SóProvas


ID
3408424
Banca
FCC
Órgão
AL-AP
Ano
2020
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

[O motor da preguiça]

      Acho que a verdadeira força motriz do desenvolvimento humano, a razão da superioridade e do sucesso do Homem, foi a preguiça. A técnica é fruto da preguiça. O que são o estilingue, a flecha e a lança senão maneiras de não precisar ir lá e esgoelar a caça ou um semelhante com as mãos, arriscando-se a levar a pior e perder a viagem? O que estaria pensando o inventor da roda senão no eventual desenvolvimento da charrete, que, atrelada a um animal menos preguiçoso do que ele, o levaria a toda parte sem que ele precisasse correr ou caminhar?

    Toda a história das telecomunicações, desde os tambores tribais e seus códigos primitivos até os sinais da TV e a internet, se deve ao desejo humano de enviar a mensagem em vez de ir entregá-la pessoalmente. A fome de riqueza e poder do Homem não passa da vontade de poder mandar os outros fazerem o que ele tem preguiça de fazer, seja de trazer os seus chinelos ou construir suas pirâmides.

     A química moderna é filha da alquimia, que era a tentativa de ter o ouro sem ter que procurá-lo, ou trabalhar para merecê-lo. A física e a filosofia são produtos da contemplação, que é um subproduto da indolência e uma alternativa para a sesta, A grande arte também se deve à preguiça. Não por acaso, o que é considerada a maior realização da melhor época da arte ocidental, o teto da Capela Sistina, foi feita pelo Michelangelo deitado. Marcel Proust escreveu Em busca do tempo perdido deitado. Vá lá, recostado. As duas maiores invenções contemporâneas, depois do antibiótico e do microchip, que são a escada rolante e o manobrista, devem sua existência à preguiça. E nem vamos falar no controle remoto. 

(Adaptado de: VERISSIMO, Luis Fernando. O mundo é bárbaro. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008, p. 54-55) 

Há pleno atendimento às normas de concordância verbal na frase:

Alternativas
Comentários
  • Gabarito: A

    ..a inspiração para que se alcancem alguns resultados que, sem ela, não se revelariam possíveis deve-se aos momentos...

    Erros - na minha visão - são estes:

    B) Estilingues, flechas e lanças, a se crerem nos argumentos do cronista, constitui um arsenal...o verbo deve ser flexionado no plural.

    C) os atributos da preguiça, que se manifesta..o verbo deveria ir para o plural, para concordar com atributos. O "haveriam" deveria ficar no singular.

    D)  ocorriam, muitas vezes, nos momentos de maior ambição, a possibilidade de se fabricar..O verbo deveria ficar no singular.

    E) Uma obra de arte, sejam nos livros, sejam nos painéis, costuma-se produzir...Seria "costumam-se."

    Qualquer erro na minha visão, aguardo comentários.

  • Gabarito A

    A) "Aos momentos de preguiça deve-se, segundo o autor, a inspiração para que se alcancem alguns resultados que, sem ela, não se revelariam possíveis."

    A inspiração para que (...) deve-se aos momentos de preguiça

    para que se alcancem alguns resultados = para que alguns resultados sejam alcançados (voz passiva sintética)

    alguns resultados que (pronome relativo=os quais), sem ela( Ela quem? A inspiração ), não se revelariam possíveis." Trocar o pronome relativo pelo termo que ele retoma = alguns resultados não se revelariam possíveis.

    Resumindo : Alguns resultados não seriam possíveis sem a inspiração.

    B) Estilingues, flechas e lanças, a se crerem nos argumentos do cronista, constituem um arsenal bélico destinado a satisfazer os impulsos que decorrem da nossa preguiça. Erro de concordância verbal.

    C) Na história das telecomunicações, não haveria como deixar de notar os atributos da preguiça, que se manifestam como um desejável encurtamento das distâncias.// Pronome relativo 'que' retoma os atributos. = os atributos se manisfestam.

    D) Aos alquimistas ocorria, muitas vezes, nos momentos de maior ambição, a possibilidade de se fabricar o ouro a partir de operações a se realizar num laboratório químico. // A possibilidade de se fabricar(...) ocorria aos alquimistas.

    E) Uma obra de arte, seja nos livros, seja nos painéis, costuma-se produzir em momentos onde não faltam aos artistas algum tempo de ócio criativo. // Uma obra de arte costuma ser produzida em momentos em que não faltam (...) Voz passiva sintética.

    Qualquer erro,por favor,avisem-me.

  • Há comentários incorretos e incompletos. Tentarei repará-los:

    a) Correto;

    b) Incorreto. Correção: "constituem";

    c) Incorreto. Correção: "haveria";

    d) Incorreto. Correção: "ocorria". Obs.: não há conclusão consensual entre os gramáticos acerca da flexibilização ou não do infinitivo quando há preposição "a". O mais sensato, tendo em vista a celeuma orbitando em torno do assunto, é acatar ambos os pontos de vista, ou seja, o que aceita a flexão e o que não aceita. Sendo assim, tanto "realizar" quanto "realizarem" se mostram possibilidades abonadas;

    e) Incorreto. Correção: "seja...seja" (deve concordar com o sujeito, "uma obra de arte") e "falta" (o sujeito é "algum tempo de ócio criativo").

    Letra A

  • GABARITO: LETRA A

    A) Aos momentos de preguiça deve-se, segundo o autor, a inspiração para que se alcancem alguns resultados que, sem ela, não se revelariam possíveis.

