SóProvas


ID
3495637
Banca
IBADE
Órgão
Prefeitura de Vila Velha - ES
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

O alto preço de viver longe de casa


      Voar: a eterna inveja e frustração que o homem carrega no peito a cada vez que vê um pássaro no céu. Aprendemos a fazer um milhão de coisas, mas voar… Voar a vida não deixou. Talvez por saber que nós, humanos, aprendemos a pertencer demais aos lugares e às pessoas. E que, neste caso, poder voar nos causaria crises difíceis de suportar, entre a tentação de ir e a necessidade de ficar.

      Muito bem. Aí o homem foi lá e criou a roda. A Kombi. O patinete. A Harley. O Boeing 737. E a gente descobriu que, mesmo sem asas, poderia voar. Mas a grande complicação foi quando a gente percebeu que poderia ir sem data para voltar.

      E assim começaram a surgir os corajosos que deixaram suas cidades de fome e miséria para tentar alimentar a família nas capitais, cheias de oportunidades e monstros. Os corajosos que deixaram o aconchego do lar para estudar e sonhar com o futuro incrível e hipotético que os espera. Os corajosos que deixaram cidades amadas para viver oportunidades que não aparecem duas vezes. Os corajosos que deixaram, enfim, a vida que tinham nas mãos, para voar para vidas que decidiram encarar de peito aberto.

      A vida de quem inventa de voar é paradoxal, todo dia. É o peito eternamente dividido. É chorar porque queria estar lá, sem deixar de querer estar aqui. É ver o céu e o inferno na partida, o pesadelo e o sonho na permanência. É se orgulhar da escolha que te ofereceu mil tesouros e se odiar pela mesma escolha que te subtraiu outras mil pedras preciosas.

      E começamos a viver um roteiro clássico: deitar na cama, pensar no antigo-eterno lar, nos quilômetros de distância, pensar nas pessoas amadas, no que eles estão fazendo sem você, nos risos que você não riu, nos perrengues que você não estava lá para ajudar. (...)

      Mas será que a gente aprende? A ficar doente sem colo, a sentir o cheiro da comida com os olhos, a transformar apartamentos vazios na nossa casa, transformar colegas em amigos, dores em resistência, saudades cortantes em faltas corriqueiras?

      Será que a gente aprende? A ser filho de longe, a amar via Skype, a ver crianças crescerem por vídeos, a fingir que a mesa do bar pode ser substituída pelo grupo do whatsapp, a ser amigo através de caracteres e não de abraços, a rir alto com HAHAHAHA, a engolir o choro e tocar em frente?

      Será que a vida será sempre esta sina, em qualquer dos lados em que a gente esteja? Será que estaremos aqui nos perguntando se deveríamos estar lá e vice versa? Será teste, será opção, será coragem ou será carma?

      Será que um dia saberemos, afinal, se estamos no lugar certo? Será que há, enfim, algum lugar certo para viver essa vida que é um turbilhão de incertezas que a gente insiste em fingir que acredita controlar?

      Eu sei que não é fácil. E que admiro quem encarou e encara tudo isso, todo dia. (...)

      O preço é alto. A gente se questiona, a gente se culpa, a gente se angustia. Mas o destino, a vida e o peito às vezes pedem que a gente embarque. Alguns não vão. Mas nós, que fomos, viemos e iremos, não estamos livres do medo e de tantas fraquezas. Mas estamos para sempre livres do medo de nunca termos tentado. Keep walking.

Ruth Manus 14/06/2015 Disponível em:emais.estadão.com.br


Keep walking: continue andando

No trecho: “Talvez por saber que nós, humanos, aprendemos a pertencer demais aos lugares e às pessoas.”, as vírgulas foram corretamente empregadas para:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA D

    “Talvez por saber que nós, humanos, aprendemos a pertencer demais aos lugares e às pessoas.”

    → As vírgulas estão separando o aposto explicativo, traz uma explicação ao termo apresentado anteriormente (nós).

    ☛ FORÇA, GUERREIROS(AS)!!

     

  • Note que a estrutura em tela apresenta um nome, um substantivo, isolado dos demais termos das estrutura. Normalmente esse substantivo alheio será vocativo ou aposto. Com isso, podem ser eliminadas, de pronto, algumas opções de resposta. Analisemos:

    “Talvez por saber que nós, humanos, aprendemos a pertencer demais aos lugares e às pessoas.”

    O termo em destaque está alheio aos outros. Cerceado por vírgulas, é dispensável, por isso nomeia-se termo acessório. No caso em apreço, trata-se de um aposto, termo que serviu para explicar quem é o "nós".

    a) separar termos de mesma função sintática.

    Incorreto. Aparece alheio por ser aposto;

    b) separar a expressão explicativa.

    Incorreto. Não se trata de uma expressão. Exemplos desta são estas estruturas: "isto é", "a saber";

    c) marcar a antecipação do adjunto adverbial.

    Incorreto. O substantivo "humanos" refere-se a nome, logo não poderia ser, de forma alguma, adjunto adverbial;

    d) separar o aposto.

    Correto. Consoante explanação supracitada, é aposto e explicativo;

    e) separar o vocativo.

    Incorreto. O vocativo não se liga a nenhum termo estrutural; em contrapartida, o aposto, sim. Veja que "humanos" atrela-se ao pronome "nós".

    Letra D

  • Talvez por saber que nós, humanos, aprendemos a pertencer demais aos lugares e às pessoas.”,.

    O aposto tem a função de retomar ao temo anterior para resumir, especificar, explicar um termo anterior.

    Sucesso, bons estudos não desista!

  • GABARITO: LETRA D

    COMPLEMENTANDO:

    Importante saber quais são as finalidades da vírgula e quando são utilizadas.

    Usa-se vírgula para:

    Separar termos que possuem a mesma função sintática no período;

    Isolar o vocativo;

    Isolar um aposto explicativo;

    Isolar termos antecipados (complementos, adjuntos, predicativos);

    Separar expressões explicativas, conjunções e conectivos;

    Separar os nomes dos locais de datas;

    Isolar orações adjetivas explicativas;

    Separar termos de uma enumeração;

    Separar orações coordenadas;

    Omitir um termo;

    Separar termos de natureza adverbial deslocado na sentença.

    FONTE: QC

  • gabarito: D

    Sobre a alternativa B: Uma expressão explicativa é representada por "isto é", "a saber", "por exemplo", "ou melhor", "ou antes", "ou seja"etc.