TEXTO 02
Ao chegar ao Rio, de Corumbá, Fuentes hospedou-se no Hotel Bragança, na avenida Mem de Sá.
Um hotel cheio de turistas argentinos falando portunhol. [...]
Na lista telefônica Fuentes escolheu um oftalmologista de nome espanhol, Pablo Hernandez. O dr.
Hernandez descendia de uruguaios e, para desapontamento de Fuentes, não falava espanhol. Em seu bem
montado consultório, na avenida Graça Aranha, na
Esplanada do Castelo, examinou Fuentes cuidadosamente. O cristalino, a íris, a conjuntiva, o nervo ótico,
os músculos, artérias e veias do aparelho ocular estavam perfeitos. A córnea, porém, fora atingida. Didaticamente Hernandez explicou ao seu cliente que a
córnea era uma camada externa transparente através
da qual a luz – e com a luz, a cor, a forma, o movimento das coisas – penetrava no olho.
Córnea – moça, 24ª , vende. Tel. 185-3944.
O anúncio no O Dia foi lido por Fuentes. Ele ligou de seu quarto, no Hotel Bragança. Atendeu uma
mulher...[...] Ela disse que ele podia pegar um ônibus
no largo de São Francisco.
“É para você?”, perguntou a mulher quando
Fuentes lhe falou que era a pessoa que havia telefonado. [...]
“Sim, é para mim.” A mulher não ter percebido
a cicatriz no seu olho esquerdo deixou Fuentes satisfeito. [...]
“Dez milhas”, disse a mulher impaciente. “E
não é caro. O preço de um carro pequeno. Minha filha é muito moça, nunca teve doença, dentes bons,
ouvidos ótimos. Olhos maravilhosos.”
(FONSECA, Rubem. A Grande Arte. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. p. 137-139.)
Leia o trecho destacado a seguir e, no que diz respeito à organização do seu material linguístico-textual,
marque a única alternativa verdadeira.
“O cristalino, a íris, a conjuntiva, o nervo ótico, os
músculos, artérias e veias do aparelho ocular estavam
perfeitos.” (FONSECA, 2008, p. 137)