SóProvas


ID
3720022
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
UFRB
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

A cidade caminhava devagar
Henrique Fendrich

    Então você que é o Henrique? Ah, mas é uma criança ainda. Meu filho fala muito de você, ele lê o que você escreve. Mas sente-se! Você gosta de ouvir sobre essas coisas de antigamente, não é? Caso raro, menino. A gente já não tem mais com quem falar, a não ser com os outros velhos. Só que os velhos vão morrendo, e com eles vão morrendo as histórias que eles tinham para contar. Olha, do meu tempo já são poucos por aqui. Da minha família mesmo, eu sou o último, não tenho mais irmão, cunhado, nada. Só na semana passada eu fui a dois enterros. Um foi o do velho Bubi. Esse você não deve ter conhecido. Era alfaiate, foi casado com uma prima minha. E a gente vai a esses enterros e fica pensando que dali a pouco pode ser a nossa vez. Mas faz parte, não é? É assim que a vida funciona e a gente só pode aceitar. 
    Agora, muita coisa mudou também. A cidade já é outra, nem se compara com a da minha época. As coisas caminhavam mais devagar naquele tempo. Hoje é essa correria toda, ninguém mais consegue sossegar. Mudou muita coisa, muitos costumes que a gente tinha foram ficando para trás. Olha, é preciso que se diga também que havia mais respeito. Eu vejo pelos meus próprios netos, quanta diferença no jeito que eles tratam os pais deles! Se deixar, são eles que governam a casa. Consegue ver aquele quadro ali na parede? Papai e mamãe… Eu ainda tinha que pedir bênção a eles. A gente fazia as refeições juntos todos os dias, e sempre no mesmo horário. Hoje é cada um para um lado, uma coisa estranha, sabe? Parece que as coisas mudam e a gente não se adapta. E vai a gente tentar falar algo… Ninguém ouve, olham para você como se tivessem muita pena da sua velhice.
    Aqui para cima tem um colégio. Cinco horas da tarde, eles saem em bando. A gente até evita estar na rua nesse horário. Por que você pensa que eles se preocupam com a gente? Só falta eles nos derrubarem, de tão rápido que eles andam. As calçadas são estreitas e, se a gente encontrar uma turma caminhando na nossa direção, quem você acha que precisa descer, eles ou nós, os velhos? É a gente… Nem parece que um dia eles também vão ficar velhos como a gente. A verdade é que as pessoas estão se afastando, não estão se importando mais umas com as outras. Nem os vizinhos a gente conhece mais. Faz mais de um mês que chegou vizinho novo na casa que era do Seu Erico e até agora a gente não sabe quem é que foi morar lá. A Isolda veio com umas histórias de a gente ir lá fazer amizade, mas eu falei para ela que essa gente vive em outro mundo, outros valores, e é capaz até de pensarem mal da gente se a gente for lá.
    Mas você deve achar que eu só sei reclamar, não é? Tem coisa boa também, claro que tem. Hoje as pessoas já não sofrem como na nossa época. Ali faltava tudo, a gente não tinha nem igreja para ir no domingo, imagine só. O padre aparecia uma vez a cada dois meses e olhe lá. E viajar para o centro? Só de carroça, e não tinha asfalto, não tinha nada. Se chovia, a estrada virava um lamaçal e a gente tinha que voltar. Isso mudou, hoje está melhor. Hoje tem todas essas tecnologias aí, é mais fácil tratar doença também. Olha, se eu vivesse no tempo do meu pai, acho que não teria chegado tão longe assim, porque ali não tinha os remédios que eles precisavam, né? Só que também tem essa questão da segurança, que hoje a gente não tem quase nenhuma. A gente tem até medo que alguém entre aqui em casa. São dois velhos, o que a gente vai poder fazer contra o ladrão?
    Mas vamos sentar e tomar um café, a Isolda já preparou. Tem cuque, lá da festa da igreja. Se você viesse ontem, teria encontrado meu filho, ele quem trouxe. Depois quero te mostrar o álbum de fotos do papai. Está meio gasto, as fotos estão amarelas… Mas é normal, né? São coisas de outro tempo. Do tempo em que a cidade caminhava mais devagar.

Adaptado de: <http://www.aescotilha.com.br/cronicas/henrique-fendrich/a-cidade-caminhava-devagar>  . Acesso em: 28 jun. 2019.

No contexto da oração “Mas sente-se!”, o “se” é classificado como

Alternativas
Comentários
  • Gab C

    Partícula expletiva serve para destacar um verbo intransitivo (no caso o verbo "sentar") deixando-o com mais espontaneidade. Para verificar se de fato é uma partícula expletiva, basta retirar da frase e ver se a frase se altera.

    Mas sente-se! - Mas sente!

    O sentido não muda

  • O comentário está correto, porém o GAB. é C. cuidado para não fazer isso na prova! Tenhamos mais cuidado.
  • GABARITO::::::::C) partícula expletiva.

  • Partícula expletiva (ou de realce) somente com estes verbos: rir, sorrir, ir, partir, sentar.

  • PRONOME EXPLETIVO - PRONOME CUMPADE WASHINGTON - BY PROFESSOR PABLO JAMILK

    TIRA O "MAS", SENÃO ALTERA SENTIDO- É P.E

    EX: A PLATEIA SE RIA DO PALHAÇO

    TIRA "SE" E LER

    A PLATEIA RIA DO PALHAÇO

    OU SEJA,

    NÃO ALTERA SENTIDO

  • Eu não entendi foi nada que o colega Kassio quis dizer.

