A questão em análise nos
apresenta uma afirmação que abarca dois modelos de administração, a Administração
Pública Burocrática e a Administração Pública Gerencial. Antes de respondermos à
questão, precisamos fazer uma breve revisão do assunto:
a
“Administração Pública Burocrática surge
na segunda metade do século XIX, na época do Estado liberal, como forma de
combater a corrupção e o nepotismo patrimonialista. Constituem princípios
orientadores do seu desenvolvimento a profissionalização, a idéia de
carreira, a hierarquia funcional, a impessoalidade, o formalismo, em síntese,
o poder racional-legal. Os controles administrativos visando evitar a
corrupção e o nepotismo são sempre a priori. Parte-se de uma desconfiança
prévia nos administradores públicos e nos cidadãos que a eles dirigem
demandas. Por isso são sempre necessários controles rígidos dos processos,
como por exemplo na admissão de pessoal, nas compras e no atendimento a
demandas" (Pereira, 1995).
Porém, com o realinhamento do
Estado para uma Administração Gerencial, necessita-se reorganizar as estruturas
da administração, dando ênfase na “qualidade
e na produtividade do serviço público; na verdadeira profissionalização do
servidor, que passaria a perceber salários mais justos para todas as funções".
Ademais, cabe destacar o posicionamento do idealizador do Plano Diretor da
Reforma do Aparelho do Estado, Bresser Pereira:
“Os indivíduos
são vistos como essencialmente egoístas e a-éticos, de forma que só o controle
a priori, passo a passo, dos processos administrativos permitirá a proteção da
coisa pública. A mudança para uma cultura gerencial é uma mudança de qualidade.
Não se parte para o oposto, para uma confiança ingênua na humanidade. O que se
pretende é apenas dar um voto de confiança provisório aos administradores, e
controlar a posteriori os resultados. Só esse tipo de cultura permite a
parceria e a cooperação. Só através dela será possível viabilizar não apenas as
diversas formas de parceria com a sociedade, como também a cooperação no nível
vertical entre administradores e funcionários públicos, entre governo e
sindicatos de funcionários. A verdadeira eficiência é impossível sem essa
parceria e essa cooperação. Por outro lado, os controles a posteriori dos resultados deverão ser extremamente
severos. A administração pública burocrática, produto de um estágio
inferior da sociedade, muito mais autoritário e classista, enfatiza os
processos porque sabe ou supõe que não poderá punir os transgressores. A
administração pública gerencial enfatiza os resultados porque pressupõe que
será capaz de punir os que falharem ou prevaricarem" (PDRAE, 1995).
Em face do exposto, percebe-se
que para a Administração Pública Burocrática o funcionário deve focar nos
meios, nos processos, com racionalidade e máximo controle. Além disso, quando a
questão se refere a “gestão de um único servidor", entende-se que esse servidor
é o especialista (ideia de profissionalização) no assunto.
Portanto, as referências da questão
em análise, referem-se a abordagem burocrática da administração e, com isso, não
são fundamentos da nova gestão publica contemporânea, que seria a Administração
Pública Gerencial. Sendo assim, a questão em análise está
incorreta.
GABARITO DO PROFESSOR: “ERRADO".
FONTE:
BRESSER-PEREIRA,
Luiz Carlos. Plano Diretor da Reforma do
Aparelho do Estado. Brasília, 1995.
BIZU:
Pessoal, quem está se preparando para provas
que incluem a matéria de Administração Pública, para concursos na área de
controle ou de gestão e quer passar na
prova, DEVE ler dois artigos fundamentais e complementares:
1 - Da
Administração Pública Burocrática à Gerencial, Luiz Carlos Bresser Pereira, RSP
nº 47, Brasília-DF, 1996.
2 - Plano Diretor
da Reforma do Aparelho do Estado, Luiz Carlos Bresser Pereira, Brasília-DF,
1995.
Boa parte das
questões são tiradas desses dois artigos. Basta pesquisar no Google que vocês
irão encontrar esses artigos em PDF.
Comece a estudar
forte hoje, HOJE!, porque daqui há
1(hum) ano você pode se arrepender de não ter começado hoje.
Bons estudos!
As novas ideias de gestão contemporânea, fundamentadas nos princípios da confiança e da descentralização das decisões, exigiam formas flexíveis de gestão, horizontalização de estruturas, descentralização de funções e incentivos à criatividade. Essas ideias contrapõem-se à ideologia do formalismo e do rigor técnico da burocracia tradicional (Paludo).
O paradigma pós-burocrático corresponde a um conjunto de ideias contrárias às práticas burocráticas, e é baseado nos princípios da confiança, descentralização, flexibilidade, orientação para o cidadão e para o mercado, e, busca por resultados.
gab: E