SóProvas


ID
3251542
Banca
AOCP
Órgão
Prefeitura de Juiz de Fora - MG
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Considerações sobre a loucura

Ferreira Gullar


    Ouço frequentemente pessoas opinarem sobre tratamento psiquiátrico sem na verdade conhecerem o problema. É bacana ser contra internação. Por isso mesmo traçam um retrato equivocado de como os pacientes eram tratados no passado em manicômios infernais por médicos que só pensavam em torturá-los com choques elétricos, camisas de força e metê-los em solitárias.

    Por isso mesmo exaltam o movimento antimanicomial, que se opõe à internação dos doentes mentais. Segundo eles, os pacientes são metidos em hospitais psiquiátricos porque a família quer se ver livre deles. Só pode fazer tal afirmação quem nunca teve que conviver com um doente mental e, por isso, ignora o tormento que tal situação pode implicar.

    Nada mais doloroso para uma mãe ou um pai do que ter de admitir que seu filho é esquizofrênico e ser, por isso, obrigado a interná-lo. Há certamente pais que se negam a fazê-lo, mas ao custo de ser por ele agredido ou vê-lo por fim à própria vida, jogando-se da janela do apartamento.

    Como aquelas pessoas não enfrentam tais situações, inventam que os hospitais psiquiátricos, ainda hoje, são locais de tortura. Ignoram que as clínicas atuais, em sua maioria, graças aos remédios neuroléticos, nada têm dos manicômios do passado.

    Recentemente, num desses programas de televisão, ouvi pessoas afirmarem que o verdadeiro tratamento psiquiátrico foi inventado pela médica Nise da Silveira, que curava os doentes com atividades artísticas. Trata-se de um equívoco. A terapia ocupacional, artística ou não, jamais curou algum doente.

  Trata-se, graças a Nise, de uma ocupação que lhe dá prazer e, por mantê-lo ocupado, alivia-lhe as tensões psíquicas. Quando o doente é, apesar de louco, um artista talentoso, como Emygdio de Barros ou Arthur Bispo do Rosário, realiza-se artisticamente e encontra assim um modo de ser feliz.

   Graças à atividade dos internados no Centro Psiquiátrico Nacional, do Engenho de Dentro, no Estado do Rio, criou-se o Museu de Imagens do Inconsciente, que muito contribuiu para o reconhecimento do valor estético dos artistas doentes mentais. Mas é bom entender que não é a loucura que torna alguém artista; de fato, ele é artístico apesar de louco.

   Tanto isso é verdade que, das dezenas de pacientes que trabalharam no ateliê do Centro Psiquiátrico, apenas quatro ou cinco criaram obras de arte. Deve-se reconhecer, também, que conforme a personalidade de cada um seu estado mental compõe a expressão estética que produz.

   No tal programa de TV, alguém afirmou que, graças a Nise da Silveira, o tratamento psiquiátrico tornou-se o que é hoje. Não é verdade, isso se deve à invenção dos remédios neurolépticos que possibilitam o controle do surto psíquico.

   É também graças a essa medicação que as internações se tornaram menos frequentes e, quando necessárias, duram pouco tempo – o tempo necessário ao controle do surto por medicação mais forte. Superada a crise, o paciente volta para casa e continua tomando as doses necessárias à manutenção da estabilidade mental.

    Não pretendo com esses argumentos diminuir a extraordinária contribuição dada pela médica Nise da Silveira ao tratamento dos doentes mentais no Brasil. Fui amigo dela e acompanhei de perto, juntamente com Mário Pedrosa, o seu trabalho no Centro Psiquiátrico Nacional.

    Uma das qualidades dela era o seu afeto pelas pessoas e particularmente pelo doente mental. Eis um exemplo: como o Natal se aproximava, ela perguntou aos pacientes o que queriam de presente. Emygdio respondeu: um guarda-chuva.

    Como dentro do hospital naturalmente não chovia, ela concluiu que ele queria ir embora para casa. E era. Ela providenciou para que levasse consigo tinta e tela, a fim de que não parasse de pintar.

    Ele se foi, mas, passado algum tempo, alguém toca a campainha do gabinete da médica. Ela abre a porta, era o Emygdio, de paletó, gravata e maleta na mão. “Voltei para continuar pintando, porque lá em casa não dava pé.” E ficou pintando ali até completar 80 anos, quando, por lei, teve que deixar o hospital e ir para um abrigo de idosos, onde morreu anos depois.


(Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/ferreiragullar/2016/02/1741258-consideracoes-sobre-a-loucura.shtml)

É comum na língua portuguesa algumas palavras não apresentarem correspondência perfeita entre o número de letras (elemento gráfico) e o número de fonemas (elemento sonoro). Assinale a alternativa em que ocorre essa correspondência.

Alternativas
Comentários
  • Gab (D)

    O enunciado é muito confuso, mas dá para interpretá-lo da seguinte forma:

    "A opção em que temos o mesmo número de letras e fonemas."

    A) Hospital.

    8 Letras

    H= -1 = 7 Fonemas

    B) Chovia.

    6 Letras

    CH= dígrafo =-1= 5 Fonemas.

    c)

    Equivocado.

    10 letras

    Qu = Dígrafo = -1= 9 Fonemas

    D) Estabilidade.

    12 Letras

    12 Fonemas

    E) Alguém.

    6 Letras

    5 Fonemas

    Sucesso, Bons estudos, Nãodesista!

  • achei confuso o enunciado

  • TAMBÉM ACHEI CONFUSO.

  • Essa questão tá igual ao resto da minha vida: Não to entendo o que é para fazer!

  • Coisa de Cespe
  • Essa Banca é muito ruim, vou prestar concurso com a AOCP de responsável, é cada pergunta que eu vejo!
  • Eu errei mas lendo posteriormente com atenção realmente o que a banca pede é a correspondente ou seja o mesmo número de letras e fonemas.

  • Pensei que o enunciado (examinador) quisesse uma palavra que não apresentasse correspondência perfeita entre o número de letras (elemento gráfico) e o número de fonemas (elemento sonoro).

    O examinador estava bêbado nesse dia.

  • Confuso

  • pegadinha tem que ler com atencao eu cai

  • A banca AOCP AMA cobrar fonologia/ fonemas e letras! Estudem fonologia e não é difícil, vale a pena investir um tempinho estudando isso. Essa questão tava bem fácil, só tinha que ter atenção no enunciado.

  • achei confusa

  • Basicamente se pede para achar uma palavra em que o número de letras seja igual ao número de fonemas. Basta procurar a única que não tem dígrafo e nem a letra "h". Gab D.

  • Gabarito (D)

    A) Hospital. H/o/s/p/i/t/a/l 8 Letras O/s/p/i/t/a/l 7 Fonemas.

    B) Chovia. C/h/o/v/i/a 6 Letras X/o/v/i/a 5 Fonemas.

    c) Equivocado. E/q/u/i/v/o/c/a/d/o 10 letras E/k/i/v/o/c/a/d/o 9 Fonemas.

    D) Estabilidade. E/s/t/a/b/i/l/i/d/a/d/e 12 Letras E/s/t/a/b/i/l/i/d/a/d/e 12 Fonemas

    E) Alguém. A/l/g/u/e/m 6 Letras  A/l/g/e/m 5 Fonemas.

    Na língua portuguesa, o dígrafo qu designa som de /k/ antes de e ou i e som de /ku/ antes de a ou o. Exemplos: qu com som de /k/ (u não é pronunciado): queijo, quindim, quintal, quente, quilo, questão, química. qu com som de /ku/ (u é pronunciado): quando, quarto, quociente.

    Na língua portuguesa o dígrafo gu designa som de /g/ antes de e ou i (nesta caso u não é pronunciado) e som de /gu/ antes de a ou o. Exemplos:

    gu com som de /gu/ (u é pronunciado): guarda, guardanapo, guaraná.

    gu com som de /g/ (u não é pronunciado): guerra, guitarra, alguém.

  • Tem que ter muita atenção com o enunciado...

  • Dilma que fez, com certeza.

  • Questão mais confusa essa...

  • Ficou confuso devido o enunciado. Prestem atenção no enunciado, eu errei por conta dele. Ele quer saber a que não tem dígrafo, ou seja, a que o n° de letra e fonemas são iguais. Ele não quer saber a que tem dígrafo. malandro, ele confirmou o significado de dígrafo e depois perguntou o que não possui dígrafo. QUESTÃO TOP PRA APRENDER MANEIRAS DIFERENTES DE COBRANÇA.
  • Enunciado confuso. Tem que ter bastante atenção ao que ele pede. No caso Assinale a alternativa em que ocorre essa correspondência. (Correspondência essa entre o número igual de letras e fonemas).