  • GAB C

    Partícula expletiva ou de realce: pode ser retirada da frase sem prejuízo algum para o sentido.

    No caso: mas sente-se! / mas sente!

  • Questão sem gabarito

    O verbo sentar é pronominal, ele pede o uso de um pronome oblíquo átono ao ser conjugado (me, te, se, nos, vos). O Pestana (na p. 898), inclusive, cita este verbo como pronominal e o se como Parte Integrante do Verbo (PIV)

     

    Por exemplo, usando a questão: “Mas sente-se!” --> se o se fosse expletivo, poder-se-ia ter dito "Mas sente", o que estaria errado, já que o verbo sentar necessita do pronome "se" para ficar correto o seu uso.

  • Ao ler mudou o sentido sim, causou ambíguidade.

    Mas sente-se (sentar)

    Mas sente. (verbo sentir. A perda foi grande, e ele diz que não se sente mal, mas sente).

  • GABARITO C

    Trata-se de uma Partícula Expletiva e pode ser retirada da Oração sem causar nenhum prejuízo.

  • O SE é considerado partícula expletiva ou de realce quando ocorre, principalmente, ao lado de verbos intransitivos, de movimento ou que exprimem atitudes da pessoa em relação ao próprio corpo.

  • BIZU: Professor Elias Santana

    Quando se tratar da partícula "SE", observar se é possível identificar quem pratica ação verbal.

    Identificou?

    Sim - Reflexivo, Expletivo ou PIV( Parte integrante do verbo)

    Não - Partícula Apassivadora ou Índice de Indeterminação do Sujeito

    "Então você que é o Henrique? Ah, mas é uma criança ainda. Meu filho fala muito de você, ele lê o que você escreve. Mas sente-se! Você gosta de ouvir sobre essas coisas de antigamente, não é?"

    Pelo contexto é possível identificar quem pratica a ação de se sentar - Henrique

    Logo, será - Reflexivo, Expletivo ou PIV( Parte integrante do verbo)

    Então você que é o Henrique? Ah, mas é uma criança ainda. Meu filho fala muito de você, ele lê o que você escreve. Mas sente-se

    O verbo "sentar-se", no sentido de apoiar as próprias nádegas no assento, é pronominal, ou seja, deve ser conjugado com os pronomes ME, TE, SE, NOS E VOS. Portanto o pronome "SE" da questão deveria ser considerado PIV.

  • O verbo " SENTAR" é transitivo indireto --> V.D.I + SE = ÍNDICE DE INDETERMINAÇÃO DO SUJEITO

    O GABARITO DEVERIA SER A A LETRA "A"

  • q m* é expletiva?!

  • BIZU: Professor Elias Santana

    Quando se tratar da partícula "SE", observar se é possível identificar quem pratica ação verbal.

    Identificou?

    Sim - Reflexivo, Expletivo ou PIV( Parte integrante do verbo)

    Não - Partícula Apassivadora ou Índice de Indeterminação do Sujeito

    "Então você que é o Henrique? Ah, mas é uma criança ainda. Meu filho fala muito de você, ele lê o que você escreve. Mas sente-se! Você gosta de ouvir sobre essas coisas de antigamente, não é?"

    Pelo contexto é possível identificar quem pratica a ação de se sentar - Henrique

    Logo, será - Reflexivo, Expletivo ou PIV( Parte integrante do verbo)

    Então você que é o Henrique? Ah, mas é uma criança ainda. Meu filho fala muito de você, ele lê o que você escreve. Mas sente-se

    O verbo "sentar-se", no sentido de apoiar as próprias nádegas no assento, é pronominal, ou seja, deve ser conjugado com os pronomes ME, TE, SE, NOS E VOS. Portanto o pronome "SE" da questão deveria ser considerado PIV.

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  • RESPOSTA: "C"   

    PARTÍCULA EXPLETIVA OU DE REALCE      liga-se a verbos intransitivos, em geral, para realçar o sujeito, sem ter nenhuma função sintática. Pode ser dispensado sem que haja perda de sentido na frase. 

  • GABARITO: C

    O "se" será partícula expletiva quando puder ser retirado da oração sem que haja prejuízo gramatical e quando for acompanhado de verbo intransitivo com sujeito claro ou oculto.

    Mas você sente!

  • Tal como dito por alguns colegas aqui, em especial o SILVA, não há resposta nas alternativas.

    Sabemos que existem os VERBOS PRONOMINAIS: arrepender-se, queixar-se, suicidar-se.

    Logo, o "SE" não tem função sintática alguma. Faz parte do verbo, é parte integrante dele.

    O mesmo ocorre com verbos que indicam movimento sobre o próprio corpo: levantar-se, sentar-se, atirar-se, debater-se, vestir-se, pentear-se, lavar-se.

    Concluindo: o "SE" informado na alternativa “Mas sente-se!” é PARTE INTEGRANTE DO VERBO.

    Questao deveria ser ANULADA.

  • FUNÇÃO DO SE

     * partícula expletiva: verbo ir, partir, sorrir, rir ou sentar

     * sem agente: pronome apassivador OU partícula de indeterminação do sujeito

     * pratica e sofre a ação: pronome reflexivo

     * nenhum desses: PIV

        - Sentimento(queixar-se, zangar-se, orgulhar-se, sentir-se)

        - Atitudes(tornar-se, suicidar-se, afogar-se, lembrar-se, recordar-se)

  • qual é o erro da letra A?