SóProvas


ID
3214966
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
SES-DF
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

         Idosos órfãos de filhos vivos são os novos desvalidos do século XXI


      Nestas últimas décadas, surgiu uma geração de pais sem filhos presentes, por força de uma cultura de independência e autonomia levada ao extremo, que impacta negativamente no modo de vida de toda a família. Muitos filhos adultos ficam irritados por precisarem acompanhar os pais idosos ao médico, aos laboratórios. Irritam-se pelo seu andar mais lento e suas dificuldades de se organizar no tempo, sua incapacidade crescente de serem ágeis nos gestos e decisões.

                              Separação e responsabilidade

      Nos tempos de hoje, dentro de um espectro social muito amplo e profundo, os abandonos e as distâncias não ocupam mais do que algumas quadras ou quilômetros que podem ser vencidos em poucas horas. Nasceu uma geração de “pais órfãos de filhos”. Pais órfãos que não se negam a prestar ajuda financeira. Pais mais velhos que sustentam os netos nas escolas e pagam viagens de estudo fora do país. Pais que cedem seus créditos consignados para filhos contraírem dívidas em seus honrados nomes, que lhes antecipam herança, mas que não têm assento à vida familiar dos mais jovens, seus próprios filhos e netos, em razão – talvez, não diretamente de seu desinteresse, nem de sua falta de tempo – da crença de que seus pais se bastam.

      Este estilo de vida, nos dias comuns, que não inclui conversa amena e exclui a “presença a troco de nada, só para ficar junto”, dificulta ou, mesmo, impede o compartilhamento de valores e de interesses por parte dos membros de uma família na atualidade, resulta de uma cultura baseada na afirmação das individualidades e na política familiar focada nos mais jovens, nos que tomam decisões ego-centradas e na alta velocidade: tudo muito veloz, tudo fugaz, tudo incerto e instável. O desespero calado dos pais desvalidos, órfãos de quem lhes asseguraria conforto emocional e, quiçá material, não faz parte de uma genuína renúncia da parte destes pais, que “não querem incomodar ninguém”, uma falsa racionalidade – e é para isso que se prestam as racionalizações – que abala a saúde, a segurança pessoal, o senso de pertença. É do medo de perder o pouco que seus filhos lhes concedem em termos de atenção e presença afetuosa. O primado da “falta de tempo” torna muito difícil viver um dia a dia em que a pessoa está sujeita ao pânico de não ter com quem contar.

                   A dificuldade de reconhecer a falta que o outro faz

Do prisma dos relacionamentos afetivos e dos compromissos existenciais, todas as gerações têm medo de confessar o quanto o outro faz falta em suas vidas, como se isso fraqueza fosse. Montou-se, coletivamente, uma enorme e terrível armadilha existencial, como se ninguém mais precisasse de ninguém. A família nuclear é muito ameaçadora. Para o conforto, segurança e bem-estar: um número grande de filhos não mais é bem-vindo, pais longevos não são bem tolerados e tudo isso custa muito caro, financeira, material e psicologicamente falando. Sobrevieram a solidão e o medo permanente que impregnam a cultura utilitarista, que transformou as relações humanas em transações comerciais. As pessoas se enxergam como recursos ou clientes. Pais em desespero tentam comprar o amor dos filhos e temem os ataques e abandono de clientes descontentes. Mas, carinho de filho não se compra, assim como ausência de pai e mãe não se compensa com presentes, dinheiro e silêncio sobre as dores profundas, as gerações em conflito se infringem. [...]. Diálogo? Só existe o verdadeiro diálogo entre aqueles que não comungam das mesmas crenças e valores, que são efetivamente diferentes. Conversar, trocar ideias não é dialogar. Dialogar é abrir-se para o outro. É experiência delicada e profunda de autorrevelação. Dialogar requer tempo, ambiente e clima, para que se realizem escutas autênticas e para que sejam afastadas as mútuas projeções. O que sabem, pais e filhos, sobre as noites insones de uns e de outros? 

      O que conversam eles sobre os receios, inseguranças e solidão? E sobre os novos amores? Cada geração se encerra dentro de si própria e age como se tudo estivesse certo e correto, quando isso não é verdade.

FRAIMAN, A. “Idosos órfãos de filhos vivos são os novos desvalidos do século XXI”. Disponível em <http://www.revistapazes.com/5440-2/. Acesso em 30 out. 2017. (Adaptado)

Em relação à classificação das orações destacadas, assinale a alternativa correta.

