SóProvas


ID
3957760
Banca
UNEB
Órgão
PM-BA
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

 Leia o texto 01 para responder à questão

Texto 01: O que é mesmo o respeito às diferenças.


Um dos refrãos que são mais ouvidos nos dias de hoje é "tem que haver respeito às diferenças"! Em diferentes situações de agressão, clamamos pelo respeito à pessoa, às leis, aos direitos, aos deveres, à justiça. O que significa de fato esse respeito? O que buscamos quando gritamos por respeito?


Constata-se que esse refrão é interpretado segundo o que a necessidade imediata da pessoa agredida estabelece ou segundo o que estabelece o critério dos que reclamam por esse direito. Mas, se algo é reconhecido como direito, por que» não é vivido como tal? Constata-se que a reciprocidade exigida pelo respeito não é levada em conta, ou seja, o direito ao respeito parece não ter igual legitimidade social. 


A palavra ou o conceito respeito é atribuído - no caso da presente reflexão - às diferenças. Por isso, quero lembrar algo sobre o sentido da palavra respeito. Sua origem está no latim respectus e indica um sentimento de apreço, consideração, deferência, algo que merece um segundo olhar, uma segunda chance, uma segunda atenção.


Não tem a ver com concordância com a posição alheia, mas sim com dar permissão para que ela se manifeste livremente desde que não cause dano a outrem. Respeito exige reciprocidade e aí entramos num terreno muito complexo que, de certa forma, está ausente nas instituições sociais mantidas pelo capitalismo vigente, o maior educador de nosso povo. E isto porque, quando pensamos em respeito e reciprocidade, já temos um quadro mental interpretativo em que submetemos uns aos outros


Respeitar o diferente não é convencê-lo a aderir ao modelo de comportamento que eu apresento como correto ou que a mídia determinou como correto. Tal forma de respeito na realidade é um sutil autoritarismo, um convencimento de que o diferente tem que ser igual a mim mesmo se eu o afirmo como diferente. Sou eu que afirmo o outro/a como diferente.


Por isso, colocar a palavra respeito como anterior às diferenças significa, de certa forma, limitá-las a uma espécie de ordem interpretativa, visto que sozinha a palavra não dá a si mesma um significado. E a pergunta que surge imediatamente é: quem estabelece o significado e ordem do respeito, quem a determina, quem a promove? Estamos dessa forma diante das múltiplas interpretações e dos limites que a palavra respeito contém.

Respeito às diferenças sexuais! Respeito às diferentes etnias! Respeito às diferentes idades! Respeito às leis: É preciso ter respeito à floresta, á terra, aos rios aos -ares. Tudo tem que ter respeito, mas como se pode viver e entender algo mais desse respeito? O que fazer para que ele seja efetivo em favorecer o bem comum?


Diante dessa difícil tarefa, tenho bastante dificuldade com as afirmações sobre respeito ilimitado ou absoluto. Creio que esse absoluto não existe; isso porque não o experimentamos. Minha existência no mundo é, por si só, limitada a esse momento no qual vivo, ao espaço que ocupo, à minha educação, à minha família, a tudo o que recebi. Sou o que sinto, sou as minhas simpatias e antipatias, sou os interesses que defendo e os valores que prezo. Tudo isso sou eu, meu corpo, corpo aberto a tantas coisas e, ao mesmo tempo, limitado a tantas outras.



Por isso, não posso respeitar todas as diferenças e todas as opiniões. Não posso respeitar tudo no sentido de ter que acolher algumas formas de existir que me agridem, ameaçam, matam, destroem minhas convicções, minha maneira de estar no mundo. Tudo isso para afirmar que o 'esperto às diferenças não pode ser absoluto, não é experimentado como absoluto, mas é limitado aos nossos próprios limites.



O que posso fazer é apenas abrir uma conversa, propor um diálogo para que cheguemos a uma coexistência possível para  além da beligerância que se tem instaurado entre nós [...] Eu, que estou faminta e me descubro olhando os restaurantes de luxo sem acesso nem à 'quentinha' diária, não posso sentir respeito por aquela turma sorridente que entra nos restaurantes. [...] Eu, mulher violentada, não posso ter respeito pelos meus violentadores.

 

Minha inserção no mundo, embora seja única, é parcial e, por isso mesmo, o que chamo de respeito também é limitado e pode ser considerado pelo outro algo desrespeitoso. 


