SóProvas


ID
3385132
Banca
IBADE
Órgão
Prefeitura de Aracruz - ES
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                  A MAGIA DAS CÉLULAS


      Quando eu tinha sete anos de idade, subi em uma caixa na sala de aula para espiar pela lente de um microscópio.

      Para minha decepção, a única imagem que vi foi a da luz refletida. Aos poucos consegui conter minha ansiedade e ouvir as explicações da senhora Novak sobre como regular o foco. Então, algo tão dramático aconteceu que modificou completamente minha vida: vi um protozoário. Fiquei hipnotizado. O barulho das outras crianças ficou distante e me senti sozinho na sala. Todo o meu ser pareceu mergulhar no mundo alienígena das células, algo que até hoje é mais interessante para mim do que qualquer filme feito por computador.

      Na inocência de minha mente infantil, eu via aquele organismo não como uma célula, mas como uma pessoa em tamanho diminuto, um ser pensante e consciente. Para mim, ele não estava nadando a esmo, mas sim cumprindo uma missão, embora eu não soubesse como descrever isso tudo naquela época. Fiquei observando seus movimentos ao redor de um grupo de algas. Nesse instante, o grande pseudópodo de uma ameba desengonçada também começou a se mover. (...)

    Naquela tarde corri para casa e contei, esbaforido, minha descoberta à minha mãe. Usando todos os poderes de persuasão que a idade me permitia, implorei e bajulei até conseguir que ela comprasse um microscópio para mim. Passava horas maravilhado com aquele mundo alienígena do outro lado da lente.

      Mais tarde, na faculdade, passei a usar um microscópio eletrônico, mil vezes mais potente. A diferença é mais ou menos como a dos telescópios que os turistas usam para ver cenas da cidade do alto dos edifícios comerciais em relação aos do tipo Hubble, que transmitem imagens do espaço sideral.

      Entrar na ala de microscópios de um laboratório é como uma cerimônia iniciática para estudantes que aspiram a se tornar biólogos. O portal desse mundo maravilhoso é uma porta giratória preta como aquelas que isolam as salas escuras de revelação de filmes fotográficos.

      Até hoje me lembro da primeira vez que passei por ela. Era uma divisória entre dois mundos: minha vida de estudante e meu futuro como cientista pesquisador. Quando a porta terminou de girar, eu me vi em uma sala grande e escura, iluminada apenas por pequenas lâmpadas vermelhas de segurança. Enquanto meus olhos se adaptavam à escuridão, fiquei assombrado com o que vi. As luzes vermelhas refletiam a superfície espelhada de uma imensa coluna de aço inoxidável com lentes eletromagnéticas que subiam até o teto no centro da sala e na base da coluna havia um grande painel de controle que lembrava os de um Boeing 727, cheio de chaves, botões, medidores e luzes indicadoras.(...) Tive a nítida impressão de estar entrando na sala de comando da nave U.S.S. Enterprise. Mas aparentemente aquele era o dia de folga do capitão Kirk, pois quem estava à frente dos comandos era um dos meus professores, ocupado com o complexo processo de colocar uma amostra de tecido orgânico em uma câmara de vácuo no centro da coluna de metal.

    Enquanto os minutos passavam, comecei a ter a mesma sensação que tive aos sete anos de idade, quando vi uma célula pela primeira vez. (...)

                                  (LIPTON, Bruce H. A biologia da crença. Texto adaptado.)

A alternativa em que o sinal indicativo da crase foi empregado INCORRETAMENTE é:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA D

    ? Queremos a alternativa empregada incorretamente:

    ? Referiu-se à moças abandonadas pela sorte ? referiu-se a alguém (=preposição "a"), mas temos um substantivo feminino no plural, o correto é "às moças".

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    ? FORÇA, GUERREIROS(AS)!! 

  • Com a regra geral da crase, responde-se não somente a essa questão, mas como a todas. Para o professor Celso Pedro Luft, ensinam regras e, por isso mesmo, as pessoas comentem erro quando se trata de crase. Partindo do princípio que considera inútil um compêndio com regras engessadas e lições mecânicas para justificar o fenômeno, o professor afirma sumariamente que a regra a ser observada é uma só:

    Acentua-se o "a" duplo (a + a → à)

    a) Sentaram-se todos à mesa como há muito tempo atrás.

    Correto. Senta-se, no banco, no chão, na cadeira: com essa ação, aponta-se para uma posição acima, ou seja, senta-se sobre. Para comer, senta-se próximo à mesa e não sobre esta;

    b) Estão à procura de melhores oportunidades de vida.

    Correto. Locução adverbial: tem-se preposição "a" e artigo "a". Logo, deve-se marcar o fenômeno;

    c) Irei à Fortaleza das lindas praias ainda este ano.

    Correto. Muitos são os substantivos próprios que rejeitam artigo, mas acolhem-no, naturalmente, se receberem um adjunto adnominal: "irei para a Fortaleza das lindas praias (com especificador)". Logo: "irei à Fortaleza das lindas praias". Fenômeno crásico corretamente assinalado;

    d) Referiu-se à moças abandonadas pela sorte.

    Incorreto. Se se diz "referiu-se a homens", então se diz "referiu-se a moças". Consta somente preposição "a". Portanto, não há como haver fenômeno da crase;

    e) Os pais ficaram à distância de cinco metros.

    Correto. Locução adverbial: tem-se preposição "a" e artigo "a". Logo, deve-se marcar o fenômeno.

    Letra D

  • O comentário do Monitor do Qconcursos deixa o aluno mais confuso. Vejam o comentário do Arthur Carvalho, é muito melhor.

  • Vou a Fortaleza, volto DE fortaleza.

    Pensei assim...

  • Questão passível de anulação, pois a letra C está especificando o local à cidade Fortaleza.

    Vou A Fortaleza, volto DE Fortaleza.