SóProvas


ID
3232315
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
SES-PE
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

INFELICIDADES CONTEMPORÂNEAS


Marcia Tiburi – 31 de maio de 2017

    Faz tempo que ando pensando na felicidade como categoria ética. Longe da felicidade publicitária, da felicidade das mercadorias, me parece necessário manter esse conceito em cena devolvendo-lhe ao campo da análise crítica contra a ordem da ingenuidade onde ele foi lançado. Justamente porque o tema da felicidade foi capturado na ordem das produções discursivas, falar da felicidade se torna um desafio quando muita gente tenta transformá-la em uma bobagem, uma caretice, um assunto do passado.
    A felicidade é assunto do campo da ética. Em Aristóteles ela representa o máximo da virtude. Feliz acima de tudo é quem pratica a filosofia, mas na vida em geral, aquele que vive uma vida justa já pode ser feliz. Uma vida justa é uma vida boa, vivida com dignidade. Aquele que alcança um meio termo entre extremos e faltas sempre falsos, sempre destrutivos, sempre irreais, é alguém que pode se dizer feliz. A felicidade não é inalcançável, ela é busca bem prática que conduz a vida.
     Hoje, depois de uma aula sobre o tema, uma aula crítica e analítica, daquelas que revoltam os ressentidos e fortalecem os corajosos, uma pessoa que se anunciou tendo mais de 80 anos, me abraçou e me disse, “sua aula me deixou feliz”. Eu também fiquei feliz.

***

     Fico pensando no que o termo felicidade pode ainda nos dizer, quando, por meio de uma deturpação conceitual, localizamos a felicidade nas mercadorias, quando a confundimos com fantasias e propagandas.
   A felicidade sempre foi uma ideia e uma prática complexas. Sua complexidade remete a uma instabilidade inevitável. Em nossos dias, as pessoas falam muito da felicidade porque a desejam. E se a desejam é porque, de algum modo, podemos dizer que sonham com ela. Mas não podem pegá-la, comprá-la, obtê-la simplesmente e justamente porque ela não é uma coisa. Por isso, a ideia de felicidade não combina com a ideia de mercadoria. Como ideia, a felicidade é aberta e produz aberturas. Ela não cabe nas coisas, nem nas mais ricas, nem nas mais bonitas. Porque quando a felicidade está, ela é como a morte, as coisas, assim como a vida, já não estão.
    Há, no entanto, coisas que nos lembram ou nos iludem da ideia de felicidade, mas sempre o fazem como um ideal ou um simulacro. Ninguém pode ser feliz plenamente, mas sempre pode buscar ser feliz em uma medida muito abstrata que, no entanto, nos conecta à outras utopias. Não é sem sabedoria que, em vez de pensarmos em uma única felicidade, começamos há muito tempo a pensar em felicidades no plural. Se não se pode ser feliz no todo, que se seja em lugares, em setores da vida. Que se realize a felicidade relativa, contra uma felicidade absoluta. Abaixo os absolutos, diz todo pensamento razoável  .  
  Felicidades mil é o que desejamos àqueles que amamos. É um voto, apenas, um voto de fé que em tudo se confunde com a postura ética de quem deseja o bem ao outro. Felicidade, lembremos os filósofos antigos, era o sumo bem, o bem maior, o Bem com letra maiúscula. Uma coisa para inspirar, para fazer suportar as dores e sofrimentos da vida comum. [...].

Adaptado de: (https://revistacult.uol.com.br/home/marcia-tiburi-infelicidades-contemporaneas/).

Sobre o uso de vírgulas no texto, assinale a alternativa correta.

Alternativas
Comentários
  • A virgula deve ser usada para separar orações coordenadas adversativas, explicativas ou conclusivas e também quando vierem intercaladas no meio do no período(caso da questão).

    GABARITO. C

  • Em “Justamente porque o tema da felicidade foi capturado na ordem das produções discursivas, falar da felicidade se torna um desafio [...]”, o uso da vírgula se justifica porque se trata de um período composto por duas orações coordenadas, sendo uma delas explicativa.