Alternativas
Comentários
  • Não entendi o erro da questão A, a oração esta sendo introduzida por pronome relativo, sem virgulas logo acreditei que era subordinada adjetiva restritiva

  • (A) (...) não se negam a prestar ajuda financeira. [se=conjunção integrante]

    Douglas Rocha, estamos diante de uma oração subordinada substantiva objetiva indireta reduzida de infinitivo.

    Alguém não se nega a isso.

  • ~Complemento:

    A) Em “[...] Pais órfãos que não se negam a prestar ajuda financeira.”, a oração destacada é subordinada adjetiva restritiva.

    Cuidado aí, colega! o termo grifado não é a partir do "QUE".

    Os pais órfãos se negam a //isso...

    B)

    Assindéticas = Sou Sem conjunção.

    Fica evidente o uso da conjunção "e".

    C) A explicativa tem vírgulas

    A restritiva não tem!

    D) .

    Realmente tem noção de finalidade faça uma troca:

    a fim de que...

    E) Mesma lógica da C)

    Sucesso, Bons estudos, Nãodesista!

  • Em tempo, belo texto...

  • No aplicativo não têm nada destacado, infelizmente.
  • Oi, Felipe de Jesus. Suas explicação tem um erro. A oração não é reduzida de infinitivo.

    A- Em “[...] Pais órfãos que não se negam a prestar ajuda financeira.”

    Como temos a conjunção "se", a oração não pode ser reduzida. Uma oração reduzida não apresenta conjunção.

    Além disso, se observarmos o verbo "negam", veremos que está conjugado na 3º pessoa do plural. Sua forma infinitiva seria "negar".

    Espero ter ajudado!

  • A resposta correta é a letra "C".

  • A: Subord. Subst. Objet. indireta

    B: Coord. Sindét. Aditiva

    D: Subord. Adverb. Final 

    E: Subord. Adverb. Causal 

    Logo, a opção correta é a C! 

  • EM DESTAQUE; NÃO ME ATENTEI AO DESTAQUE, E ACABEI INDO SECO NA A.

  • Samuel, a letra E) nao é causal e sim restritiva. Note q temos um pronome relativo. Abraço.
  • ,que,

    ,Que ambas exp.

    Que

    Que, ambas restritivas

    Aqui no qc.

  • Que texto profundo!!!

  • Gabarito : C

    >Orações coordenadas assindéticas -> Não tem conjunção  ->> Sou Sem Conjunção 

    >Orações coordenadas sindéticas -> tem conjunção

    -> são independentes sintaticamente

    Ex: Compareci às urnas, enfrentei uma enorme fila, mas não votei.

    Oração 1 (Oração Coordenada Assindética) = Compareci às urnas

    Oração 2 (Oração Coordenada Assindética) = enfrentei uma enorme fila

    Oração 3 (Oração Coordenada Sindética Adversativa) = mas não votei

  • ORAÇÃO COORDENADA tem independência sintática, pois todos os seus elementos sintáticos estão nela mesma.

    Podem ser: assindéticas (sem conjunção) ou sindéticas (com conjução).

    ORAÇÃO SUBORDINADA tem dependência sintática, pois um dos elementos sintáticos da oração principal está na oração subordinada.

    Oração subordinada adjetiva tem função de adjetivo, qualificando/caracterizando um termo contido na oração principal. Ela pode ser restritiva - sem vírgula-, ou explicativa - com vírgula-.

    ERA PARA SER UMA ANOTAÇÃO INDIVIDUAL/PARTICULAR, MAS O QC NÃO CONSEGUE RESOLVER MEU PROBLEMA COM AS ANOTAÇÕES (NUNCA SALVAM). QUEM SABE AGORA NÃO DÃO JEITO NISSO NÉ?

  • Douglas Rocha, pelo visto, o motivo do meu erro foi o mesmo que o seu. Nós consideramos tudo isso: "que não se negam a prestar ajuda financeira". Mas a assertiva é clara que só queria saber das orações destacadas. Desta forma, só deveríamos considerar somente este trecho: a prestar ajuda financeira. Esta oração é subordina substantiva objetiva indireta.

  • Oi, Felipe de Jesus. Suas explicação tem um erro. A oração não é reduzida de infinitivo.

    A- Em “[...] Pais órfãos que não se negam a prestar ajuda financeira.”

    Como temos a conjunção "se", a oração não pode ser reduzida. Uma oração reduzida não apresenta conjunção.

    Além disso, se observarmos o verbo "negam", veremos que está conjugado na 3º pessoa do plural. Sua forma infinitiva seria "negar".

    Espero ter ajudado!