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ID
3303946
Banca
UFMA
Órgão
UFMA
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto 02

Era uma vez a menina que não era bela nem recatada e muito menos do lar

Por Karen Curi

Sexta-feira à noite. Numa mesa de bar, três amigas entornavam as suas perturbações em taças de vinho sobre a máxima, tão mínima, da "bela, recatada e do lar”.
— Já passamos dos trinta, estamos beirando os 40, se a gente ficar uma semana sem treinar a calça não fecha. Temos manchas de sol, rugas em volta dos olhos, celulite, estrias. Fazemos sexo no primeiro encontro, saímos para beber sem hora pra voltar. Trabalhamos feito burro de carga: em casa, no escritório, fins de semana e feriados. Gente, nós somos a antítese desse tipo de mulher. Eu confesso aqui, tenho até uma ponta de inveja. (...)
O circo pegou fogo. Uma bateu no peito para enaltecer a independência financeira conquistada com pós-graduação e mestrado. A outra disse que não precisava de um marido rico para ser feliz, e que até se orgulhava de sua vasta experiência amorosa. Aquelas mulheres se encontravam na encruzilhada da realidade com a expectativa. O tempo passou e elas não haviam se transformado em princesas.
Mas tornar-se princesa era algo realmente desejado? Seria a salvação de uma existência pagã? Chegaram à conclusão de que tinham deixado para trás alguns sonhos e hormônios. Carregavam uns quilos a mais, o colesterol alto e uma cartela de Rivotril. Ok. Mas isso não tornava aquelas três mulheres feias ou menos descentes. Muito pelo contrário.
Pior do que a taxa glicêmica, a alta do dólar, o preço da gasolina, a declaração do imposto de renda, o novo treino de glúteo, a mamografia que precisou ser repetida e o ex-noivo que se casou com uma menina de 20 anos, bem pior do que as rotineiras desgraças de cada dia era a constatação que a sociedade ainda exigia que elas fossem “belas, recatadas e do lar”, tal como as moças do período Anglo-saxão. Pelo amor de Deus e sua divina misericórdia pelas mulheres pós-modernas!
Aquelas almas, encharcadas de desalento, estavam tomadas pela ideia de que o tempo continuava sendo o pior inimigo de uma mulher; mais cruel que o chefe, mais sádico que o ex-noivo e mais subversivo que a vizinha do apartamento de baixo. Como poderiam ter conquistado o mundo e ainda serem diminuídas ao estereótipo da princesa do castelo cor-de-rosa? O tempo havia percorrido seus pensamentos e corpos, tornaram-se mulheres maduras, seguras, independentes, suficientes, fortes. Como é possível insinuar para que caibam em modelagens frágeis, plásticas, consentidas, próprias às senhoritas de outros carnavais?
Só porque tinham lá as suas imperfeições estéticas, viviam as suas experiências afetivas e trabalhavam como gente grande, isso não poderia deixá-las fora do balaio das mulheres desejadas. O tempo, inimigo da lei da gravidade, não poderia — ainda por cima — baixá-las junto ao pó dos seres indesejáveis, inapropriados e imorais. Caramba! Seria muita injúria!
Apesar dos pesares, restara um gole de autoestima no fundo da garrafa. Um bafo com teor alcoólico acentuado soprava o raciocínio dos ébrios. Uma delas, no auge da sabedoria que só o vinho é capaz de prover, encerrou a quarta garrafa com a conclusão mais conveniente possível:
— Prefiro ser feliz do meu jeito, do que ser triste tentando ser uma princesa que eu não sou!
Chegaram à conclusão de que eram tão belas quanto à moça da foto. Entretanto, orgulhosamente espalhafatosas, presumidas empregadoras e muitas outras coisas mais.
E assim foram felizes no para sempre daquele momento. Fim.

Disponível em: http://www.revistahula.com

No que se refere às relações sintagmáticas, o termo em destaque em: "Numa mesa de bar, três amigas entornavam as suas perturbações em taças de vinho sobre a máxima, tão mínima, da "bela, recatada e do lar", pode ser considerado:

Alternativas
Comentários
  • Gabarito D

    "Numa mesa de bar, três amigas entornavam as suas perturbações em taças de vinho sobre a máxima, tão mínima, da "bela, recatada e do lar"

    ⇢ O numeral cardinal "três" indica um determinante para quantidade de amigas e concorda em gênero e número.

  • Estranho,

    Para mim, os termos ao redor do núcleo, também eram considerados como parte do sintagma nominal, ou não?

    Fonte Pestana, p. 510

  • Eu não entendi a questão o três sintaticamente é adjunto adnominal faz parte do sintagma nominal e realmente é um determinante.

  • sintagma = palavra que define o sujeito

    determinante = explicita o sujeito

    A) Sintagma adjetival

    a palavra "três" não está qualificando o sujeito

    B) Sintagma nominal

    a palavra "três" por não se tratar de substantivo, adjetivo ou advérbio não poderia ser considerada nominal

    C) Sintagma verbal

    a palavra "três" não possui ação, estado ou fenômeno natural

    D) Determinante

    sim, o determinantes explicita sujeito

    quem estava na numa mesa de bar ? Três amigas

    E) Elemento modificador

    ela não modifica o sujeito nem a oração mas sim determina quem é o sujeito

  • Gabarito letra D

    determinante acompanha o nome. Dessa forma, ilustraremos as ocorrências linguísticas por meio de exemplos. Veja:

    O garoto se encontrava radiante.

    Aquele garoto se encontrava radiante.

    Muitos garotos se encontravam radiantes.

    Quatro garotos se encontravam radiantes.

    Os termos em destaque nos enunciados se caracterizam, respectivamente, por artigo, pronome demonstrativo, pronome indefinido e numeral cardinal.

    Portanto, a conclusão a que chegamos se refere ao fato de que o determinante pode ser representado por essas classes que se fizeram evidentes nos enunciados em questão.  

    Fonte: https://mundoeducacao.uol.com.br/gramatica/determinante.htm