Um dos livros mais controversos do sociólogo francês Pierre Bourdieu é, sem dúvidas, Sobre a Televisão, lançado em 1997. A obra foi bastante criticada pela imprensa francesa da época, mesmo se tornando rapidamente outro best seller do autor. Na análise empreendida, Bourdieu (1997) compreende o jornalismo como um campo e com lógicas e regras muito particulares. Seu olhar enfoca, sobretudo, a televisão e seu potencial como meio de comunicação de massa. Vale ressaltar que o autor tece suas reflexões numa época (anos 1990) em que a televisão ocupava uma posição ainda mais hegemônica em relação aos demais meios. A seguir, destaco alguns aspectos centrais desse livro.
O campo, conforme sustenta o autor, é um espaço estruturado, com diversas forças e onde há dominantes e dominados. As relações constantes no interior dos campos (marcadas pela desigualdade) envolvem lutas para conversar ou transformar esse espaço. O conceito de campo é importante porque permite refletirmos sobre as práticas sociais como lugares de produção simbólica. Ao tratar especificamente da prática jornalística, Bourdieu (1997) descreve uma série de mecanismos inerentes ao funcionamento do jornalismo, que possui uma autonomia ambígua e uma dupla dependência (aos campos político e econômico). O campo jornalístico é, portanto, um microcosmo que possui leis próprias que definem sua posição no mundo global, dependendo das relações de atração ou repulsão que sofre de outros microcosmos (BOURDIEU, 1997).
No jornalismo apesar existir diversas forças de controles, necessariamente, ele não foi estruturado para servir sistemas dominantes, apesar de ser usado por eles.