Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.
Há muito tempo que ouço profecias sobre como a generalização da internet iria acabar com o espaço urbano. Boa parte dos
ensaios críticos apostava na ideia de que as novas comunicações virtuais, somadas ao sistema de entregas de produtos que nascia,
matariam os espaços públicos. Pois bem, o que vemos hoje é que nada disso aconteceu. Seja porque a interpretação estava errada,
seja porque a portabilidade permitiu que a internet ativasse os usos do espaço urbano, ao invés de substituí-los.
É nesse contexto que se insere, hoje, o Pokémon Go, um jogo de realidade aumentada em que esses pequenos seres surgem
virtualmente no mundo real, tanto dentro das casas quanto em calçadas, ruas e, sobretudo, avenidas, praças e parques. Sendo que
as bolas, instrumento necessário para capturar os pokémons, são encontradas em inúmeros pontos espalhados pela cidade,
preferencialmente monumentos.
O fenômeno Pokémon Go tem provocado uma série de situações desconcertantes no cotidiano das cidades, com a invasão
ruidosa de jovens caçadores em cemitérios, hospitais ou lugares de culto. Mas o impulso de quem sai à cidade em busca de
pokémons não é o de inventar novos cotidianos ou potencializar a imaginação.
A atração que leva os seus jogadores para as cidades é justamente, por mais paradoxal que seja, o ímpeto que os faz não
conhecê-las, aprisionando bichinhos em bolas vermelhas da mesma forma que turistas acumulam inutilmente imagens em suas
câmeras fotográficas.
(Adaptado de: WISNICK, Guilherme. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/guilherme-wisnik/2016/09/18)
... o ímpeto que os faz não conhecê-las... (último parágrafo)
Os elementos sublinhados acima se referem, na ordem dada, a: