SóProvas


ID
345547
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Santa Maria Madalena - RJ
Ano
2010
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

A educação possível 

A educação benevolente e frouxa que hoje predomina nas casas e escolas é mais nociva do que  
uma sala de aula com teto e chão furados e livros aos frangalhos. 

   Educação é algo bem mais amplo do que escola. Começa em casa, onde precisam ser dadas as primeiras informações  sobre o mundo (com criança também se conversa!), noções de postura e compostura, respeito, limites. Continua na vida  pública, nem sempre um espetáculo muito edificante, na qual vemos políticos concedendo-se um bom aumento em cima  dos seus já polpudos ganhos, enquanto professores recebem salários escrachadamente humilhantes, e artistas fazendo  propaganda de bebida num momento em que médicos, pais e responsáveis lutam com a dependência química de milhares  de jovens. Quem é público, mesmo que não queira, é modelo: artistas, líderes, autoridades. Não precisa ser hipócrita nem  bancar o santarrão, mas precisa ter consciência de que seus atos repercutem, e muito.   Mas vamos à educação nas escolas: o que é educar? Como deveria ser uma boa escola? Como se forma e se mantém  um professor eficiente, como se preparam crianças e adolescentes para este mundo competitivo onde todos têm direito de  construir sua vida e desenvolver sua personalidade?
   É bem mais simples do que todas as teorias confusas e projetos inúteis que se nos apresentam. Não sou contra  colocarem um computador em cada sala de aula neste reino das utopias, desde que, muito mais e acima disso, saibamos  ensinar aos alunos o mais elementar, que independe de computadores: nasce dos professores, seus métodos, sua  autoridade, seu entusiasmo e seus objetivos claros. A educação benevolente e frouxa que hoje predomina nas casas e  escolas prejudica mais do que uma sala de aula com teto e chão furados e livros aos frangalhos. Estudar não é brincar, é  trabalho. Para brincar temos o pátio e o bar da escola, a casa.  
  Sair do primeiro grau tendo alguma consciência de si, dos outros, da comunidade onde se vive, conseguindo contar,  ler, escrever e falar bem (não dá para esquecer isso, gente!) e com naturalidade, para se informar e expor seu pensamento,  é um objetivo fantástico. As outras matérias, incluindo as artísticas, só terão valor se o aluno souber raciocinar, avaliar,  escolher e se comunicar dentro dos limites de sua idade.  
   No segundo grau, que encaminha para a universidade ou para algum curso técnico superior, o leque de  conhecimentos deve aumentar. Mas não adianta saber história ou geografia americana, africana ou chinesa sem conhecer  bem a nossa, nem falar vários idiomas se nem sequer dominamos o nosso. Quer dizer, não conseguimos nem nos colocar  como indivíduos em nosso grupo nem saber o que acontece, nem argumentar, aceitar ou recusar em nosso próprio  benefício, realizando todas as coisas que constituem o termo tão em voga e tão mal aplicado: “cidadania”.  
   O chamado terceiro grau, a universidade, incluindo conhecimentos especializados, tem seu fundamento eficaz nos  dois primeiros. Ou tudo acabará no que vemos: universitários que não sabem ler e compreender um texto simples, muito  menos escrever de forma coerente. Universitários, portanto, incapazes de ter um pensamento independente e de aprender  qualquer matéria, sem sequer saber se conduzir. Profissionais competindo por trabalho, inseguros e atordoados, logo,  frustrados.  
   Sou de uma família de professores universitários. Fui por dez anos titular de linguística em uma faculdade particular.  Meu desgosto pela profissão – que depois abandonei, embora gostasse do contato com os alunos – deveu-se em parte à  minha dificuldade de me enquadrar (ah, as chatíssimas e inócuas reuniões de departamento, o caderno de chamada, o  currículo, as notas...) e em parte ao desalento. Já nos anos 70 recebíamos na universidade jovens que mal conseguiam  articular frases coerentes, muito menos escrevê-las. Jovens que não sabiam raciocinar nem argumentar, portanto  incapazes de assimilar e discutir teorias. Não tinham cultura nem base alguma, e ainda assim faziam a faculdade, alguns  com sacrifício, deixando-me culpada quando os tinha de reprovar.  
   Em tudo isso, estamos melancolicamente atrasados. Dizem que nossa economia floresce, mas a cultura, senhores, que  inclui a educação (ou vice-versa, como queiram...), anda mirrada e murcha. Mais uma vez, corrigir isso pode ser muito  simples. Basta vontade real. Infelizmente, isso depende dos políticos, depende dos governos. Depende de cada um de nós,  que os escolhemos e sustentamos.
(>Lya Luft. Veja. 23 de maio de 2007. Adaptado)

