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ID
3466267
Banca
CS-UFG
Órgão
AL-GO
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Esquecível, Selma se perde na biografia de Luther King


Inácio Araujo


A primeira reação foi de surpresa: Selma foi indicado ao Oscar de melhor filme e, praticamente, a nada mais (a outra indicação: melhor canção). Vendo-o, isso se explica: é muito mais ao assunto que o prêmio dá importância do que propriamente ao filme de Ava DuVernay.


Com efeito, sempre é importante, de certa maneira, um filme que trate da segregação e do racismo. No entanto, Selma é pouco mais que um telefilme sobre um momento decisivo da luta dos negros dos EUA pela igualdade.


No centro dela, Martin Luther King e sua estratégia pacifista. Do lado contrário, o resistente racismo do Alabama, com sua Ku Klux Klan, seus xerifes ferozes e seu governador George Wallace.


Fechando o triângulo político do drama, temos em Washington o presidente Lyndon Johnson, pressionado por todos os lados, e o FBI de Edgar Hoover (também racista).


Se no início vemos Luther King recebendo o Nobel da Paz em 1964, pouco depois descobrimos que, no sul dos EUA, esse papo de prêmio não cola: a promessa é de chumbo grosso.


O “chumbo grosso” inclui ameaças, escutas telefônicas e intrigas sobre a vida pessoal de King, que reage percebendo que quanto mais intolerantes forem os brancos, melhor será para a sua causa.


Por isso, Selma é uma cidade estratégica para King: ali dá as cartas um xerife tipo cão raivoso. Ele planeja a decisiva marcha de Selma à capital Montgomery, que determina enfim o envio ao congresso, por Lyndon Johnson, da lei que abre nacionalmente o direito de voto à população negra.


DuVernay conduz esse drama frouxamente. Ora parece investir na épica implícita na luta dos negros nos anos 1960, ora parece recuar e, acompanhando os fatos, fixa-se na violência policial sulista. Ora focaliza o melodrama familiar, ora destaca a política.


É possível que cada um desses aspectos faça sentido. No entanto, essa espécie de indecisão sobre que aspecto colocar em evidência tira do filme toda a perspectiva que não meramente sentimental.


Por isso, podemos todos concordar com a causa referida em Selma e, no mesmo movimento, esquecer o filme meia hora depois.


FOLHA DE S. PAULO. São Paulo, 6 fev. 2015, p. E3. (Ilustrada). 

Na frase “Vendo-o, isso se explica”, o pronome “o” é uma referência anafórica a

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA C

    ? A primeira reação foi de surpresa: Selma foi indicado ao Oscar de melhor filme e, praticamente, a nada mais (a outra indicação: melhor canção). Vendo-o, isso se explica: é muito mais ao assunto que o prêmio dá importância do que propriamente ao filme de Ava DuVernay.

    ? Vendo alguma coisa (o filme; o pronome oblíquo átono está retomando um substantivo masculino, no caso, "filme").

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  • Tomemos fragmento maior para analisar:

    "Selma foi indicado ao Oscar de melhor filme (...) vendo-o, isso se explica: é muito mais ao assunto que o prêmio dá importância do que propriamente ao filme."

    Ao se ler excerto mais extenso, percebe-se que o pronome "o" resgata o substantivo "filme". Isso é corroborado também à frente, quando, novamente, se faz menção a ele.

    a) Incorreto. O pronome "o" faz referência a nome no masculino;

    b) Incorreto. O verbo "ver" tem o mesmo sentido de "assistir a". Não há coerência em dizer que assistiu ao Oscar, o prêmio a que se refere a questão;

    c) Correto. Resgata "filme";

    d) Incorreto. O verbo "ver" tem o mesmo sentido de "assistir a". Não há coerência em dizer que assistiu ao indicado. O pronome se refere a "filme".

    Letra C

  • Termo Anafórico - retoma uma informação citada anteriormente;

    Termo Catafórico - apresenta uma informação que ainda vai ser citada.