SóProvas


ID
345553
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Santa Maria Madalena - RJ
Ano
2010
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

A educação possível 

A educação benevolente e frouxa que hoje predomina nas casas e escolas é mais nociva do que  
uma sala de aula com teto e chão furados e livros aos frangalhos. 

   Educação é algo bem mais amplo do que escola. Começa em casa, onde precisam ser dadas as primeiras informações  sobre o mundo (com criança também se conversa!), noções de postura e compostura, respeito, limites. Continua na vida  pública, nem sempre um espetáculo muito edificante, na qual vemos políticos concedendo-se um bom aumento em cima  dos seus já polpudos ganhos, enquanto professores recebem salários escrachadamente humilhantes, e artistas fazendo  propaganda de bebida num momento em que médicos, pais e responsáveis lutam com a dependência química de milhares  de jovens. Quem é público, mesmo que não queira, é modelo: artistas, líderes, autoridades. Não precisa ser hipócrita nem  bancar o santarrão, mas precisa ter consciência de que seus atos repercutem, e muito.   Mas vamos à educação nas escolas: o que é educar? Como deveria ser uma boa escola? Como se forma e se mantém  um professor eficiente, como se preparam crianças e adolescentes para este mundo competitivo onde todos têm direito de  construir sua vida e desenvolver sua personalidade?
   É bem mais simples do que todas as teorias confusas e projetos inúteis que se nos apresentam. Não sou contra  colocarem um computador em cada sala de aula neste reino das utopias, desde que, muito mais e acima disso, saibamos  ensinar aos alunos o mais elementar, que independe de computadores: nasce dos professores, seus métodos, sua  autoridade, seu entusiasmo e seus objetivos claros. A educação benevolente e frouxa que hoje predomina nas casas e  escolas prejudica mais do que uma sala de aula com teto e chão furados e livros aos frangalhos. Estudar não é brincar, é  trabalho. Para brincar temos o pátio e o bar da escola, a casa.  
  Sair do primeiro grau tendo alguma consciência de si, dos outros, da comunidade onde se vive, conseguindo contar,  ler, escrever e falar bem (não dá para esquecer isso, gente!) e com naturalidade, para se informar e expor seu pensamento,  é um objetivo fantástico. As outras matérias, incluindo as artísticas, só terão valor se o aluno souber raciocinar, avaliar,  escolher e se comunicar dentro dos limites de sua idade.  
   No segundo grau, que encaminha para a universidade ou para algum curso técnico superior, o leque de  conhecimentos deve aumentar. Mas não adianta saber história ou geografia americana, africana ou chinesa sem conhecer  bem a nossa, nem falar vários idiomas se nem sequer dominamos o nosso. Quer dizer, não conseguimos nem nos colocar  como indivíduos em nosso grupo nem saber o que acontece, nem argumentar, aceitar ou recusar em nosso próprio  benefício, realizando todas as coisas que constituem o termo tão em voga e tão mal aplicado: “cidadania”.  
   O chamado terceiro grau, a universidade, incluindo conhecimentos especializados, tem seu fundamento eficaz nos  dois primeiros. Ou tudo acabará no que vemos: universitários que não sabem ler e compreender um texto simples, muito  menos escrever de forma coerente. Universitários, portanto, incapazes de ter um pensamento independente e de aprender  qualquer matéria, sem sequer saber se conduzir. Profissionais competindo por trabalho, inseguros e atordoados, logo,  frustrados.  
   Sou de uma família de professores universitários. Fui por dez anos titular de linguística em uma faculdade particular.  Meu desgosto pela profissão – que depois abandonei, embora gostasse do contato com os alunos – deveu-se em parte à  minha dificuldade de me enquadrar (ah, as chatíssimas e inócuas reuniões de departamento, o caderno de chamada, o  currículo, as notas...) e em parte ao desalento. Já nos anos 70 recebíamos na universidade jovens que mal conseguiam  articular frases coerentes, muito menos escrevê-las. Jovens que não sabiam raciocinar nem argumentar, portanto  incapazes de assimilar e discutir teorias. Não tinham cultura nem base alguma, e ainda assim faziam a faculdade, alguns  com sacrifício, deixando-me culpada quando os tinha de reprovar.  
   Em tudo isso, estamos melancolicamente atrasados. Dizem que nossa economia floresce, mas a cultura, senhores, que  inclui a educação (ou vice-versa, como queiram...), anda mirrada e murcha. Mais uma vez, corrigir isso pode ser muito  simples. Basta vontade real. Infelizmente, isso depende dos políticos, depende dos governos. Depende de cada um de nós,  que os escolhemos e sustentamos.
(>Lya Luft. Veja. 23 de maio de 2007. Adaptado)