Tudo parece um círculo vicioso e sem saída. Mas não é. / Não é sem saída dentro dos limites provisórios de nossa ' história, porque podemos tentar mudar de lugar, perceber, de outro ponto, o mundo que nos constitui e envolve.

[...].


Nessa perspectiva, a diferença não é apenas de etnia, gênero, classe, política e outras tantas manifestações de nosso ser no mundo. A diferença não é apenas algo exterior a nós mesmos. A diferença sou eu, jamais idêntica a minha intimidade, sempre em estado de conversa, de dúvida, de raiva, de preconceito, de desejo, enfim de não coincidência comigo mesma.


[...]. Mas quem acolherá a grande empresa do pensamento, do pensamento fora dos benefícios do mercado, fora das Universidades vendidas às grandes empresas 'educacionais'? Eis a questão que é continuamente lançada a todos/as nós para tentarmos entender um pouco mais o significado múltiplo e complexo do 'respeito às diferenças' e ousar vivê-lo como valor em nosso cotidiano. 


Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/blogs/dialogos-da-fe/o-quee-mesmo-o-resperto-as-diferencas/(ADAPTADO) 

Verifica-se que, em "[...] formas de existir que me agridem, ameaçam, matam, destroem minhas convicções, minha maneira de estar no mundo.", caso se colocasse uma vírgula antes do vocábulo que:

Alternativas
Comentários
  • GAB ( D )

    A redação atrapalha a resolução, mas a noção é a seguinte:

    Quando trocamos o "que " por "qual(ais)" - Pronome relativo. O pronome relativo introduz orações subordinadas adjetivas.

    Sem vírgulas - restritiva

    Com vírgulas - Explicativas

    "[...] formas de existir que ( As quais ) me agridem, ameaçam, matam, destroem minhas convicções, minha maneira de estar no mundo.",

    Perceba que temos uma oração subordinada adjetiva restritiva (sem vírgulas)

    A) ❌ não haveria alteração sintática nem semântica, posto que o uso da vírgula é neste caso facultativo, uma vez que o vocábulo que inicia uma oração subordinada adjetiva restritiva

    COM VÍRGULAS- Explicativa

    SEM VÍRGULAS- Restritiva

    ------------------------------------------------------------------------

    B)❌  Mesma justificativa da A)

    C) haveria alteração sintática e semântica, uma vez que o vocábulo que inicia uma oração subordinada adjetiva explicativa.

    Para mim a redação foi falha , porque o "que" pode introduzir orações adjetivas explicativas ou restritivas.

    Seria melhor ter dito: " o "que" da construção apresentada", mas segue o jogo.

    D) haveria alteração sintática e semântica, uma vez que o vocábulo que inicia uma oração subordinada adjetiva restritiva.

    E) ❌haveria apenas alteração sintática, uma vez que o vocábulo que inicia uma oração subordinada adjetiva explicativa.

  • Resposta: D

  • Quando eu acho que tô arrazando, levo um choque de realidade. Respondi com a premissa que a virgula explica..

    Aí vai a banca e me diz que se coloca-lá a oração vira restrita. Aí é de se lascar! Help

  • Ao meu ver, ficou confusa a redação das alternativas C e D pq eles deixaram em destaque, e talvez de propósito, o que "errado".

    haveria alteração sintática e semântica, uma vez que o vocábulo que inicia uma oração subordinada adjetiva restritiva. (???)

    haveria alteração sintática e semântica, uma vez que o vocábulo que inicia uma oração subordinada adjetiva restritiva.

  • Mike, para acertar a questão, só precisava entender que:

    ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS

    (EXPLICATIVAS)

    -Possuem VÍRGULAS

    -Possuem um caráter SEMÂNTICO GENERALIZADO

    -Assemelham-se a um APOSTO EXPLICATIVO

    -Podem SER REMOVIDAS DA ORAÇÃO SEM CAUSAR PROBLEMAS SEMÂNTICOS

    (RESTRITIVAS)

    -NÃO Possuem VÍGULAS

    -Possuem um caráter SEMÂNTICO ESPECIFICADOR

    -NÃO podem SER REMOVIDAS DA ORAÇÃO SEM CAUSAR PROBLEMAS SEMÂNTICOS

    VOCÊ NUNCA MAIS VAI PASSAR VEXAME NO DIA DA PROVA.

    CFO PM BA

    SERTÃO!!!!!!