SóProvas


ID
3970345
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
UFSM
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Crianças que possuem demais Elas já tendem a acumular muita tralha, não comece essa loucura antes mesmo de elas nascerem, pelo bem delas e do planeta

Isabel Clemente

    [...] O excesso que pauta a ideia do que precisamos ter para viver está tirando a noção de muita gente. Desde que os sacos de pipoca quadruplicaram de tamanho passamos a acumular em casa e no corpo os excessos da vida insustentável. Consumimos e comemos demais. A obesidade como epidemia, inclusive entre crianças, é a prova material disso. Está faltando freio. Ostentar virou um modo de vida numa sociedade cheia de peças faltando. E abro um parêntese importante aqui para dizer que mania de acumulação não é privilégio dos ricos, muito menos dos famosos. Pode ser que as celebridades, depois das declarações públicas, promovam uma doação em peso de tudo que ganharam e, para não magoar ninguém, façam segredo disso. Vai saber.

    O apego é um hábito ruim e democrático: assola pessoas das mais variadas classes. E não afetam só o fulano que pode se tornar um consumidor compulsivo eternamente insatisfeito, como até pesquisas mostram. Há males nesse comportamento que prejudicam todos ao redor.

    Pesquisadores da Northwestern University (EUA) encontraram uma forte correlação entre indivíduos materialistas e um comportamento antissocial, egoísta e competitivo. Segundo esse estudo, que foi publicado em 2012, a tendência da pessoa materialista é apresentar um nível maior de ansiedade e insatisfação com a própria vida. São pessoas que costumam dar ênfase demais a si mesmas e não se envolvem de forma profunda e colaborativa com os demais, de acordo com os experimentos conduzidos por psicólogos e médicos.

    O egoísta é aquele que depois vai, no mínimo, estacionar o carro na vaga de cadeirante ou de idoso sem pertencer a nenhuma das duas categorias porque “precisava urgentemente”. A urgência dele é sempre maior do que a do outro.

    A identidade de uma pessoa não depende apenas de sua índole. Sofre influência do ambiente e da interação até circunstancial com os outros. Por um complexo sistema de trocas subjetivas é que o aprendizado acontece enquanto incorpora valores nos quais acredita. Se ela cresce acostumada à ideia de que precisa de muito, jamais saberá o que é lidar com pouco, não entenderá a diferença entre o que é e o que tem, desenvolvendo grandes chances de buscar aceitação social por aquilo que possui.

    Dosar as posses dos nossos filhos é algo que está em nossas mãos durante um certo (e curto) período da vida deles. É uma atitude que, por um lado, ensina um pouco sobre desprendimento e, por outro, auxilia na organização da própria vida. Cabe aos responsáveis estabelecer regras e apresentar propostas sadias para que o quarto do filho - e consequentemente a vida dele - não se torne um depósito infinito de tudo que ele irá ganhar durante a vida.

    Crianças requerem atenção redobrada porque são seres em formação. Estão mais propensas a terem o foco desviado. Presas fáceis dos comerciais na televisão, conhecem todos os brinquedos que não têm. Querem quase tudo porque está para nascer o ser humano imune a tanto apelo. Ensinálas nesse ambiente adverso dá mais trabalho. Passa pelo exemplo e pelo convencimento, ou você ouvirá da sua filha de quatro anos que seu armário também está cheio de roupas, quando a ela for negado um novo brinquedinho no mesmo dia em que você tiver comprado uma blusa.

    Lá em casa, chegada a hora de se desfazer de brinquedos e roupas, sempre rolam discussões e argumentações que aos poucos constroem nas crianças um pouco dos princípios nos quais eu e meu marido acreditamos. É preciso abrir mão enquanto o brinquedo e a roupa forem úteis e bons a quem os herdar. Não podemos ter vergonha daquilo que estamos doando. E se sentir saudade depois daquilo que perdeu, ótimo, faz parte do crescimento também saber lidar com perdas.

    Crianças que possuem demais sofrem do mesmo mal do adulto obrigado a fazer escolhas em demasia todos os dias, não valorizam o que têm, perdem tempo e sentem-se perdidas.

    Essa é a lógica que procuro empregar na minha vida, mas quem ouviu aquele disparate da filha de quatro anos fui eu.

Adaptado de http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/isabel-clemente/ noticia/2014/02/criancas-que-bpossuem-demaisb.html 

Em “Lá em casa, chegada a hora de se desfazer de brinquedos e roupas...”, a vírgula foi utilizada

Alternativas
Comentários
  • Lá em casa, chegada a hora de se desfazer de brinquedos e roupas...”

    Temos um adjunto adverbial de lugar deslocado da ordem direta, vírgula facultativa por ser de pequeno corpo (para a maioria dos gramáticos).

    GABARITO. D

  • A questão em tela é sobre o assunto vírgula e quer que indiquemos qual o motivo da vírgula ter sido utilizada. Vejamos:

    Em “Lá em casa, chegada a hora de se desfazer de brinquedos e roupas...”, a vírgula foi utilizada

    O termo que está separado por vírgula circunstancia uma ideia de lugar. Em qual lugar que é chegada a hora de e desfazer de brinquedos e roupas...? Lá em casa. O termo está no começo da frase, quando na verdade deveria está no final da oração. Chamamos o termo de adjunto adverbial de lugar.

