SóProvas


ID
3976858
Banca
Prefeitura do Rio de Janeiro - RJ
Órgão
Prefeitura de Rio de Janeiro - RJ
Ano
2013
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Gastei uma hora pensando um verso

Que a pena não quer escrever.

No entanto ele está cá dentro

Inquieto, vivo.

Ele está cá dentro

E não quer sair.

Mas a poesia deste momento

Inunda minha vida inteira.

Carlos Drummond de Andrade. “Poesia”, In: Reunião: 10 livros de poesia. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974.

“Mas a poesia deste momento/inunda minha vida inteira”. O recurso expressivo presente no verso em destaque também é predominante em:

Alternativas
Comentários
  • Em palavras breves, as figuras de linguagem são recursos expressivos utilizados com objetivo de gerar efeitos no discurso. Dentro do extenso grupo em que se arrolam esses recursos, existem quatro subdivisões: figura de palavra, figura de construção, figura de sintaxe e figura de som.

    “Mas a poesia deste momento/inunda minha vida inteira”.

    No fragmento em destaque, consta a hipérbole, a figura do exagero da qual se servem os autores a fim de deformar a realidade. Ex.: “Os autos voam pela via central, e cruzam-se pedestres em todas as direções.” (Monteiro Lobato)

    a) “A noite é uma enorme esfinge de granito negro.” – Mario Quintana

    Incorreto. Há metáfora, recurso expressivo demasiadamente portentoso e que, do ponto de vista puramente formal, consiste na transferência de um termo para uma esfera de significação que não é sua, normalmente em virtude de uma comparação implícita, ou seja, que não apresenta elementos comparativos do tipo "como", "qual", "tal como", "tal qual". Em suma, para se reconhecer a metáfora, deve-se levar em conta a relação de similitude, semelhança. Exs.:

    “Incêndio — leão ruivo, ensanguentado.” (Castro Alves)

    “Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando Pessoa)

    Todavia, nem sempre está implícita essa comparação, como se veem nos exemplos a seguir extraídos de Moderna Gramática Portuguesa, de Evanildo Bechara: “sol da liberdade”, “vale de lágrimas”, “negros pressentimentos”, “não ponha a carroça diante dos bois”.

    b) “Vozes veladas, veludosas vozes.” – Cruz e Sousa

    Incorreto. Há aliteração, repetição de fonema vocálico (em relação a vogais) ou consonântico (em relação a consoantes) igual ou parecido, para descrever ou sugerir acusticamente o que temos em mente, quer por meio de uma só palavra, quer por unidades mais extensas. Exs.:

    Bramindo o negro mar, de longe brada.” (Luís de Camões)

    Boi bem bravo. Bate baixo, bota baba, boi berrando.” (Guimarães Rosa)

    c) “Quem acha vive se perdendo.” – Noel Rosa

    Incorreto. Há paradoxo (ou oximoro), que consiste na contradição entre ideias de tão modo acentuada que margeia o absurdo, o ilogismo. Ex.: "Estou cego e vejo/Arranco os olhos e vejo." (Carlos Drummond de Andrade)

    d) “As estrelas foram chamadas e disseram: aqui estamos.” – Antônio Vieira

    Incorreto. Há personificação, prosopopeia ou animismo, que consiste na atribuição de ações, qualidades ou sentimentos humanos a seres inanimados. Também é utilizada para emprestar vida e ação, não necessariamente humanas, a seres inanimados. Exs.:

    “O carrinho tem pouco serviço e passa mor parte do tempo no depósito.” (Monteiro Lobato)

    “Os sinos chamam para o amor.” (Mario Quintana);

    “(...) o sol, no poente, abre tapeçarias...” (Cruz e Sousa);

    “Um frio inteligente (...) percorria o jardim...” (Clarice Lispector)

    e) “Rios te correrão dos olhos, se chorares!” – Olavo Bilac

    Correto. Há hipérbole. Vide detalhamento inicial.

    Letra E