    SUBORDINADAS

  • Qual é o erro da D, alguém poderia me explicar?

    Para mim é um adjunto adverbial deslocado, de até 3 palavras. ou seja, vírgula opcional.

  • A.adv deslocado:

    curto: até 2 palavras -- virgula facultativa

    longo: 3 ou mais palavras --- virgula obrigatória

  • A)

    Uma das utilizações das vírgulas é para separar orações que estão antepostas as orações principais.

    Quem mandou flores, ninguém ficou sabendo.

    falar da felicidade se torna um desafio Justamente porque o tema da felicidade foi capturado na ordem das produções discursivas.

    “Justamente porque o tema da felicidade foi capturado na ordem das produções discursivas, falar da felicidade se torna um desafio

    No caso em questão temos que ter noção de que no período composto por subordinação há uma relação de dependência entre os períodos , leia-se: Há um sentido de incompletude perceba:

    É necessário que vc venha.. se eu digo : - É necessário . A pergunta que se faz é : - o quê? Logo, observamos uma relação de dependência entre as orações. seguem a mesma lógica:

    falar da felicidade se torna um desafio.. Pq? porque o tema da felicidade foi capturado na ordem das produções discursivas...

    falar da felicidade se torna um desafio Justamente porque o tema da felicidade foi capturado na ordem das produções discursivas

    b)

    Termos em enumeração, mesma função sintática. Não existe esta discricionariedade.

    c) Virgulas antes de conjunções não são facultativas.

    d) Segundo a ABL= a partir de 3 ou mais palavras o adjunto adverbial não é de curta duração.

    e) Não é uma pontuação obrigatória.

    Sucesso, Bons estudos, Nãodisista!

  • que questao estranha

    alternativa C esta certa , mas aternativa D tambem esta....

  • A- sao uma oracao subordinada e uma principal

    B- em enumracao, nao se omitem virgulas

    C- isola uma locucao conjuntiva adversativa.correto

    D- a vírgula nao é opcional para adjunto adverbial de grande extensao no inicio da oracao

  • Letra D tbm está correta. É opcional quando temos um adjunto adverbial de até 3 palavras...

  • Assertiva C

    Em “Há, no entanto, coisas que nos lembram ou nos iludem da ideia de felicidade [...]”, a vírgula é de uso obrigatório, pois isola uma conjunção adversativa.

  • *Quando o adjunto adverbial é deslocado - a vírgula é facultativa. Ocorre a inversão sintática. * Só é obrigatória para evitar ambiguidade.
  • “Justamente porque o tema da felicidade foi capturado na ordem das produções discursivas, falar da felicidade se torna um desafio [...]”

    O período não seria composto por coordenação visto que as orações são sintaticamente independentes?

    "falar da felicidade se torna um desafio"

    porque

    "o tema da felicidade foi capturado na ordem das produções discursivas"

    Se estiver equivocado, por favor comentem!

  • Alguém poderia explicar o porquê da letra "d" estar incorreta? Não estou questionando a alternativa "c", foi a que marquei, mas fiquei com dúvida na "d" por considerar o termo separado por vírgula como adjunto adverbial anteposto de pequena extensão.

    Pelo que estudei, a própria gramática diverge o que seria "pequena extensão", uns dizem que seria até duas palavras, outros dizem que não tem um número certo definido.

  • Vamos pedir comentário do professor para nos ajudar!

  • Peróla Nery, a virgula é facultativa quando o adjunto adverbial estiver no inicio da frase.

    minha duvida mesmo foi letra A.

    As duas orações são coordenada, e a segunda é explicativa, eu entendi assim.

    Marquei a letra C, pois estava mais explicita..rsrs.. Mas fiquei com essa dúvida

  • Errei porque achei que no entanto seria loc conjuntiva, achei que era pegadinha da banca, acontece rs

  • Por que que a C está correta ? sendo que "no entanto" possui 2 palavras, ou seja, virgula facultativa. Não entendi o gabarito