    Diante dessa pequena explicação, podemos analisar cada alternativa a fim de encontramos a resposta correta.

    a) para separar adjunto adverbial de tempo deslocado.

    Incorreta. O termo indica lugar e não tempo.

    Exemplo de adjunto adverbial de tempo: há,nesta fria noite, a estreia de um filme.  

    b) para separar aposto explicativo.

    Incorreta. O termo não é aposto, pois aposto é um termo que explica outro. Ex: Júlia, a melhor aluna da turma, passou de ano com notas altíssimas.

    c) para separar adjunto adverbial de modo deslocado.

    Incorreta. Não é adjunto adverbial de modo.

    Exemplo de adjunto adverbial de modo: saiu sem destino, às pressas. 

    d) para separar adjunto adverbial de lugar deslocado.

    Correta. Como vimos na explicação, é de fato um adjunto adverbial de lugar.

    e) para separar adjunto adnominal deslocado.

    Incorreta.  O termo em destaque é um adjunto adverbial de tempo e não adnominal já que tem a função diretamente ligada ao verbo. Os adjuntos adnominais acompanham substantivo.

    Ex: O poeta inovador enviou dois longos trabalhos

    GABARITO: D

  • AOCP é uma banca que cobra adjunto adverbial deslocado de curta extensão como obrigatório o uso da vírgula.

  • [GABARITO: LETRA D]

    Vírgula – indica uma pequena pausa na sentença.

    Não se emprega vírgula entre:

    • Sujeito e verbo.

    • Verbo e objeto (na ordem direta ou inversa da sentença).

    OBS: Cabe lembrar que, num sujeito composto, o último dos termos coordenados não se separa por vírgula do verbo.

    As aves, as flores, os homens renascem na primavera.

    Para facilitar a memorização dos casos de emprego da vírgula, lembre-se de que:

    A vírgula é: DEEEIS

    Desloca | Enumera | Explica |Enfatiza | Isola | Separa

    #Emprego da vírgula

    a) separar termos que possuem mesma função sintática no período quando não vierem ligados pelas conjunções E, OU e NEM:

    Li GoetheNietzsche, Montesquieu, Rousseau e Merleau-Ponty.

    OBS: Quando ocorre polissíndeto, ou seja, quando as conjunções e, ou e nem vêm repetidas numa enumeração, também se separa por vírgula os elementos coordenados.

    Adoro lírios, e rosas, gerânios, e hortênsias, e jasmins.

    OBS: O assíndeto caracteriza-se pela omissão da conjunção entre o penúltimo e o último termo de uma enumeração, caso em que o emprego da vírgula será obrigatório.

    João coleciona livros antigos, selosfigurinhas, botões.

    b) isolar o vocativo:

    - Força, guerreiro!

    c) isolar o aposto explicativo:

    - José de Alencar, o autor de Lucíola, foi um romancista brasileiro.

    OBS: Quando o aposto for enumerativo, podem ser usados os dois pontos.

    Comprei duas frutas que adoro: [abacaxi e uva].

    d) mobilidade sintática:

    - TemerosoAmadeu não ficou no salão.

    e) separar expressões explicativas, continuativa, conclusiva, enfática, conjunções e conectivos:

    - Isto é, ou seja, por exemplo, além disso, pois, porém, mas, no entanto, assim, etc.

    f) separar os nomes dos locais de datas:

    - Cascavel, 10 de março de 2012.

    g) isolar orações adjetivas explicativas:

    - O Brasil, que busca uma equidade social, ainda sofre com a desigualdade.

    h) separar termos enumerativos:

    - O palestrante falou sobre fome, tristeza, desemprego e depressão.

    i) omitir um termo:

    - Pedro estudava pela manhã; Mariana, à tarde.

    j) separar algumas orações coordenadas:

    - Júlio usou suas estratégias, mas não venceu o desafio.

    k) separar os predicativos de valor explicativo antepostos:

    Maria, cheia de emoção, aceitou o pedido do noivo.

    l) separar o adjunto adverbial deslocado de sua posição habitual:

    Na manhã daquele dia, João saiu sem dar explicação.

    João saiu sem dar explicação na manhã daquele dia.

    m) separar orações coordenadas sindéticas ou assindéticas:

    Depois do susto, as pessoas nem falavam, nem sorriam.

    Os pensamentos vêmvão, retornamsomem de vez.

    n) separar orações subordinadas adverbiais deslocadas:

    Ex.: Quando era menino, gostava de ouvir histórias.

    o) separar as orações intercaladas:

    — Bom dia, disse o menino, ao ver sua madrinha.

    OBS: Nesse caso, a pontuação mais frequente é o travessão.

    p) separar os membros paralelos de um dito proverbial.

    Dia de muito, véspera de pouco.

    RESUMO TIRADO AULAS DO QC E PROFº PABLO JAMILK.