SóProvas


ID
3348142
Banca
IDECAN
Órgão
Câmara de Natividade - RJ
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                  Música para todos


      Após tantos anos ouvindo, apreciando e lendo sobre música, cheguei à conclusão de que a música clássica é a suprema arte do gênero humano.

      Diferentemente das outras artes, como literatura, pintura, escultura, e independentemente de qualquer época, estilo ou escola, ela pode ser apreciada, admirada, curtida o tempo todo. Ao contrário de outros gêneros musicais, a suavidade dos clássicos, permite a leitura, o trabalho, o passeio. Na companhia de tão maravilhoso som, é possível arrumar a casa, cuidar dos filhos e, sobretudo, desenvolver as mais nobres das atividades: pensar, meditar e contemplar. É muito difícil, ou quase impossível, fazer tantas atividades sob os acordes de um samba, de um jazz ou de um rock. A música clássica é o caminho mais curto para o firmamento.

      O genial Mário Henrique Simonsen (1935-1997) disse que a tecnologia permite ao ouvinte, mesmo àquele não necessariamente versado em leitura musical da ópera ou apenas da música erudita, ter a perfeita compreensão da obra.

      “O perigo, aí, é se apaixonar e querer ouvi-la todo dia, ou quase. A paixão pela música, de fato, cria uma forma de dependência psicológica. Só que essa dependência leva à felicidade, e não à autodestruição.” Como de hábito, sábias palavras de Simonsen.

      Aprecio a generosidade da música. Ela se dá ao pobre, ao rico, ao culto ou ao iletrado. É universalmente acessível. Só é necessária alguma sensibilidade, e se abrirá um mundo maravilhoso que muitos jamais pensaram existir, dentro e fora de si mesmos.

      Como explicou Simonsen, não é necessário ser um conhecedor ou um especialista em iniciação à música. Bastam a delicadeza e a capacidade de se apreciar tons suaves e melódicos.

      As mais elementares músicas clássicas vão brincar com seu coração. Mozart dizia a respeito de Haydn: “Ele sozinho tem o segredo de me fazer sorrir e tocar no fundo a minha alma”.

      Os clássicos nos ensinam: é um lindo aprendizado, desde os instrumentos que compõem uma orquestra, os compositores, suas vidas, suas obras, as épocas, os locais e as circunstâncias que viveram. Sem falar dos maestros, dos músicos e dos cantores. Que homens! Que gênios!

      Após se acostumar com a sonoridade, com a melodia, com a harmonia dos instrumentos, surge algo de uma beleza extraordinária. A voz humana. Seja ela masculina, seja ela feminina, alta ou baixa, grave ou aguda, superará qualquer instrumento musical. É fato que existe uma presença masculina maior entre os compositores, músicos e maestros, embora na voz as mulheres sejam insuperáveis.

      Sabemos que a produção dos clássicos é finita, assim como o foi a escola holandesa de pintura clássica. Os tempos são outros, e há espaço para a convivência, não de dezenas, mas de centenas de gêneros musicais diferentes, alguns de gosto duvidoso. Por isso, afirmo que não se faz, nem se fará, mais música clássica; mas é compreensível diante dos novos tempos, da velocidade da vida e dos valores atuais. Ainda que não consigamos a produção de um século XVII ou XVIII ou XIX, resta-nos um consolo: os compositores do passado fizeram um imenso repertório. Temos um enorme acervo de clássicos para serem ouvidos por toda a vida. Vale a pena ficar dependente, como propôs Simonsen, de uma arte que leva à felicidade suprema.

(Nelson Tanure, empresário, foi vice-presidente da Fundação Orquestra Sinfônica do Brasil –OSB – Jornal do Brasil – 10 de janeiro de 2015.)

Pode-se sinalizar o vínculo semântico entre o segundo e terceiro períodos do 10º parágrafo do texto, introduzindo este último por

Alternativas
Comentários
  • Em fragmento, o 10º parágrafo é este e os parágrafos 2º e 3º estão em negrito: "O Sabemos que a produção dos clássicos é finita, assim como o foi a escola holandesa de pintura clássica. Os tempos são outros, e há espaço para a convivência, não de dezenas, mas de centenas de gêneros musicais diferentes, alguns de gosto duvidoso (...)".

