SóProvas


ID
3322981
Banca
FUNDEP (Gestão de Concursos)
Órgão
Prefeitura de Uberaba - MG
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir para responder à questão.


O homem que sabe


Para Anatol Rosenfeld, a concretização de muitas ideias kantianas apenas esboçadas coube a Schiller, especialmente no domínio da estética.

O homem, pensa Friedrich Schiller, é determinado pelas forças da natureza e, na grande maioria das vezes, perde para ela. A única liberdade humana consiste em não se deixar escravizar, o que implica exercer o senso moral por meio da linguagem e do pensamento. A capacidade humana de criar valores representa o domínio próprio do homem; eles são o modo humano de se contrapor à natureza, por isso não derivam da necessidade, mas da liberdade. É por “claro saber e livre decisão” que o homem troca o estatuto de independência, no estado natural, pelo do contrato, no estado moral.

No entanto, esta contraposição entre a natureza de um lado e o homem de outro se compõe com um combate que pode aniquilar o homem, porque gera uma luta sem fim. Somente o senso estético, ele diz, como um terceiro caráter, pode fazer a ponte entre estes dois domínios; é ele que desfaz esta polaridade, porque aproxima o que a razão afasta. Se a razão teórica precisa decompor, separar, o senso estético se caracteriza por compor, aproximar. O senso estético existe para reunir o que a razão teve de separar.

Enquanto apenas luta contra a natureza, por meio do conhecimento que fragmenta o mundo tentando conhecê-lo ou dominá-lo, o homem perde, porque, em última instância, é sempre finito, mortal. Mas ele pode, auxiliado pelo senso estético, não lutar contra o mundo, o que implica em não fragmentá-lo, mas se ver inserido nele e, fortalecido pelo sentimento de pertencimento, tornar-se capaz de lidar com as perdas. A faculdade do juízo, diz Kant, é a capacidade de pensar o particular contido no universal, por isso somente ela é capaz de desfazer a unidade fictícia e provisória do sujeito particular, reinserindo-o na totalidade que o sustenta e alimenta. É a sua consciência individual, ou seja, é o saber de si como provisório que o faz sofrer. Quando o homem se sente inserido no todo, o sofrimento particular perde importância e ele, então, não sucumbe e vence a natureza, não pela força, mas pelo puro exercício da liberdade moral, que fortalece, amplia, alarga a alma.

[...]

MOSÉ, Viviane. O homem que sabe. In: ARRAIS, Rafael.

Schiller e a dimensão estética. Textos para reflexão. Disponível em: 

<http://zip.net/bnsbWn>. Acesso em: 13 out. 2015 (Adaptação).

Releia o trecho a seguir.

“No entanto, esta contraposição entre a natureza de um lado e o homem de outro se compõe com um combate que pode aniquilar o homem, porque gera uma luta sem fim.”

“No entanto” e “porque”, presentes nesse trecho, podem ser substituídos, sem prejuízo do sentido original, respectivamente, por:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA B

    ? ?No entanto, esta contraposição entre a natureza de um lado e o homem de outro se compõe com um combate que pode aniquilar o homem, porque gera uma luta sem fim.?

    ? Temos uma conjunção coordenativa adversativa e logo após uma conjunção coordenativa explicativa, queremos esses dois sentidos, respectivamente:

    A) ?portanto? e ?porquanto? ? conjunção coordenativa conclusiva, não queremos ideia de conclusão.

    B) ?todavia? e ?pois? ? correto, conjunção coordenativa adversativa e explicativa, respectivamente.

    C) ?conquanto? e ?por tanto? ? conjunção subordinativa concessiva, não queremos ideia de concessão.

    D) ?já que? e ?mesmo que? ? conjunção subordinativa causal, não queremos ideia de causa.

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    ? FORÇA, GUERREIROS(AS)!! 

  • No entanto” é conjunção coordenativa adversativa e “porque” é conjunção coordenativa explicativa.

    Conjunções coordenativas adversativas: têm valor semântico de oposição, contraste, adversidade, ressalva ...

    São elas: mas, porém, entretanto, todavia, contudo, no entanto, não obstante, inobstante, senão (= mas sim)...

    Ex.: Não estudou muito, mas passou nas provas.

    Conjunções coordenativas explicativas: têm valor semântico de explicação, justificativa, motivo, razão ...

    São elas: porque, pois (antes do verbo), porquanto, que...

    Ex.: Vamos indo, porque já é tarde.

    .

    A “portanto” e “porquanto”.

    Portanto é conjunção coordenativa conclusiva. Porquanto é conjunção coordenativa explicativa.

    Conjunções coordenativas conclusivas: têm valor semântico de conclusão, fechamento, finalização ...

    São elas: logo, portanto, por isso, por conseguinte, pois (posposto ao verbo), então, destarte, dessarte...

    Ex.: Estudamos muito, portanto passaremos no concurso.

    B “todavia” e “pois”.

    Todavia é conjunção coordenativa adversativa. Pois é conjunção coordenativa explicativa

    C “conquanto” e “por tanto”.

    Conquanto é conjunção subordinativa concessiva.

    Por tanto é uma sequência formada pela preposição por e pela palavra tanto, que pode ser um pronome indefinido, um adjetivo, um advérbio ou um substantivo. Por tanto indica uma quantidade ou um valor indeterminado. É sinônimo de: por muito, por tamanho, por tal quantidade, por tal número, por tão grande… Ex.: Por tanto incentivo, passei na prova.

    Conjunções subordinativas concessivas: têm valor semântico de concessão, contraste, consentimento, licença, quebra de expectativa...

    São elas: (muito) embora, ainda que, se bem que, mesmo que, mesmo quando, posto que, apesar de que, conquanto, malgrado, não obstante, inobstante...

    Ex.: Embora discordasse, aceitei sua explicação.

    D “já que” e “mesmo que”.

    Já que é conjunção subordinativa causal. Mesmo que é conjunção subordinativa concessiva.

    Conjunções subordinativas causais: têm valor semântico de causa, motivo, razão...

    São elas: porque, porquanto, como, uma vez que, visto que, já que, posto que, por isso que...

    Ex.: Já que você está estudando bastante, suas chances de passar em concurso são enormes.

    Gabarito: Letra B