SóProvas


ID
3486175
Banca
IBADE
Órgão
Prefeitura de São Felipe D`Oeste - RO
Ano
2020
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

A elegância do conteúdo


      De ferramentas tecnológicas, qualquer um pode dispor, mas a cereja do bolo chama-se conteúdo. É o que todos buscam freneticamente: vossa majestade, o conteúdo.

         Mas onde ele se esconde?

         Dentro das pessoas. De algumas delas.

      Fico me perguntando como é que vai ser daqui a um tempo, caso não se mantenha o já parco vínculo familiar com a literatura, caso não se dê mais valor a uma educação cultural, caso todos sigam se comunicando com abreviaturas e sem conseguir concluir um raciocínio. De geração para geração, diminui-se o acesso ao conhecimento histórico, artístico e filosófico. A overdose de informação faz parecer que sabemos tudo, o que é uma ilusão, sabemos muito pouco, e nossos filhos saberão menos ainda. Quem irá optar por ser professor não tendo local decente para trabalhar, nem salário condizente com o ofício, nem respeito suficiente por parte dos alunos? Os minimamente qualificados irão ganhar a vida de outra forma que não numa sala de aula. E sem uma orientação pedagógica de nível e sem informação de categoria, que realmente embase a formação de um ser humano, só o que restará é a vulgaridade e a superficialidade, que já reinam, aliás.

      Sei que é uma visão catastrofista e que sempre haverá uma elite intelectual, mas o que deveríamos buscar é justamente a ampliação dessa elite para uma maioria intelectual. A palavra assusta, mas entenda-se como intelectual a atividade pensante, apenas isso, sem rebuscamento.

      O fato é que nos tornamos uma sociedade muito irresponsável, que está falhando na transmissão de elegância. Pensar é elegante, ter conhecimento é elegante, ler é elegante, e essa elegância deveria estar ao alcance de qualquer pessoa. Outro dia, conversava com um taxista que tinha uma ideia muito clara dos problemas do país, e que falava sobre isso num português correto e sem se valer de palavrões ou comentários grosseiros, e sim com argumentos e com tranquilidade, sem querer convencer a mim nem a ninguém sobre o que pensava, apenas estava dando sua opinião de forma cordial. Um sujeito educado, que dirigia de forma igualmente educada. Morri e reencarnei na Suíça, pensei.

      Isso me fez lembrar de um livro excelente chamado A Elegância do Ouriço, de Muriel Barbery, que conta a história de uma zeladora de um prédio sofisticado de Paris. Ela, com sua aparência tosca e exercendo um trabalho depreciado, era mais inteligente e culta do que a maioria esnobe que morava no edifício a que servia. Mas, como temia perder o emprego caso demonstrasse sua erudição, oferecia aos patrões a ignorância que esperavam dela, inclusive falando errado de propósito, para que todos os inquilinos ficassem tranquilos - cada um no seu papel.

      A personagem não só tinha uma mente elegante, como possuía também a elegância de não humilhar seus "superiores", que nada mais eram do que medíocres com dinheiro.

      A economia do Brasil vai bem, dizem. Mas pouco valerá se formos uma nação de medíocres com dinheiro.

Martha Medeiros, 06/06/2010

“Ela (...) era mais inteligente e culta do que a maioria esnobe que morava no edifício a que servia.” Está INCORRETA a análise sintática em:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA E

    ? Lembrando que queremos a alternativa incorreta:

    ? ?Ela (...) era mais inteligente e culta do que a maioria esnobe que morava no edifício a que servia.? (=O adjetivo em destaque é um adjunto adnominal e não um predicativo do sujeito). Enquanto o adjunto adnominal é uma característica ou um estado inerente/permanente de um ser, o predicativo é uma característica atribuída a um ser, indicando um estado transitório (A mulher virou uma flor).

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    ? FORÇA, GUERREIROS(AS)!!

