SóProvas


ID
3215602
Banca
VUNESP
Órgão
Prefeitura de Peruíbe - SP
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia um trecho do conto “Tangerine-Girl”, de Raquel de Queiroz, para responder à questão.


      De princípio a interessou o nome da aeronave: não “zepelim” nem dirigível; o grande fuso de metal brilhante chamava-se modernissimamente blimp. Pequeno como um brinquedo, independente, amável. A algumas centenas de metros da sua casa ficava a base aérea dos soldados americanos e o poste de amarração dos dirigíveis. E de vez em quando eles deixavam o poste e davam uma volta, como pássaros mansos que abandonassem o poleiro num ensaio de voo. Assim, aos olhos da menina, o blimp1 existia como um animal de vida própria; fascinava-a como prodígio mecânico que era, e principalmente ela o achava lindo, todo feito de prata, librando-se2 majestosamente pouco abaixo das nuvens. Não pensara nunca em entrar nele; não pensara sequer que pudesse alguém andar dentro dele. Verdade que via lá dentro umas cabecinhas espiando, mas tão minúsculas que não davam impressão de realidade.

      O seu primeiro contato com a tripulação do dirigível começou de maneira puramente ocasional. Acabara o café da manhã; a menina tirara a mesa e fora à porta que dá para o laranjal, sacudir da toalha as migalhas de pão. Lá de cima um tripulante avistou aquele pano branco tremulando entre as árvores espalhadas e a areia, e o seu coração solitário comoveu-se. Vivia naquela base como um frade no seu convento – sozinho entre soldados e exortações patrióticas. E ali estava, juntinho ao oitão da casa, sacudindo um pano, uma mocinha de cabelo ruivo. O marinheiro agitou-se todo com aquele adeus. Várias vezes já sobrevoara aquela casa, vira gente entrando e saindo; e pensara quão distantes uns dos outros vivem os homens, quão indiferentes passam entre si, cada um trancado na sua vida. Ele estava voando por cima das pessoas, vendo-as e, se algumas erguiam os olhos, nenhuma pensava no navegador que ia dentro; queriam só ver a beleza prateada vogando3 pelo céu.

      Mas agora aquela menina tinha para ele um pensamento, agitava no ar um pano, como uma bandeira; decerto era bonita – o sol lhe tirava fulgurações de fogo do cabelo. Seu coração atirou-se para a menina num grande impulso agradecido; debruçou-se à janela, agitou os braços, gritou: “Amigo!, amigo!” – embora soubesse que o vento, a distância, o ruído do motor não deixariam ouvir-se nada. Gostaria de lhe atirar uma flor, um mimo. Mas que podia haver dentro de um dirigível da Marinha que servisse para ser oferecido a uma pequena? O objeto mais delicado que encontrou foi uma grande caneca de louça branca, pesada como uma bala de canhão. E foi aquela caneca que o navegante atirou; atirou, não: deixou cair a uma distância prudente da figurinha iluminada, num gesto delicado, procurando abrandar a força da gravidade, a fim de que o objeto não chegasse sibilante como um projétil, mas suavemente, como uma dádiva.

(Os cem melhores contos brasileiros do século. Org. Italo Moriconi – Objetiva, 2001. Adaptado)


1. blimp: dirigível

2. librando-se: flutuando, equilibrando-se

3. vogando: flutuando 

Na frase a seguir, as preposições destacadas contribuem para formar locuções adjetivas.


O objeto mais delicado que encontrou foi uma grande caneca de louça branca, pesada como uma bala de canhão. (3° parágrafo)


As preposições destacadas foram empregadas com essa mesma função nos trechos da alternativa:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA B

    ? caneca de louça branca, pesada como uma bala de canhão ? ambas preposições dão início ao adjunto adnominal (caracterizando o substantivo).

    ? o grande fuso de metal brilhante; o poste de amarração dos dirigíveis ? mesmo uso, caracterizando os substantivos "fusos" e "poste".

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    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! 