  • Resolvi a questão analisando as alternativas, porque se eu fosse pelo enunciado até agora eu não entenderia. Parece o ministro da educação digitando. KKKKKK

  • GABARITO D

    D) Estabilidade.

    12 Letras

    12 Fonemas

  • Pegadinha! O enunciado fala sobre a não correspondência das letras e fonemas.

    Mas a questão quer saber em qual há correspondência (igualdade) entre letras e fonemas.

    estabilidade é a única que se encaixa!

  • respondi em menos de 5 segundos

  • Simplificando o comando da questão ficaria: Qual a palavra que não inicia por "h"e não possui dígrafos ou dífonos (esse seria o caso em que o número de letras seria igual ao número de sons)

    Gabarito, Letra D

    E.s.t.a.b.i.l.i.d.a.d.e. → 12 letras / 12 fonemas

    RESUMINHO

    1. O "h" não é pronunciado quando inicia a palavra, apenas, o som da vogal que o segue, sendo assim não é contado como fonema, apenas letra:

    hospital (som do "o") / humor (som do "u") / herói (som do "e") / humano (som do "u")

    2. Dígrafos: duas letras juntas emitem um único som (no encontro consonantal duas consoantes juntas emitem cada um o seu próprio som. Exemplo: prato, costa, freio).

    >>>Dígrafos Consonantais (rr, ss, sc, sç, xc, xs, nh, ch, lh, qu e gu )

    Exemplos:

    ss = s -> p.a.ss.a.r. (6 letras / 5 fonemas)

    ch = x -> ch.u.v.a. (5 letras / 4 fonemas)

    qu (com o "u" mudo) = k - > f.a.qu.e.i.r.o (8 letras / 7 fonemas)

    gu (com o "u" mudo) = g - > gu.e.rr.a (6 letras / 4 fonemas)

    á.g.u.a -> não á dígrafo, pois o "u" é pronunciado (4 letras / 4 fonemas)

    a.q.u.o.s.o -> não á dígrafo, pois o "u" é pronunciado (6 letras / 6 fonemas)

    >>>Dígrafos Vocálicos - vogal seguida de "m" ou "n" como nasalizadores; "m" e "n" nesse caso não emitem sons próprios

    am = ã -> c.am.p.o (5 letras / 4 fonemas)

    on = õ -> p.on.t.o (5 letras / 4 fonemas)

    ***camelo -> não é dígrafo, pois, "m" emite som próprio***

    *** Se vierem no final da palavra (falam, sabem...) não é dígrafo vocálico, mas ditongo nasal

    3. Dífonos: Ao contrário do dígrafo, ocorre quando uma letra emite mais de um som. Ocorre apenas no caso em que "x" emite o som de "ks":

    Exemplo:

    f.a.x (3 letras / 4 fonemas)

    m.á.x.i.m.o -> "x" emite apenas um som, então, não há dífono (6 letras / 6 fonemas)

  • Questão mt mal formulada.....

  • Examinador mais virado de pó que o Fábio Assunção

  • Examinador mais virado de pó que o Fábio Assunção

  • A questão foi mal formulado o comando induzindo ao erro.

  • pelo que venho treinado sobre

    AOCP,

    ela gosta de botar umas pegadinhas, repara no enuciado...

    É comum na língua portuguesa algumas palavras não apresentarem correspondência perfeita entre o número de letras (elemento gráfico) e o número de fonemas (elemento sonoro). Assinale a alternativa em que ocorre essa correspondência.

    já cai uma vez, não caio mais kkkkk

    "um cavaleiro de bronze não cai 2x no mesmo golpe"

  • Essa questão é definitivamente fácil, pois das cinco alternativas fica evidente qual possui 12 fonemas e 12 letras, mas o enunciado é péssimo e induz o candidato ao erro. Caí na "pegadinha" e assinalei a palavra que não apresentava a correspondência...

  • Se o enunciado induz a erro, ele é um bom enunciado, aprende a perceber a matéria cobrada na questão!

  • enunciado derrubou

  • Confuso o enunciado mas a questão não é dificil. fui no chute