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ID
3154528
Banca
VUNESP
Órgão
UNIFAI
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Uma invenção humana

       Vejo a literatura como um instrumento excepcional da nossa civilização. Ela ajuda a esclarecer o mundo. Quem nós somos? Quem nós fomos? Lendo a Ilíada, você pode imaginar quais foram os sentimentos de Aquiles ou de Príamo. Você se pergunta: “Por que esse fervor pela narrativa?”. Porque o ser humano precisou narrar, para que os fatos da vida, da poética do cotidiano, não desaparecessem. Enquanto o ser humano forjava a sua civilização, dava combate aos deuses e procurava entender em que caos estava imerso, ele contava histórias. Para que nada se perdesse. Não havia bibliotecas. No caso de Homero, os aedos – e quase podíamos intitulá-los os poetas da memória – memorizavam tudo para que os fatos humanos não se perdessem. E, assim, a angústia em relação à apreensão da vida real, o real humano, visível, intangível, esteve presente em todas as civilizações. Nas nossas Américas, por exemplo, houve entre os incas uma categoria social, a dos amautas, que tinha por finalidade única memorizar. Memorizar para que os povos não se esquecessem das suas próprias histórias. Quer dizer, a literatura não foi uma invenção dos escritores, gosto muito de enfatizar isso. Foi uma invenção humana.

       Milhões de pessoas já leram Dom Quixote. Milhões, em diferentes línguas. Mas é o mesmo livro para diferentes leitores. Isso prova que a literatura dá visibilidade a quem somos, a nossos sentimentos mais secretos, mais obscuros, mais desesperados, às esperanças mais condicionais do ser humano. E a literatura conta histórias porque os sentimentos precisam de uma história para que você se dê conta deles. Então, a literatura pensou em dar conta de quem somos, dessa nossa complexidade extraordinária. Porque somos seres fundamentalmente singulares. E, por isso, a literatura é singular.


(Nélida PIÑON. Uma invenção humana – depoimento ao escritor e jornalista José Castello. Rascunho n° 110. Curitiba: 2009. In http://rascunho.com.br/wp-content/uploads/2012/02/ Book_Rascunho_110.pdf. Acesso em 15.11.18. Adaptado)

Em uma interpretação adequada do trecho “E a literatura conta histórias porque os sentimentos precisam de uma história para que você se dê conta deles. Então, a literatura pensou em dar conta de quem somos...”, a palavra que se repete, em destaque, está corretamente substituída, sem prejuízo de sentido e mantendo o respeito à norma-padrão, na seguinte redação:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA A

    ? Está contando, narrando, dizendo algo (não diz que está sendo criado); para que você se dê conta deles (fique inteirando, conhecendo); passou em dar conta de quem somos (a literatura está nos expressando, isto é, está expressando através dela mesma quem somos).

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    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! 

  • Contar algo, narrar algo;

    Dar conta de algo, dá sentido a algo, ter responsabilidade sobre algo.

    É preciso ter disciplina pois nem sempre estaremos motivados.

  • A questão trabalha semântica, exige conhecimento sobre o significado contextual das palavras destacadas (sinônimos).

    Em “E a literatura conta histórias porque os sentimentos precisam de uma história para que você se dê conta deles. Então, a literatura pensou em dar conta de quem somos...".

    A primeira palavra destacada tem o sentido de narrar, de relatar uma história - ações típicas de um texto narrativo;

    A segunda palavra destacada tem o sentido de conhecer, de inteirar-se de algum assunto, de estar a par de algo;

    A terceira palavra destacada tem o sentido de ser capaz de algo, de responsabilizar-se por algo ou por alguém.

    Alternativa (A) correta - A reescrita mantém o sentido original, respeitando as regras da norma-padrão da língua.

    Alternativa (B) incorreta - A literatura não cria histórias, ou seja, não as produz, ela as narra; tampouco ela determina quem somos. Só o trecho “para que você os conheça" mantém o sentido original.

    Alternativa (C) incorreta - A reescrita dos dois períodos não mantém o sentido original.

    Alternativa (D) incorreta - Só o trecho “para que você os compreenda" mantém o sentido original. A literatura conta histórias para que compreendamos, que percebamos os sentimentos.

    Alternativa (E) incorreta - Somente o trecho “E a literatura dispõe de histórias" não mantém o sentido original.

    Gabarito da professora: Letra A.