Os termos destacados a seguir constituem elementos coesivos por retomarem termos ou ideias anteriormente registrados, EXCETO:

Alternativas
Comentários
  • a) “Começa em casa, onde precisam ser dadas as primeiras informações sobre o mundo...”
    ONDE é pronome relativo e retoma CASA.

    b) “... na qual vemos políticos concedendo-se um bom aumento em cima dos seus já polpudos ganhos,...”
    NA QUAL  é pronome relativo e retoma VIDA PÚBLICA.

    c) “... que depois abandonei,...”
    QUE é pronome relativo e retoma PROFISSÃO.

    d) “Dizem que nossa economia floresce,...”
    QUE é conjunção integrante, não retoma nenhum termo anterior.
    Na verdade ele introduz uma oração subordinada substantiva objetiva direta.


    e) “Infelizmente, isso depende dos políticos,...”
    ISSO é pronome indefinido e retoma a ideia da vontade de melhorar a educação.
  • Olá gente!!

    Resposta correta: letra "D"

    A questão lhes pede para que digam qual dos termos  destacados não retoma o que foi indagado anteriormente...

    O comentário acima foi bem explicitado, portanto, passo-lhes um macetezinho legal... Assim, fica muito mais fácil de detectar....

    Não esperem, deem uma olhada geral na questão: Na letra "D" tem assim: "dizem que nossa economia floresce"...
    A galera diz alguma coisa, não retoma "casa", "lugar" nem nada, a galera simplismente diz algo!

    Conseguiram entender?!

    Pois é pessoal, é fácil!!
    Abraço!
  • A conjunção integrante introduz uma oração subordinada, é muito simples identificá-la porque a oração principal sempre terá sentido incompleto:

    d) “Dizem que nossa economia floresce,...” (8º§)

    Quem diz, diz alguma coisa! dizem o que ? que nossa economia floresce. No caso essa oração subordinada está fazendo o papel de objeto direto, mas não se preocupe que a classificação nunca cai.

    Att,

  • Só complementando, já q estamos falando em conjunção integrante e oração subordinada substantiva...

    Para verificarmos se é O. Subord. Subst, basta substituirmos por ISSO, DISSO.

    Exemplo da questão: “Dizem que nossa economia floresce,...”

    Dizem o quê? ISSO.

    Logo, o que será conjunção integrante e será O. Subord. Subst.

    Espero ter ajudado.

    Bons estudos! Não desanimem!
  • Ótimo comentário o da Érika! Eu também resolve desta maneira!
    Apenas uma retificação no comentário da Lais Marinho!
    "na qual" não é pronome relativo! O pronome relativo certo é "a qual". O "na" do "na qual" é a contração da preposição "em" + "a".
    "isso" não é pronome indefinido. É pronome demonstrativo. No texto, retoma "boa vontade real"  desempenhando uma função anafórica.
  • d)“Dizem que nossa economia floresce,...” (8º§) DIZEM ISSO. CONJUNÇÃO INTEGRANTE.

  • Sendo bem superficial:

     

    Caso tenha um substantivo depois do "que", então é pronome.

    Caso seja tudo, menos substantivo, depois do "que", então é conjunção integrante.