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ID
3194104
Banca
FCC
Órgão
Câmara de Fortaleza - CE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      Desde aquela história de Jó contada no Antigo Testamento, Deus e o Diabo não apostavam sobre os seres humanos, com o que a eternidade já estava ficando meio monótona. O Maligno resolveu, então, provocar o Senhor: que tal uma nova aposta? Deus, na sua infinita paciência, topou.

      Dessa vez, contudo, o Diabo estava decidido a não perder. Para começar, escolheu cuidadosamente o lugar onde procuraria sua vítima: um país chamado Brasil no qual, segundo seus assessores ministeriais, a diferença entre pobres e ricos chegava ao nível da obscenidade. Os mesmos assessores tinham sugerido que se concentrasse em aposentados, pessoas que sabidamente ganham pouco.

      O Diabo pôs-se em ação. Foi-lhe fácil induzir um erro no sistema de pagamento de aposentadorias, com o qual um aposentado recebeu, de uma só vez, mais de R$ 6 milhões. E aí tanto o céu como o inferno pararam: anjos, santos e demônios, todos queriam ver o que o homem faria com o dinheiro. O Diabo, naturalmente, esperava que ele se entregasse a uma vida de deboches: festas espantosas, passeios em iates luxuosos, rios de champanhe fluindo diariamente.

      Não foi nada disto que aconteceu. Ao constatar a existência do depósito milionário, o aposentado simplesmente devolveu o dinheiro. Eu não conseguiria dormir, disse, à guisa de explicação.

      O Diabo ficou indignado com o que lhe parecia uma extrema burrice. Mas então teve a ideia de verificar o quanto o homem recebia de aposentadoria por mês: menos de R$ 600. Deu-se conta então de seu erro: a desproporção entre a quantia e os R$ 6 milhões da tentação tinha sido grande demais.

      Mas o Diabo aprendeu a lição. Pretende desafiar de novo o Senhor. Desta vez, porém, escolherá um milionário, alguém familiarizado com o excesso de grana. Ou então um pobre. Mas neste acaso fornecerá, além de muito dinheiro, um frasco de pílulas para dormir. A insônia dos justos tira o sono de qualquer diabo.

     (SCLIAR, Moacyr. O imaginário cotidiano. São Paulo: Global, 2002, p. 71-72) 

Ao ser transposto para o discurso indireto, o trecho Eu não conseguiria dormir, disse [o aposentado] (4o parágrafo) assume a seguinte redação:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: "A"

    O discurso indireto é caracterizado pela intervenção do narrador no discurso, ao utilizar as suas próprias palavras para reproduzir as falas dos personagens. Esse tipo de discurso sempre é feito na 3ª pessoa.

    Eu não conseguiria dormir, disse [o aposentado]. -------- O aposentado disse que ele não conseguiria dormir.

  • Então, nesse caso, não há necessidade de alterar o tempo verbal como normalmente ocorre?

     

  • Também não sei,Rafael.

    Errei por pensar que sempre é necessário mudar o tempo verbal.

  • Pensei, que sempre teria que mudar o tempo verbal.
  • Pq estão dizendo que tem que mudar o tempo verbal? Nunca aprendi dessa forma,

    Pelo o que aprendi o tempo verbal tem que ser o mesmo, o que muda é a pessoa que diz, dai o verbo fica na primeira, ou na terceira pessoa, conforme o caso pedido, e mantém o tempo q ocorreu.

    Espero ter ajudado, se eu estiver errada me corrijam.

  • Discurso direto - Discurso indireto

    Presente do indicativo - pretérito imperfeito do indicativo

    Pretérito perfeito do indicativo - pretérito mais-que-perfeito

    Futuro do presente do indicativo - futuro do pretérito do indicativo

    Presente do subjuntivo - pretérito imperfeito do subjuntivo

    Futuro do subjuntivo - pretérito imperfeito do subjuntivo

    Imperativo - pretérito imperfeito do subjuntivo

     

    Pessoal verifique a lista acima, do lado esquerdo é o discurso direto, os tempos verbais que se modificam são os listados do lado esquerdo e do lado direito é o tempo verbal já com a modificação para o discurso indireto. Logo, os tempos verbais que não estão na lista do lado esquerdo não se modificam. O verbo da questão está no Futuro do Pretérito do Indicativo, não está listado do lado esquerdo, então ele não se modifica.

  • Pra mim, a resposta parece ambígua. Ele quem?

  • Katniss, você está certa. O tempo verbal nunca muda -- mudar o tempo verbal, muda, consequentemente, o sentido do texto. O enunciado pede a mudança de discurso (o enunciador é quem muda). Os que estão em dúvida, provavelmente confundiram voz ativa/passiva com mudança de discurso.

    Na transposição de vozes, o foco é a relação entre o sujeito e a ação expressa pelo verbo.

    Na transposição de discurso, o foco é a mudança do NARRADOR. Vejamos:

    "Eu não conseguiria dormir, disse [o aposentado]" (NARRADOR "EU"- primeira pessoa)

    "O aposentado disse que ele não conseguiria dormir." (NARRADOR "ELE" - onisciente/ terceira pessoa). O narrador toma o discurso --imaginem uma cena de um filme em que o narrador para a ação e começa a dizer sobre o que o personagem disse.

  • Katness o tempo verbal muda sim! Muda comforme a lista que a Hevelyn colocou. Nesse caso nao mudou, pois, além de nao esta na tabela das mudanças, também muda o sentido. Mas num geral o tempo verbal muda sim

  • Acho que a galera tá confundindo dois assuntos: Passagem do discurso direto/indireto e a passagem da voz ativa/passiva/reflexiva. Na primeira o tempo verbal muda para adequar-se ao discurso, nesta, o tempo verbal deve ser conservado. Se eu estiver equivocada, corrijam-me, please!

  • MACETE: No discurso indireto há um distanciamento e no discurso direto uma aproximação do verbo.

  • Letras A e E estão iguais aqui ...

  • A letra A) e E) não estão iguais.

    Observa o tempo do verbo @Uilber S.R.

  • acho que, neste caso, não se altera o tempo verbal e ,sim, somente a pessoa, ou seja, da 1 ''EU'' para a 3 ''ELE'' !

    Isto ocorre somente nos tempos verbais não explícitos na norma padrão.