em sua posição natural são de natureza facultativa.

    C) Nas últimas décadas psicanalistas se debruçaram, sobre as mudanças nos arranjos produtivos e sociais de cada período histórico... (3° parágrafo)

    O mais correto seria vírgulas após décadas, tendo em vista que está deslocado da sua posição natural,

    além de que não se separa verbo de seus complementos..

    D) ...... formadores de opinião e artistas, responsáveis por reinterpretar o mundo. (6° parágrafo)

    Quem é responsável por reinterpretar o mundo?

    e) Hoje basta ter um celular com conexão 3G para ser chamado, a opinar sobre qualquer coisa. (6° parágrafo)

    Novamente a mesma lógica! Não se usa virgulas entre os verbos e seus complementos.

    Consoante a gramática para concursos do F. Pestana:

    adjunto adverbial deslocado de sua posição natural:

    a partir de 3 palavras= vírgulas obrigatórias...

    Nos demais casos estando fora de sua posição natural = Virgulis =

    A multidão foi, aos poucos, avançando para o palácio.

    Equívocos? DÚVIDAS? Mande msg.

    Sucesso, Bons estudos, Nãodesista!

  • valeu matheus