- ID
- 38266
- Banca
- FCC
- Órgão
- TJ-PA
- Ano
- 2009
- Provas
-
- FCC - 2009 - TJ-PA - Analista Judiciário - Análise de Sistema (Desenvolvimento)
- FCC - 2009 - TJ-PA - Analista Judiciário - Análise de Sistema (Suporte)
- FCC - 2009 - TJ-PA - Analista Judiciário - Área Direito
- FCC - 2009 - TJ-PA - Analista Judiciário - Contabilidade
- FCC - 2009 - TJ-PA - Analista Judiciário - Economia
- FCC - 2009 - TJ-PA - Analista Judiciário - Enfermagem
- FCC - 2009 - TJ-PA - Analista Judiciário - Estatística
- FCC - 2009 - TJ-PA - Analista Judiciário - Oficial de Justiça
- Disciplina
- Português
- Assuntos
Atenção: A questão baseia-se no texto apresentado abaixo.
Liberdade minha, liberdade tua
Uma professora do meu tempo de ensino médio, a propósito de qualquer ato de indisciplina ocorrido em suas aulas, invocava a sabedoria da frase “A liberdade de um termina onde começa a do outro". Servia-se dessa velha máxima para nos lembrar limites de comportamento. Com o passar do tempo, esqueci-me de muita coisa da História que ela nos ensinava, mas jamais dessa frase, que naquela época me soava, ao mesmo tempo, justa e antipática. Adolescentes não costumam prezar limites, e a ideia de que a nossa (isto é, a minha...) liberdade termina em algum lugar me parecia inaceitável. Mas eu também me dava conta de que poderia invocar a mesma frase para defender aguerridamente o meu espaço, quando ameaçado pelo outro, e isso a tornava bastante justa... Por vezes invocamos a universalidade de um princípio por razões inteiramente egoístas. Confesso que continuo achando a frase algo perturbadora, provavelmente pelo pressuposto que ela encerra: o de que os espaços da liberdade individual estejam distribuídos e demarcados de forma inteiramente justa. Para dizer sem meias palavras: desconfio do postulado de que todos sejamos igualmente livres, ou de que todos dispomos dos mesmos meios para defender nossa liberdade. Ele parece traduzir muito mais a aspiração de um ideal do que as efetivas práticas sociais. O egoísmo do adolescente é um mal dessa idade ou, no fundo, subsiste como um atributo de todas?
Acredito que uma das lutas mais ingentes da civilização humana é a que se desenvolve, permanentemente, contra os impulsos do egoísmo humano. A lei da sobrevivência na selva - lei do instinto mais primitivo - tem voz forte e procura resistir aos dispositivos sociais que buscam controlá-la. Naquelas aulas de História, nossa professora, para controlar a energia desbordante dos jovens alunos, demarcava seu espaço de educadora e combatia a expansão do nosso território anárquico. Estava ministrando-nos na prática, ao lembrar os limites da liberdade, uma aula sobre o mais crucial desafio da civilização.
(Valdeci Aguirra, inédito)
A frase invocada nas aulas de História constitui o centro das presentes reflexões do autor do texto, que a explora, fundamentalmente, como expressão