No trecho “... que independe de computadores:” (3º§), a expressão em destaque exerce a mesma função sintática que a expressão sublinhada em:

Alternativas
Comentários
  • “... que independe de computadores:” - objeto indireto.

    a) “Não sou contra colocarem um computador em cada sala de aula neste reino das utopias,...”
    Adjunto adverbial de lugar.

    b) “A educação benevolente e frouxa que hoje predomina nas casas e escolas...”
    Adjunto adverbial de lugar.

    c) “Sair do primeiro grau tendo alguma consciência de si...”
    Complemento nominal ou adjunto adnominal (Quem souber diferenciar, por favor, me explique!)

    d) “Fui por dez anos titular de linguística em uma faculdade particular.”
    Adjunto adverbial de lugar.

    e) “... e em parte ao desalento.”
    Objeto indireto.

    Para acertar a questão é necessário voltar ao texto:
    "Fui por dez anos titular de linguística em uma faculdade particular. Meu desgosto pela profissão – que depois abandonei, embora gostasse do contato com os alunos – deveu-se em parte à minha dificuldade de me enquadrar (ah, as chatíssimas e inócuas reuniões de departamento, o caderno de chamada, o currículo, as notas...) e em parte ao desalento.
    Deveu-se A QUE? Ao desalento- objeto indireto.
  • Olá pessoal, esta é a questão mais difícil da década!!

    Resposta: Letra "E"

    Vamos lá:

    Antes de tudo, sei que a maioria  de vocês pensaram que era a letra "C" de casa...

    Se vocês prestarem bastante atenção irão ver que as alternativas "A", "B" e "D" expressam uma ideia de lugar... Olhem:
    A- Quem coloca o computador, coloca-o "em algum lugar"
    B- A educação que predomina, predomina "nas(em + as = nas) casas"
    D- Quem é titular, é titular de algo "em algum lugar"(a resposta: "de linguística", ao meu ver, é complemento nominal)

    Vamos às confusas                            >   

    C- Em "Sair do primeiro grau tendo uma consciência de si", é perigoso marcá-la por conta da preposição "de" ser a mesma em questão e a única apresentada nas alternativas, daí a gente pensa que é a certa. Porém, devemos perceber que a expressão "de si" é equivalente a uma única palavra: "própria"

    Aí só sobra a letra "E" galera, que ao meu ver, as partes grifadas são complementos nominais e, na minha opinião, mesmo que os demais 
    itens  já tenham sido eliminados, complemento dizendo que o "AO" da letra "E" pode ser substituído por "DE"...

    Valeu!!
  • Bem, acredito que o termo destacado na alternativa C seja um complemento nominal do substantivo "consciência".
    Isso pq o termo não pode ser retirado da frase sem alteração de seu sentido, já que dizer que se tem "consciência"
    é diferente de se dizer que se tem "consciência de si".
    Caso o termo pudesse ser retirado, teríamos um adjunto adnominal.
    Acho q é isso!
  • Caros amigos, devo descordar do 2º comentário ( Jonh)

    na letra D

    Quem é titular é titular. portanto, Verbo Intransitivo; (fui titular por dez anos) oração com sentido completo

    "De linguistica" é Adjunto adnominal;
    "em uma faculdade" é Adjunto adverbial de lugar;

    Galera, o objetivo aqui é nos ajudar, vamos tomar cuidado com os comentários, podemos prejudicar uns aos outros.
  • Olá pessoal!!