    Nota-se que o primeiro (os tempos são outros) é causa para que haja "espaço para a convivência", isto é, estabelece-se relação de causa e consequência. A conjunção "assim", portanto, pode ser inserida: "Os tempos são outros. Assim, há espaço para a convivência (...)".

    Letra A

  • Note que a banca dá uma alternativa dupla ("ademais", da alternativa C, é sinônimo de "não obstante", da alternativa D). Isso basta para desqualificar o avaliador.

    Não é implicância minha, a IDECAN tem esse vício. Veja a seguinte questão de um ano antes, na qual há a dupla alternativa "Porém-Todavia":

    https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/46495899-41

  • CONJUNÇÕES COORDENADAS CONCLUSIVAS

    LOGO, PORTANTO, POR ISSO, POR CONSEGUINTE, ASSIM, ENTÃO, ENFIM, POR FIM, EM VISTA DISSO, DESTARTE, DESSARTE.

    .....

    RETIFICANDO O COMENTÁRIO DO COLEGA ORLANDO GUIMARÃES

    ADEMAIS É UMA CONJUNÇÃO COORDENADA ADITIVA

    NÃO OBSTANTE PODE SER COORDENADA ADVERSATIVA OU SUBORDINADA CONCESSIVA A DEPENDER DO MODO VERBAL.

    ADEMAIS ACRESCENTA ALGO AO QUE JÁ FOI REFERIDO.

    SINÔNIMOS DE ADMAIS:

    além disso, além do mais, além de que, além do que, além disto, etc.

    NÃO OBSTANTE SERÁ COORDENADA ADVERSATIVA QUANDO:

    1° QUANDO PASSAR UMA IDEIA DE AÇÃO HABITUAL.

    2° O VERBO ESTARÁ NO MODO INDICATIVO.

    NÃO OBSTANTE SERÁ SUBORDINADA CONCESSIVA QUANDO:

    1° QUANDO INDICAR UMA IDEIA DE AÇÃO POSSÍVEL.

    2° O VERBO ESTARÁ NO MODO SUBJUNTIVO.

  • A questão é sobre conjunções e quer saber qual conjunção pode sinalizar o vínculo semântico entre o segundo e terceiro períodos do 10º parágrafo do texto. Vejamos: 

     .

    Segundo e terceiro períodos do 10º parágrafo do texto: " Sabemos que a produção dos clássicos é finita, assim como o foi a escola holandesa de pintura clássica. Os tempos são outros, e há espaço para a convivência, não de dezenas, mas de centenas de gêneros musicais diferentes, alguns de gosto duvidoso. (2º período) Por isso, afirmo que não se faz, nem se fará, mais música clássica; mas é compreensível diante dos novos tempos, da velocidade da vida e dos valores atuais.(3º período)".

     .

    Conjunções coordenativas são as que ligam orações sem fazer que uma dependa da outra, sem que a segunda complete o sentido da primeira. As conjunções coordenativas podem ser: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e explicativas.

     .

    A) assim.

    Certo. Entre o 2º e o 3º período, foi usada a conjunção coordenativa conclusiva "por isso". Dessa forma, podemos utilizar a conjunção "assim", que também é coordenativa conclusiva.

    Conjunções coordenativas conclusivas: têm valor semântico de conclusão, fechamento, finalização...

    São elas: logo, portanto, por isso, por conseguinte, pois (depois do verbo), então, assim, destarte, dessarte...

    Ex.: Estudamos muito, assim passaremos no concurso.

     .

    B) contudo.

    Errado. "Contudo" é conjunção coordenativa adversativa.

    Conjunções coordenativas adversativas: têm valor semântico de oposição, contraste, adversidade, ressalva...

    São elas: mas, porém, entretanto, todavia, contudo, no entanto, não obstante, inobstante, senão (= mas sim)...

    Ex.: Não estudou muito, mas passou nas provas.

     .

    C) ademais.

    Errado. "Ademais" é conjunção coordenativa aditiva.

    Conjunções coordenativas aditivas: têm valor semântico de adição, soma, acréscimo...

    São elas: e, nem (e não), não só... mas também, mas ainda, como também, bem como, senão também, ademais, outrossim...

    Ex.: Estudaram muito e passaram no concurso.

     .

    D) não obstante.

    Errado. "Não obstante" é conjunção coordenativa adversativa.

     .

    Gabarito: Letra A 

  • Qual seria o 2º e 3º período do parágrafo??