  • >Adjunto Adnominal<

  • Como acertei, não sei, só sei que acertei kkkkkkkkk

  • não lembro mais da regra, porém acertei porque aparentemente trata-se se substantantivos concretos que são caracterizados. salvo engano é a regra do ADJ. Adnominal.

  • Acertei com o seguinte raciocínio:

    Bala de canhão, não é a composição da bala, mas sim a finalidade, exatamente como em Poste de amarração, não é a composição do poste, mas sim a finalidade, a primeira parte parece que as três primeiras eram verdadeiras.

  • GABARITO : B

    >>> Adjunto Adnominal ( de louça branca / de canhão )

    >Termo que modifica SOMENTE o substantivo ( Concreto ou Abstrato ).

    >Em regra sem preposição.

    OBS: Aproveitando o ensejo, A diferença do Adjunto Adnominal para o Complemento Nominal é :

    >Termo NECESSARIAMENTE preposicionado

    >Completa ideia de - ADJETIVO / ADVÉRBIO / SUBSTANTIVO Abstrato

    >EX : A descoberta da América foi importante.

    = Descoberta ( Substantivo Abstrato, pois é o ato de descobrir )

    = da América ( é nosso Complemento Nominal, pois passa uma ideia passiva ( sofre a ação ) )

    Espero ter ajudado !

    Diante da dificuldade, substitua o não consigo pelo : Vou tentar outra vez ! 

    RUMO #PCPR

  • QC o "termo em destaque" é muito ruim.. poderiam colocar em cores.

  • Maano...

  • Assim como no enunciado as preposições da alternativas são nocionais, nas outras alternativas há preposição funcional/relacional.

    o grande fuso de metal brilhante; o poste de amarração dos dirigíveis

  • Nessa questão, o candidato deveria analisar o exemplo do enunciado e perceber que a preposição “de" serve ao propósito de unir dois substantivos aos seus respectivos adjuntos adnominais. Sendo assim, fazendo um breve esclarecimento, para reconhecer um adjunto adnominal iniciado por preposição, basta verificar se o substantivo ao qual ele se atrela é concreto ou abstrato. Sendo concreto – como no caso de caneca e bala – o que se segue é um adjunto adnominal, e não um complemento nominal, que se une apenas a substantivos abstratos, a adjetivos e a advérbios. Dito isso, basta agora procurar, entre as alternativas, em qual delas a locução adjetiva iniciada pela preposição “de" está atrelada a dois substantivos concretos.

    Nesse sentido, na letra A, o termo preposicionado “de prata" está atrelado ao adjetivo feito (ou forma nominal do verbo fazer, no particípio) e, logo em seguida, “de um dirigível" une-se a um advérbio. Logo, em ambos os casos temos um complemento nominal, e não um adjunto adnominal.

    Na letra B, o termo “de metal brilhante" une-se ao substantivo concreto “fuso" e, em seguida, “de amarração dos dirigíveis" une-se ao também substantivo concreto “poste". Logo, como ambas as locuções adjetivas (que recebem esse nome por caracterizar o substantivo ao qual se conecta) são adjuntos adnominais, temos já na letra B a opção correta.

    Na alternativa C, temos novamente o adjunto adnominal “de metal brilhante" unido ao termo “fuso". No entanto, logo depois, a preposição “de" é utilizada para introduzir uma locução adverbial de modo (de maneira puramente ocasional).

    A letra D traz a preposição “das" ligada ao termo “por cima", que tem o sentido de “na parte superior", indicando um ponto no espaço. Além disso, há a preposição “da" ligada ao substantivo abstrato “distância". Finalmente, na letra E temos exatamente o mesmo caso de “por cima" citado na letra D e a locução adjetiva “de cabelo ruivo" que funciona como adjunto adnominal de “mocinha". No entanto, para estar correta, ambos os casos deveriam se tratar de adjuntos adnominais.

     Sendo assim, a alternativa correta é a letra B.

    Gabarito do Professor: Letra B.

  • Obrigada!