SóProvas


ID
355513
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Santa Maria Madalena - RJ
Ano
2010
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

A educação possível

A educação benevolente e frouxa que hoje predomina nas casas e escolas é mais nociva do que
uma sala de aula com teto e chão furados e livros aos frangalhos.

Educação é algo bem mais amplo do que escola. Começa em casa, onde precisam ser dadas as primeiras informações
sobre o mundo (com criança também se conversa!), noções de postura e compostura, respeito, limites. Continua na vida
pública, nem sempre um espetáculo muito edificante, na qual vemos políticos concedendo-se um bom aumento em cima
dos seus já polpudos ganhos, enquanto professores recebem salários escrachadamente humilhantes, e artistas fazendo
propaganda de bebida num momento em que médicos, pais e responsáveis lutam com a dependência química de milhares
de jovens. Quem é público, mesmo que não queira, é modelo: artistas, líderes, autoridades. Não precisa ser hipócrita nem
bancar o santarrão, mas precisa ter consciência de que seus atos repercutem, e muito.
Mas vamos à educação nas escolas: o que é educar? Como deveria ser uma boa escola? Como se forma e se mantém
um professor eficiente, como se preparam crianças e adolescentes para este mundo competitivo onde todos têm direito de
construir sua vida e desenvolver sua personalidade?
É bem mais simples do que todas as teorias confusas e projetos inúteis que se nos apresentam. Não sou contra
colocarem um computador em cada sala de aula neste reino das utopias, desde que, muito mais e acima disso, saibamos
ensinar aos alunos o mais elementar, que independe de computadores: nasce dos professores, seus métodos, sua
autoridade, seu entusiasmo e seus objetivos claros. A educação benevolente e frouxa que hoje predomina nas casas e
escolas prejudica mais do que uma sala de aula com teto e chão furados e livros aos frangalhos. Estudar não é brincar, é
trabalho. Para brincar temos o pátio e o bar da escola, a casa.
Sair do primeiro grau tendo alguma consciência de si, dos outros, da comunidade onde se vive, conseguindo contar,
ler, escrever e falar bem (não dá para esquecer isso, gente!) e com naturalidade, para se informar e expor seu pensamento,
é um objetivo fantástico. As outras matérias, incluindo as artísticas, só terão valor se o aluno souber raciocinar, avaliar,
escolher e se comunicar dentro dos limites de sua idade.
No segundo grau, que encaminha para a universidade ou para algum curso técnico superior, o leque de
conhecimentos deve aumentar. Mas não adianta saber história ou geografia americana, africana ou chinesa sem conhecer
bem a nossa, nem falar vários idiomas se nem sequer dominamos o nosso. Quer dizer, não conseguimos nem nos colocar
como indivíduos em nosso grupo nem saber o que acontece, nem argumentar, aceitar ou recusar em nosso próprio
benefício, realizando todas as coisas que constituem o termo tão em voga e tão mal aplicado: “cidadania”.
O chamado terceiro grau, a universidade, incluindo conhecimentos especializados, tem seu fundamento eficaz nos
dois primeiros. Ou tudo acabará no que vemos: universitários que não sabem ler e compreender um texto simples, muito
menos escrever de forma coerente. Universitários, portanto, incapazes de ter um pensamento independente e de aprender
qualquer matéria, sem sequer saber se conduzir. Profissionais competindo por trabalho, inseguros e atordoados, logo,
frustrados.
Sou de uma família de professores universitários. Fui por dez anos titular de linguística em uma faculdade particular.
Meu desgosto pela profissão – que depois abandonei, embora gostasse do contato com os alunos – deveu-se em parte à
minha dificuldade de me enquadrar (ah, as chatíssimas e inócuas reuniões de departamento, o caderno de chamada, o
currículo, as notas...) e em parte ao desalento. Já nos anos 70 recebíamos na universidade jovens que mal conseguiam
articular frases coerentes, muito menos escrevê-las. Jovens que não sabiam raciocinar nem argumentar, portanto
incapazes de assimilar e discutir teorias. Não tinham cultura nem base alguma, e ainda assim faziam a faculdade, alguns
com sacrifício, deixando-me culpada quando os tinha de reprovar.
Em tudo isso, estamos melancolicamente atrasados. Dizem que nossa economia floresce, mas a cultura, senhores, que
inclui a educação (ou vice-versa, como queiram...), anda mirrada e murcha. Mais uma vez, corrigir isso pode ser muito
simples. Basta vontade real. Infelizmente, isso depende dos políticos, depende dos governos. Depende de cada um de nós,
que os escolhemos e sustentamos.

(Lya Luft. Veja. 23 de maio de 2007. Adaptado)


A análise dos elementos destacados está INCORRETA em:

Alternativas
Comentários
  • Oração subordinada subjetiva ( ocupa a função de sujeito)
  • Não é oração subordinada subtantiva subjetiva, porque nem oração é, uma vez que o trecho não tem nem VERBO.
    Na verdade trata-se simplesmente de SUJEITO não verbal:
    Onde AS PRIMEIRAS INFORMAÇÔES SOBRE O MUNDO precisam ser dadas.

  • Acertiva "A" incorreta.

    trata-se de um adjunto adverbial de lugar quando olhamos a frase completa.

    Na parte grifada temos um complemento verbal .

    Calma gente ... Todos nós chegaremos lá!!!

    Bons estudos.
  • Está pedindo a INCORRETA, então como alternativa correta temos a letra A

    A) CORRETA

    Você perguntando "O quê?" antes do verbo, o sujeito sempre aparece; eu não sou muito fã de ficar "perguntando para o verbo" mas funciona em todo os casos. Então fica assim: "O quê precisa ser dadas? O quê se precisa?" = as primeiras informações sobre o mundo. (SUJEITO)
    Na ordem direta fica: As primeiras informações sobre o mundo precisam ser dadas (...)

    B) ERRADA

    Indo ao texto temos as seguintes orações: mas precisa ter consciência de que seus atos repercutem,...

    Galera, isso é certo! Sempre que você tiver um NOME (substantivo, adjetivo ou advérbio) + PREPROSIÇÂO + QUE estamos diante de uma Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal.

    Exemplo: 
    Necessito de que todos me compreendam
                        nome + preposição + que
  • Sera' que algum dos doutores imortais da academia brasiliera de letras que esta colocando ruim nos comentarios que dao como sujeito a expressao grifada na letra A podem explicar o porque de seus sabios conceitos?

    Para mim esta mais que claro que a expressao em destaque na letra A e' sujeito...

    Agora  se alguem discorda, vamos colocar a cara na rua ai gente. Coloquem seus argumentos ao inves de simplesmente darem Ruim a quem esta comentando corretamente as questoes. Se discordam nos ajudem a entender seus pontos de vista para que tambem possamos aprender juntos.
    A impresao que da' e' que quem esta' fazendo isso esta' precisado estudar um pouquinho mais porque nao esta' entendendo nada do que esta' sendo discutido. Vamos ser um pouquinho mais humildes ai e respeitar o esforco de quem esta tentando ajudar certo? Se nao entendeu nada e' melhor nao falar nem fazer nada. Agora se tem um entendimento diferente, vamos materializar os pensamentos de modo a beneficiar a todos ok? E' assim que aprendemos uns com os outros
    Bons estudos, RUMO A NOMEACAO E POSSE
  • GABARITO A

    SUJEITO: As primeiras informações precisam ser dadas. O que precisa? As informações.