    B) Estilingues, flechas e lanças, a se crerem nos argumentos do cronista, constitui um arsenal bélico destinado a satisfazer os impulsos que decorrem da nossa preguiça ? O correto é "constituem" (=concorda com o sujeito composto "estilingues, flechas e lanças").

    C) Na história das telecomunicações não haveriam como deixar de notar os atributos da preguiça, que se manifesta como um desejável encurtamento das distâncias ? o correto é "haveria" (=trata-se de um verbo impessoal).

    D) Aos alquimistas ocorriam, muitas vezes, nos momentos de maior ambição, a possibilidade de se fabricar o ouro a partir de operações a se realizar num laboratório químico ? sujeito simples e no singular, o qual está posposto ao verbo (=a possibilidade ocorria).

    E) Uma obra de arte, sejam nos livros, sejam nos painéis, costuma-se produzir em momentos onde não faltam aos artistas algum tempo de ócio criativo ? sujeito simples e no singular, o qual está posposto ao verbo (=algum tempo de ócio não falta).

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    ? FORÇA, GUERREIROS(AS)!! 

  • ótimo texto!! rsrs

  • Estilingues, flechas e lanças, a se crer nos argumentos do cronista, constituem um arsenal bélico destinado a satisfazer os impulsos que decorrem da nossa preguiça.

  • Complemento..

    Nestas questões clássicas da FCC a primeira coisa que vc deve encontrar é o sujeito e com ele estabelecer concordância.

    A) A inspiração deve-se,segundo o autor, aos momentos de preguiça.

    O que se deve segundo o autor?

    A inspiração ...

    B) Estilingues, flechas e lanças-----Constituem..

    C) Na história das telecomunicações não haveria como deixar de notar...

    D)

    A possibilidade de fabricar....ocorria...

    E)

    Uma obra de arte, seja nos livros, seja nos painéis..

    Sucesso, Bons estudos, Nãodesista!

  • Na letra C o verbo HAVER está flexionado de modo correto, pois não há sentido de EXISTIR/ACONTECER. ( Os atributos da preguiça (...) não TÊM como deixar de notar). Trocando pelo verbo TER faz mais sentido a frase. ELE TEM VALOR PESSOAL.

    ACREDITO QUE O ERRO ESTÁ PRESENTE NO VERBO " MANIFESTAR ". DEVERIA SER GRAFADO " MANIFESTAM" PARA CONCORDAR COM O SUJEITO " OS ATRIBUTOS DA PREGUIÇA"

  • Aos momentos de preguiça deve-se, segundo o autor, a inspiração para que se alcancem alguns resultados que, sem ela, não se revelariam possíveis. 

      Item Correto 

    Estilingues, flechas e lanças, a se crerem nos argumentos do cronista, constitui um arsenal bélico destinado a satisfazer os impulsos que decorrem da nossa preguiça. 

    Item errado. Constitui deveria estar no plural para concordar com estilingues flechas e lanças. 

    Na história das telecomunicações não haveriam como deixar de notar os atributos da preguiça, que se manifesta como um desejável encurtamento das distâncias. 

    Após a história das telecomunicações teria uma vírgula para separar o adjunto adnominal deslocado do restante da frase. O verbo haver está no sentido de existir, portanto, é impessoal. "Que se manifesta como desejável encurtamento das distâncias" é um aposto explicativo.

    Aos alquimistas ocorriam, muitas vezes, nos momentos de maior ambição, a possibilidade de se fabricar o ouro a partir de operações a se realizar num laboratório químico. 

    “A possibilidade …. num laboratório” seria o sujeito do verbo ocorrer, portanto, sujeito oracional conjuga o verbo na 3 pessoa do singular. Ocorrer é um verbo intransitivo. 

    Uma obra de arte, sejam nos livros, sejam nos painéis, costuma-se produzir em momentos onde não faltam aos artistas algum tempo de ócio criativo. 

     O vocábulo “onde" deve ser usado no sentido de lugar. Neste caso poderia ser substituído por nos quais, em que. O verbo costumar VTDI, logo, admite voz passiva sintética .O sujeito de “sejam nos livros” é uma obra de arte, logo flexionado no singular. O sujeito de faltam é algum tempo de ócio criativo, deveria ser flexionado também no singular. 

  • Foco na missão fiel

  • Como um colega abaixo não enxergo esse verbo conjugado "haveriam" como sendo impessoal, não há como substituir pelo verbo existir, pra mim fica sem sentido. O erro a meu ver, na alternativa, está na concordância do verbo "manifestar" que deveria ser "manifestam" para concordar com o núcleo sujeito "os atributos"

  • Assertiva A

    Aos momentos de preguiça deve-se, segundo o autor, a inspiração para que se alcancem alguns resultados que, sem ela, não se revelariam possíveis.

  • O verbo haveriam nesse contexto é pessoal, tem sentido de TER. O erro está no verbo manifestar que deveria estar no plural para concordar com o sujeito "os atributos da preguiça"

  • Quando ocorre, em linguagem coloquial, a substituição do verbo haver pelo verbo ter, o seu uso impessoal mantém-se.​

  • Na letra 'C', o "que" é pronome relativo que pode se referir tanto aos atributos quanto à preguiça. Apenas pelo contexto poderíamos afirmar qual o seu referente. Nesse caso a concordância está correta, pois não sabemos a quem ele está se referindo. Alguém discorda?