SóProvas


ID
3914359
Banca
Instituto Excelência
Órgão
Prefeitura de Taubaté - SP
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o texto e responda a questão.

Nem a Rosa, Nem o Cravo

    As frases perdem seu sentido, as palavras perdem sua significação costumeira, como dizer das árvores e das flores, dos teus olhos e do mar, das canoas e do cais, das borboletas nas árvores, quando as crianças são assassinadas friamente pelos nazistas? Como falar da gratuita beleza dos campos e das cidades, quando as bestas soltas no mundo ainda destroem os campos e as cidades?
    Já viste um loiro trigal balançando ao vento? É das coisas mais belas do mundo, mas os hitleristas e seus cães danados destruíram os trigais e os povos morrem de fome. Como falar, então, da beleza, dessa beleza simples e pura da farinha e do pão, da água da fonte, do céu azul, do teu rosto na tarde? Não posso falar dessas coisas de todos os dias, dessas alegrias de todos os instantes. Porque elas estão perigando, todas elas, os trigais e o pão, a farinha e a água, o céu, o mar e teu rosto. (...) Sobre toda a beleza paira a sombra da escravidão. É como u’a nuvem inesperada num céu azul e límpido. Como então encontrar palavras inocentes, doces palavras cariciosas, versos suaves e tristes? Perdi o sentido destas palavras, destas frases, elas me soam como uma traição neste momento. 
    (...) 
    Mas eu sei todas as palavras de ódio e essas, sim, têm um significado neste momento. Houve um dia em que eu falei do amor e encontrei para ele os mais doces vocábulos, as frases mais trabalhadas. Hoje só o ódio pode fazer com que o amor perdure sobre o mundo. Só o ódio ao fascismo, mas um ódio mortal, um ódio sem perdão, um ódio que venha do coração e que nos tome todo, que se faça dono de todas as nossas palavras, que nos impeça de ver qualquer espetáculo – desde o crepúsculo aos olhos da amada – sem que junto a ele vejamos o perigo que os cerca.
    Jamais as tardes seriam doces e jamais as madrugadas seriam de esperança. Jamais os livros diriam coisas belas, nunca mais seria escrito um verso de amor. Sobre toda a beleza do mundo, sobre a farinha e o pão, sobre a pura água da fonte e sobre o mar, sobre teus olhos também, se debruçaria a desonra que é o nazifascismo, se eles tivessem conseguido dominar o mundo. Não restaria nenhuma parcela de beleza, a mais mínima. Amanhã saberei de novo palavras doces e frases cariciosas. Hoje só sei palavras de ódio, palavras de morte. Não encontrarás um cravo ou uma rosa, uma flor na minha literatura. Mas encontrarás um punhal ou um fuzil, encontrarás uma arma contra os inimigos da beleza, contra aqueles que amam as trevas e a desgraça, a lama e os esgotos, contra esses restos de podridão que sonharam esmagar a poesia, o amor e a liberdade!

(AMADO, Jorge. Folha da Manhã, 22/04/1945.)

As alternativas abaixo apresentam adjuntos adnominais destacados; EXCETO em :

Alternativas
Comentários
  • ✅ Gabarito: C

    ✓ “Houve um dia em que eu falei do amor (...)” (3º parágrafo).

    ➥ Falei de alguma coisa (em destaque, temos o objeto indireto). Trata-se de um complemento verbal que é iniciado por preposição, completa o sentido do verbo transitivo indireto "falei". 

    ➥ FORÇA, GUERREIROS(AS)!!

  • Adjuntos Adnominais se ligam apenas a substantivos.

    Na letra C, está se ligando a um verbo.

  • *Preposição diferente de “DE” e após substantivo abstrato = CN

    Veja:

    1ª observa-se se o substantivo anterior é concreto ou abstrato

    concreto = AA

    abstrato = Verifica-se a preposição

    2º se a preposição for:

    diferente de “DE” = CN

    igual a DE = verifica-se o agente

    3º se o agente:

    sofrer a ação = CN

    praticar a ação = AA

    Na letra C, encontra- se o verbo falar, após verbo, não trata-se de CN ou AA, mas sim, objeto direto ou indireto

  • GAB ( C )

    Cuidado , porque , embora adjuntos adnominais só mantenham relações com substantivos ,Os complementos nominais podem ter relações com substantivos, mas ABSTRATOS.

    Sendo substantivo concreto = CN.

    A) “Hoje só sei palavras de ódio (...)” (4º parágrafo)

    Quando o termo se liga a substantivo concreto =Adjunto adnominal.

    Em alguns casos consigo fazer a troca ou tentar encaixar um adjetivo ...

    Palavras de ódio / palavras odiosas.

    B) “(...) nunca mais seria escrito um verso de amor.” (4º parágrafo)

    De amor classifica / Verso.

    Perceba que não temos substantivos abstratos.

    Logo, só pode ser CN.

    C) “Houve um dia em que eu falei do amor (...)” (3º parágrafo)

    Falar de algo... Temos um verbo que solicita complemento...

  • ⌦ Gabarito: LETRA C

    ☛ Houve um dia em que eu falei do amor (...)” (3º parágrafo)

    a expressão em destaque exerce a função de objeto direto

    Não desanime. Em breve, seu nome estará no D.O. ✔

  • ...falei do amor

    Falei= Verbo Transitivo Indireto

    do amor= Objeto Indireto (Complemento Verbal)

  • Questão perfeita para quem está tentando aprender a diferença entre os dois.