  • obrigado

  • A questão aborda o assunto de sintaxe e para resolver com sucesso é preciso fazer a análise sintática das alternativas. Temos que encontrar a alternativa incorreta.

    a) EM "a maioria esnobe que morava"

    Correta. O pronome relativo retoma a maioria e exerce o papel de sujeito.

    A maioria(que) morava...

    b) EM "no edifício a que servia" .

    Correta.

    o pronome relativo retoma "no edifício" exerce a função de adjunto adverbial (segundo a banca). Em uma primeira análise passou sem que eu percebesse esse equívoco da banca, contudo em uma inspeção mais minuciosa percebo que para isso acontecer deveria estar assim: no edifício em que servia.

    Servia no edifício.

    Contudo da forma que está com a preposição "a". Fica assim: servia ao edifício, ou seja, a função é de objeto indireto e não de adjunto adverbial.

    No edifício em que servia( adjunto adverbial)

    No edifício a que servia ( objeto indireto)

    c) EM "morava no edifício" no edifício 

    Correta. É o lugar no qual morava. Por isso, é um adjunto adverbial de lugar.

    d) Em "a maioria esnobe”

    Correta. É a parte mais importante do sujeito. Logo, é o núcleo.

    e) “esnobe”:

    Incorreta. Está errado afirmar que é um predicativo, quando na verdade é um adjunto adnominal, tanto que se pode fazer a retirada do vocábulo e o sentido ainda fica compreensível. Por isso é um termo acessório diferentemente do predicativo que é um termo essencial e sua retirada prejudica o conteúdo.

    GABARITO DA BANCA: E

    GABARITO DO MONITOR: NULA por apresentar duas erradas "B" e "E".

  • CUIDADO

    A questão apresenta duplo gabarito. Os comentários dos colegas Arthur Carvalho e Diogo Cordeiro apenas concordam com as afirmativas da banca.

    Desconsiderando as assertivas A,C e D, que não apresentam incorreções, analisemos as assertivas B e E.

    Assertiva B - “que servia”: o pronome relativo é adjunto adverbial: INCORRETO

    A alegação da banca é de que estamos diante de um adjunto adverbial de lugar. Percebam que o colega Diogo Cordeiro tentou "confirmar" o gabarito afirmando ser uma construção equivalente a "servia no edifício"(palavras dele).

    Percebam, entretanto, que não existe a preposição "em" na construção original, mas sim a preposição "a" (...a que servia). O dicionário Houaiss, bem como outros, traz a transitividade do verbo "servir" quando no sentido de "trabalhar como servo", "fazer de criado" como transitiva indireta, de modo que quem serve, serve a alguém.

    Diante disso, na construção em tela, "...que morava no edifício a que servia", o pronome relativo é objeto indireto do verbo servir, servia ao edifício (ela não era uma empregada que trabalhava no edifício, mas sim uma empregada do edifício, a ideia não é de local).

    Assertiva E - “esnobe”: é predicativo: INCORRETO

    O predicativo do sujeito sempre virá introduzido por um verbo de ligação, o que não ocorre aqui. Temos um adjunto adnominal.

    Por todo o exposto, questão nula por multiplicidade de gabarito.

  • O pronome relativo só atua como adjunto adverbial se for o advérbio relativo onde, como explica Celso Cunha. É absurda a alternativa B.

  • Mais uma questão para o rol das arbitrariedades.

    A "B" está INDISCUTIVELMENTE errada também.

    De onde saem esses examinadores, Jesus?

  • Questões assim só me fazem pensar o seguinte: Sempre marque a "mais" errada. De fato tanto a letra "b" quanto a "e" estão erradas, mas a "e" é tão errada que não tem como não ser ela.

    Pelo menos é o raciocínio que eu venho seguindo.

  • Certíssimo o comentário de Ivan Lucas!

    Gab. B e E

    Vamos parar de comentar apenas com base no gabarito, temos que analisar o que realmente é o certo. Até mesmo, para termos base para um possível recurso.

    As bancas também falham, como essa.

  • Que m&rda de banca é essa, 5º questão seguida com polêmicas e sem gabarito.