    O raciocínio do Sr. Arthur Cortes tem até um pouco de sentido, mas... Nossa língua tem bastantes regras e detalhes, um destes é que as palavras podem assumir diferentes funções sintáticas numa determinada frase...

    Além do mais, sigam meu raciocínio:

    Ex.1: "Eu sou titular", para mim, não está completo, não sei se está para vocês...
    Ex.2: "Eu estou precisando", para mim, é igual ao 1º exemplo...

    Se você chegasse para mim e falasse: "eu preciso", eu perguntaria: "você precisa de quê?"
    Do mesmo modo, se você me dissesse: "eu sou titular" eu também perguntaria: "você é titular de quê?"

    E tem mais... Eu não falei que havia regência, só falei que quem é titular, é titular de... E os titulares que conheço, todos são titulares de algo em algum lugar! kkkk

    Concordam, galera do QC?!

    Quem concordar comigo, agradeço se postar um comentário me apoiando... Quem não concordar, pode postar também, dizendo que concorda com o amigo acima!!

    Um abraço e fiquem todos com Deus!!
  • Na minha humilde opinião:
    (Eu) Fui (verbo de ligação) por dez anos (adjunto adverbial) titular (substantivo) de linguística (adjunto adnominal) em uma faculdade particular (adjunto adverbial).

    O termo destacado é o Predicativo do sujeito.
    Adjunto adnominal é o termo de valor adjetivo que serve para especificar ou delimitar o significado de um substantivo. Pode ser, entre outros, um adjetivo ou, como no caso, uma locução adjetiva.
  • Galera,
    devo desculpas ao estimado Jonh, mas ainda sim, devo discordar de sua opinião,
    ao analisar novamente a questão e os comentários, tive uma nova interpretação.
    Devo, agora, concordar com a nossa amiga Lívia ( comentário acima). pois não indicando ação, o verbo SER é verbo de ligação havendo então a figura do Predicativo.

    De qualquer forma, agradeço pelo Feedback.
  • Não sei se esclareço ou crio mais duvida, contudo diante da explicação da ilustrissima colega Livia:
    Eu Fui por dez anos  titular de linguística  em uma faculdade particular (adjunto adverbial). O temo em vermelho não seria adjetivo ?

    Ex: Romario era titular da seleção.

    Bons estudos


  • Acredito que titular de linguística seria predicativo do sujeito, pois está dando qualidade ao sujeito "Eu", ou seja, ele foi titular de linguística.
  • Agora o colega Aurelio me deixou na dúvida...
    Algum professor de português poderia se manifestar e esclarecer de vez a questão?...rs
    Caso "titular" seja adjetivo, com certeza "de linguistica" é complemento nominal, uma vez que o adjunto adnominal não acompanha adjetivo, mas tão somente substantivos.

    Alguém?

    Obrigada e bons estudos!


    • Pessoal o adjunto adnominal sempre irá completar um substantivo de sentido abstrato e o complemento nominal poderá completar um substantivo concreto e abstrato

      O adjunto adnominal tem sentido de agente e o complemento nominal de paciente.
      Ex:

      * A descoberta do ouro .....

