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ID
3453580
Banca
FCC
Órgão
Câmara Legislativa do Distrito Federal
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

A questão refere-se ao texto que segue. 


     No belíssimo ensaio em que trata das representações utópicas no século XVIII, Bronislaw Baczko1 assinala que a vontade de redimir a civilização moderna dos males que a afligem e de erguer uma ‘boa vida’ coletiva está presente nas mais variadas formas do imaginário social, constituindo um marco do ‘espírito do tempo’. A busca de um modelo ideal de convivência humana evidencia-se não só na proliferação de textos redigidos nos moldes tradicionais da literatura utópica, narrando viagens a um país feliz e/ou elaborando projetos para um governo justo, mas, também, na abundância de imagens e ideias para a reforma social em uma imensa quantidade de escritos e documentos pertencentes seja à cultura douta, seja à popular (cf. Baczko, 1979, passim). 

      A esse respeito, lembra o comentador, a bibliografia especializada no assunto registra cerca de 80 relatos de viagens imaginárias, publicados na França entre 1676 e 1789, número que apresenta um crescimento impressionante, chegando a mais de 2 mil textos, se forem consideradas as múltiplas e diferentes projeções utópicas presentes na literatura da época.

      A imagem de homens livres e iguais que vivem fraternalmente em comunhão de bens, sem leis nem governos, representa, em geral, o ideal de sociedade entre as correntes progressistas da época, fascinando inclusive escritores políticos como Voltaire, Montesquieu e Diderot, que nunca defenderam a abolição da propriedade e do Estado, circunscrevendo suas propostas de reforma do poder ao âmbito de um despotismo esclarecido, fiscalizado por uma opinião pública letrada, ou de uma monarquia constitucional inspirada no modelo vigente na Inglaterra após a Revolução Gloriosa2.

     De modo análogo, Charles Rihs3, em seu livro sobre os utopistas do século XVIII, chama a atenção para essas ‘antinomias’, lembrando, por exemplo, o descompasso entre o ideário social elitista de Voltaire e suas observações, feitas ao historiar os costumes, a respeito da felicidade dos povos do Novo Mundo e das tribos africanas que ignoram “o meu e o teu” (cf. Rihs, 1970, p. 14). Na mesma linha, Montesquieu, rígido defensor do ‘espírito das leis’ em sua obra principal, retrata com entusiasmo, nas Cartas persas, a organização social do pequeno reino árabe dos Trogloditas, onde todos trabalham jocosa e espontaneamente pelo bem comum. Além das divagações utópicas suscitadas pela investigação geográfica e histórica de culturas não-europeias, os homens das Luzes empreendem também a aventura filosófica, suspensa entre o real e o imaginário, como o Suplemento à Viagem de Bougainville, de Diderot, ou o Eldorado, em Cândido, de Voltaire, visões de paraísos onde os homens vivem felizes, sem brigas pela riqueza e pelo poder.

(Adaptado de PIOZZI, Patrizia. Os arquitetos da ordem anárquica: de Rousseau a Proudhon e Bakunin. São Paulo: Editora UNESP, 2006, p.73-74) 


Obs.: 1Bronislaw Baczko (1924-2016), filósofo e historiador de ideias polonês


 2Revolução Gloriosa ou Segunda Revolução Inglesa: movimento revolucionário de caráter pacífico, ocorrido na Inglaterra entre os anos de 1688 e 1689, que gerou a troca do absolutismo monárquico pela monarquia parlamentar.


3Charles Rihs, autor de obra sobre os filósofos utopistas. 

No belíssimo ensaio em que trata das representações utópicas no século XVIII, Bronislaw Baczko assinala que a vontade de redimir a civilização moderna dos males que a afligem e de erguer uma ‘boa vida’ coletiva está presente nas mais variadas formas do imaginário social, constituindo um marco do ‘espírito do tempo’.

Sobre o que se tem acima, afirma-se com correção:

Alternativas
Comentários
  • São complementos do substantivo VONTADE:

    Vontade DE REDIMIR...(Objeto indireto)

    Vontade DE ERGUER...(Objeto Indireto)

  • Mesmo acertando, confesso que não entendi muito bem as alternativas. Fiquei entre b e d.

  • SUJEITO ORACIONAL.

  • Alguém aponta o erro da D?

  • Também não entendi o erro da D)

  • O ERRO DA LETRA ''D'' É DIZER QUE O VERBO ''REDIMIR'' EM; (de redimir a civilização moderna dos males) TEM O MESMO SENTIDO QUE: (“Redimiu-se fazendo hora extra”). O QUE NÃO ESTÁ CORRETO.

    VEJA:

     1- A vontade de redimir a civilização moderna dos males que a afligem - (SENTIDO DE SALVAR, POUPAR A CIVILIZAÇÃO DOS MALES)

    2- '''Redimiu-se fazendo hora extra” - (SENTIDO DE VOCÊ COMPENSAR A CAGADA QUE FEZ, OU SEJA, EU FALTEI DO TRABALHO, MAS ME REDIMI FAZENDO HORA EXTRA. DESOBEDECI MINHA MÃE, MAS ME REDIMI LAVANDO A LOUÇA).

    ENTÃO CONCLUÍMOS QUE O VERBO REDIMIR TEM VÁRIOS SENTIDOS, COMO:

    Resgatar, expiar, pagar, salvar

    Compensar, indenizar, ressarcir, reembolsar

    ESPERO TER AJUDADO!

    QUALQUER ERRO ME AVISEM.

  • Difícil

  • Qual o erro da letra A?

  •  a vontade de redimir a civilização moderna dos males que a afligem e ( a vontade ) de erguer uma ‘boa vida’ coletiva está presente - núcleo do sujeito das duas orações! Logo, B

  • Qual o erro da A?