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Sem direito e Poesia
Eis me aqui, iniludível. Incipiente na arte da
escrita, desfraldo sentimentos vestindo-os com as
palavras que lhes atribuem significado. Às vezes dá
vontade ser assim, hermético. Talvez, porque eu sinta
que o mundo não me entende ou porque, talvez, eu não
me encaixe harmonicamente no mundo, é que sinto
esta liberdade em não me fazer entender. É que, talvez,
a vida seja mesmo um mal entendido.
Portanto, despiciendo as opiniões e me faço
prolixo. Suasório para o intento de escrever em uma
língua indecifrável ao homem comum. Meu vocabulário,
quando quero, é um quarto cerrado e, nele me tranco e
jogo fora a chave do entendimento. Dizem-me que as
palavras devem ser um instrumento para comunicar-se
e que isto é fazer-se entender. Mas eu, que do mundo
nada entendo, por que razão deveria me fazer
entender?
Sinto o decesso aproximar-se, pelo esvair-se
do fluido vital, e, sem tempo para o recreio desejado,
com os ombros arcados pelos compromissos
assumidos, tenho no plenilúnio um desejo imarcescível
de que haja vida no satélite natural. Talvez, após o
decesso, eu possa lá estabelecer morada e, vivendo
em uma sociedade singular, haja o recreio em espírito.
Na realidade. Na iniludível realidade, meu recreio é
uma sala ampla. Teto alto. Prateleiras rústicas com
farta literatura e filosofia. Nenhuma porta ou janela
aberta a permitir à passagem do tempo. Uma poltrona
aveludada. Frio. Lareira acesa. Vinho tinto seco,
Malbec.
O amor? O entregar-se? Não!
Tratar-se-ia apenas de amor próprio. Sem
entrega. Apenas eu. Apenas eu e o tempo. Cerrado na
sala cerrada. Divagando sobre o nada e refletindo
sobre tudo. Imarcescível seria tal momento. Mas a vida.
A vida é singular ao tempo, pois que o tempo é eterno,
e a criatura humana é botão de rosa, matéria orgânica
falível na passagem do eterno. Sigo... Soerguendo-me... Sobrevivo...
(Fonte: Nelson Olivo Capeleti Junior/ Artigos13/04/2018 - JUS Brasil)
Analise os tempos e modos verbais empregados e assinale a alternativa incorreta.