      ( o ouro foi descoberto )

      * A descoberta de Cabral

      ( Cabral quem descobriu ) c) “Sair do primeiro grau tendo alguma consciência de si...” (4º§)

      Consciência = substantivo abstrato

      eu tenho consciencia de mim - agente

      então só pode ser adjunto adnominal
  • Respondendo a colega Livia:

    De acordo com o Wikicionário:

    Adjetivo

    ti.tu.lar

    1. diz-se de quem ocupa efetivamente um cargo

    Substantivo

    ti.tu.lar

    1. (Direitoproprietáriopossuidor
    2. (Futebol) que não é reserva


    Sobre o complemento nominal e adjunto adnominal:

    É comum as pessoas fazerem confusão ao tentar classificar essas estruturas sintáticas. Uma dica é: sempre notar que o adjunto adnominal só trabalha para o substantivo (concreto ou abstrato), enquanto o complemento nominal pode trabalhar para o substantivo abstrato, adjetivo e advérbio, completando o sentido desses termos.

    No 1º caso:
    Eu Fui por dez anos  titular de linguística  em uma faculdade particular, titular é adjetivo.
    "De linguística" seria complemento nominal. Fora a definição dada, percebemos que titular nessa frase não oferece sentido completo. Foi titular do que?


    Agora no segundo:
    Romario era
    titular da seleção, titular é substantivo.
    "Da seleção" também seria complemento nominal, pois da sentido ao substantivo. Titular, mas do que?

    Outra observação:
    "Titular de linguística" é predicativo do sujeito, pois é o elemento do predicado que se refere ao sujeito "Eu", completando o verbo de ligação.
     


     
     
  • Brilhante comentário do Ivan, no entanto houve um pequeno deslize:
    Romario era titular da seleção, titular é substantivo.
    Eu fui titular de linguística

    Perceba que não há diferença nas estruturas sintáticas dos períodos acima. 
    Sujeito: Romário e Eu
    Predicativo do sujeito: titular.
    A função do predicativo é dar qualidade/especificar o sujeito ou o objeto, estes função exercida pelo substantivo, aquele pelo adjetivo.
    Sendo assim, titular em ambos os períodos são morfologicamente classificados como adjetivos e sintaticamente como predicativo do sujeito.
    Para que titular seja substantivo há que receber algum determinante:
    Romário, o titular da camisa 11, foi candidato a deputado federal.

  • Lais
    adj adnominal = substantivo (concreto, abstrato), termo agente, ideia de posse
    comp. nominal = termo preposicionado, adjetivo, adverbio, substantivo abstrato, termo paciente.
    Ele é honesto com você. CN
              adj      prep
    A caneca de Paula. ADJ. AD
       subs.      posse
      concreto
  • Pessoal, só para esclarecer..

    adjunto adnominal -> ligado a um substantivo tanto CONCRETO COMO ABSTRATO e tem função de ATIVO (quem prativa a ação do verbo da oração)

    Complemento nominal -> ligado somente a um substantivo ABSTRATO E TEM FUNÇÃO DE PASSIVO (sofre a ação)



    Dica do professor Léo.
    www.lojaprofessorleo.com.br

  • “... que independe de computadores:” - objeto indireto.

    a) “Não sou contra colocarem um computador em cada sala de aula neste reino das utopias,...” 
    Adjunto adverbial de lugar.

    b) “A educação benevolente e frouxa que hoje predomina nas casas e escolas...”
    Adjunto adverbial de lugar.

    c) “Sair do primeiro grau tendo alguma consciência de si...” 
    Complemento nominal ou adjunto adnominal (Quem souber diferenciar, por favor, me explique!)

    d) “Fui por dez anos titular de linguística em uma faculdade particular.”
    Adjunto adverbial de lugar.

    e) “... e em parte ao desalento.” 
    Objeto indireto.

    Para acertar a questão é necessário voltar ao texto:
    "Fui por dez anos titular de linguística em uma faculdade particular. Meu desgosto pela profissão – que depois abandonei, embora gostasse do contato com os alunos – deveu-se em parte à minha dificuldade de me enquadrar (ah, as chatíssimas e inócuas reuniões de departamento, o caderno de chamada, o currículo, as notas...) e em parte ao desalento.
    Deveu-se A QUE? Ao desalento- objeto indireto.