Características persistentes da “revolução burguesa” no Brasil (Fernandes, 1975) — fruto de uma burguesia nacional subordinada e associada aos núcleos imperialistas — são recicladas sob a prevalência do capital que rende juros associado ao grande capital produtivo: o reforço da heteronomia ou dependência externa e a ampliação das desigualdades internas, enquanto estratégias de domínio de classe. Tais características se atualizam nas atuais condições políticas do país: a forte presença do poder militar no controle do governo; a estreita articulação com a geopolítica norte-americana contra as forças progressistas na América Latina; o ultraneoliberalismo na condução de políticas governamentais; a criminalização e a eliminação das forças de oposição, o intenso investimento ideológico na adesão ao poder instituído por meio da religião de raiz protestante e de recursos midiáticos enquanto estratégias de legitimação política, em detrimento do debate e defesa de projetos para
o Brasil. As forças de resistência sofrem com a recessão econômica, a repressão e a criminalização dos movimentos sociais.
Renovação do Serviço Social no Brasil e desafios contemporâneos
Serv. Soc. Soc., São Paulo, n. 136, p. 439-461, set./dez. 2019