SóProvas


ID
319012
Banca
FCC
Órgão
NOSSA CAIXA DESENVOLVIMENTO
Ano
2011
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Pós-11/9

Li que em Nova York estão usando “dez de setembro”
como adjetivo, significando antigo, ultrapassado. Como em:
“Que penteado mais dez de setembro!”. O 11/9 teria mudado o
mundo tão radicalmente que tudo o que veio antes – culmi-
nando com o day before [dia anterior], o último dia das torres
em pé, a última segunda-feira normal e a véspera mais véspera
da História – virou preâmbulo. Obviamente, nenhuma normali-
dade foi tão afetada quanto o cotidiano de Nova York, que vive
a psicose do que ainda pode acontecer. Os Estados Unidos
descobriram um sentimento inédito de vulnerabilidade e reor-
ganizam suas prioridades para acomodá-las, inclusive sacrifi-
cando alguns direitos de seus cidadãos, sem falar no direito de
cidadãos estrangeiros não serem bombardeados por eles.
Protestos contra a radicalíssima reação americana são vistos
como irrealistas e anacrônicos, decididamente “dez de se-
tembro”.

Mas fatos inaugurais como o 11/9 também permitem às
nações se repensarem no bom sentido, não como submissão à
chantagem terrorista, mas para não perder a oportunidade do
novo começo, um pouco como Deus – o primeiro autocrítico –
fez depois do Dilúvio. Sinais de revisão da política dos Estados
Unidos com relação a Israel e os palestinos são exemplos disto.
E é certo que nenhuma reunião dos países ricos será como era
até 10/9, pelo menos por algum tempo. No caso dos donos do
mundo, não se devem esperar exames de consciência mais
profundos ou atos de contrição mais espetaculares, mas o
instinto de sobrevivência também é um caminho para a virtude.
O horror de 11/9 teve o efeito paradoxalmente contrário de me
fazer acreditar mais na humanidade.
A questão é: o que acabou em 11/9 foi prólogo, exata-
mente, de quê? Seja o que for, será diferente. Inclusive por uma
questão de moda, já que ninguém vai querer ser chamado de
“dez de setembro” na rua.

(Luis Fernando Verissimo, O mundo é bárbaro)

Está adequado o emprego de ambos os elementos sublinhados na frase:

Alternativas
Comentários
  • Resposta: E

    COM QUE

    deparar - VTI - pede a preposição COM
    que - pronome relativo


    DE CUJO 

    esquecer - nesta acepção VTDI - pede a preposição DE
    cujo - Pronome relativo
     

  • a) A obsolescência e o anacronismo, atributos pelos quais os americanos manifestam todo seu desprezo, passaram a se enfeixar com a expressão dez de setembro.

    b) O estado de psicose, com os quais imergiram tantos americanos, levou à adoção de medidas de segurança  cuja radicalidade muitos recriminam.

    c) A sensação de que o 11/9 foi um prólogo de algo a que ninguém se arrisca a pronunciar é um indício do pasmo pelo qual foram tomados tantos americanos.

    d) Não é à descrença, sentimento pelo qual nos sentimos invadidos depois de uma tragédia, é na esperança que queremos nos apegar.

  • Pessoal, eu entendi a questão da forma que vou apresentar abaixo, caso alguém entenda de modo diverso vamos enriquecer a correção com suas observações.

    letra a - falsa
    o correto seria "aos quais", ao invés de "nos quais"

    letra b - falsa
    o correto seria "no qual", ao invés de "ao qual". E o "em cuja", tb está errado, o correto seria somente "cuja"

    letra c - falsa
    o correto seria "que", ao invés de "ao qual"

    letra d - falsa
    o correto seria "a que/ ao qual", ao invés de "com que"

    letra e - verdadeira
  • Apenas uma opinião a respeito da colega Daniela Reis. Acredito ser possível também:

    a) A obsolescência e o anacronismo, atributos nos quais os americanos manifestam todo seu desprezo, passaram a se enfeixar com a expressão dez de setembro.

    Os americanos manifestam todo seu desprezo por (pela obsolência...);


    d) Não é à descrença, sentimento com que nos sentimos invadidos depois de uma tragédia, é na esperança que queremos nos apegar.

    Nos sentimos invadidos por (pelo sentimento) [...] / queremos nos apegar à esperança.