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ID
3148606
Banca
VUNESP
Órgão
Prefeitura de Arujá - SP
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                     Jogar-se à vida


      Uma velha amiga minha de São Paulo – nem tão velha assim, e muito bonita – me diz que seu filho, de 39 anos, mora com ela. Não é que “ainda” more com ela. Ele apenas mora, desde o dia em que nasceu, e não há indícios de que esteja planejando se emancipar e morar sozinho. A mãe, a essa altura, já desistiu de fazê-lo desconfiar de que ela, sim, gostaria de espaço e privacidade para viver sua própria vida.

      Ao ouvir isso, levei um susto. Aos 39 anos, eu já tinha saído não só da casa de meus pais como de dois casamentos, e morado em dez endereços de quatro cidades em dois continentes. Era só no que os garotos da minha geração pensavam – jogar-se à vida, longe da saia materna ou da mesada paterna. Supunha-se que, enquanto se morasse com a família, estava-se dispensado de ser adulto.

      Um desses endereços, em 1967, foi o Solar da Fossa, um casarão colonial em Botafogo, perto do túnel Novo. Nele tinham ido parar rapazes e moças de fora e de dentro do Rio, todos em busca de liberdade para criar, trabalhar, namorar ou não fazer nada, enfim, viver. Ali, um dos moradores, Caetano Veloso, compôs “Alegria, Alegria”; outro, Paulinho da Viola, “Sinal Fechado”. Grupos como o Momento 4 e o Sá, Rodrix & Guarabyra se formaram em seus quartos.

      Três de nossas lindas vizinhas estrelaram nas páginas de revistas: Betty Faria, Ítala Nandi e Tania Scher. Paulo Leminsky escrevia seu romance “Catatau”. O pessoal do Teatro Jovem, que estava revolucionando o teatro brasileiro, morava lá, assim como metade do elenco da peça “Roda Viva”, em ensaio no outro lado do túnel. Os namoros eram a mil. Até o autor francês Jean Genet, de passagem pelo Solar, viveu ali uma aventura amorosa.

      Se aquela turma morasse com a mãe, nada disso teria acontecido.

                                                               (Ruy Castro. Folha de S.Paulo. Adaptado)

Assinale a alternativa correta quanto à concordância verbal padrão.

Alternativas
Comentários
  • Gabarito C

    A) No Solar da Fossa, haviam (havia) rapazes e moças vindos de diversos locais do país. ⇢ O verbo "haver" no sentido de existir/ocorrer/acontecer é impessoal, assim fica no singular.

    B) Segundo a amiga do cronista, não existe (existem) indícios de que o filho pretenda sair de casa. ⇢ O verbo deve concordar com o núcleo do sujeito.

    C) No lendário casarão, compuseram-se canções hoje conhecidas por todos os brasileiros.

    D) Para o cronista, não podem (pode) acontecer de filhos adultos ainda viverem com os pais.

    E) Metade do elenco da peça “Roda Viva” moravam (morava) no Solar e ensaiavam nas proximidades do casarão.

  • GABARITO: LETRA C

    A) No Solar da Fossa, haviam rapazes e moças vindos de diversos locais do país ? o correto é "haver", visto que se trata de um verbo impessoal e que não deve ser flexionado.

    B) Segundo a amiga do cronista, não existe indícios de que o filho pretenda sair de casa ? o correto é "existem", é um verbo impessoal e concordar com o sujeito posposto "indícios".

    C) No lendário casarão, compuseram-se canções hoje conhecidas por todos os brasileiros ? correto, voz passiva sintética, o sujeito paciente está no plural, logo, a concordância é feita no plural (=compuseram-se canções, canções foram compostas).

    D) Para o cronista, não podem acontecer de filhos adultos ainda viverem com os pais ? o quê não pode acontecer? ISSO (concordância deve ser feita no singular ? pode acontecer).

    E) Metade do elenco da peça ?Roda Viva? moravam no Solar e ensaiavam nas proximidades do casarão ? incorreto, o quê morava? Metade (=núcleo do sujeito, concordância deve ser feita no singular? morava).

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  • Assertiva C

    No lendário casarão, compuseram-se canções hoje conhecidas por todos os brasileiros.