SóProvas


ID
4036663
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
Câmara de Maringá- PR
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

A Metamorfose (Franz Kafka) 

      Quando certa manhã Gregor Samsa acordou de sonhos intranquilos, encontrouse em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso. Estava deitado sobre suas costas duras como couraça e, ao levantar um pouco a cabeça, viu seu ventre abaulado, marrom, dividido por nervuras arqueadas, no topo do qual a coberta, prestes a deslizar de vez, ainda mal se sustinha. Suas numerosas pernas, lastimavelmente finas em comparação com o volume do resto do corpo, tremulavam desamparadas diante dos seus olhos.
       – O que aconteceu comigo? – pensou.
     Não era um sonho. Seu quarto, um autêntico quarto humano, só que um pouco pequeno demais, permanecia calmo entre as quatro paredes bem conhecidas. Sobre a mesa, na qual se espalhava, desempacotado, um mostruário de tecidos – Samsa era caixeiroviajante –, pendia a imagem que ele havia recortado fazia pouco tempo de uma revista ilustrada e colocado numa bela moldura dourada. Representava uma dama de chapéu de pele e boá de pele que, sentada em posição ereta, erguia ao encontro do espectador um pesado regalo também de pele, no qual desaparecia todo o seu antebraço. 
      O olhar de Gregor dirigiu-se então para a janela e o tempo turvo – ouviam-se gotas de chuva batendo no zinco do parapeito – deixou-o inteiramente melancólico. 
        – Que tal se eu continuasse dormindo mais um pouco e esquecesse todas essas tolices? – pensou, mas isso era completamente irrealizável, pois estava habituadoa dormir do lado direito e no seu estado atual não conseguia se colocar nessa posição. Qualquer que fosse a força com que se jogava para o lado direito, balançava sempre de volta à postura de costas. Tentou isso umas cem vezes, fechando os olhos para não ter de enxergar as pernas desordenadamente agitadas, e só desistiu quando começou a sentir do lado uma dor ainda nunca experimentada, leve e surda.
      –Ah, meu Deus! – pensou. – Que  profissão cansativa eu escolhi. Entra dia, sai dia – viajando. A excitação comercial é muito maior que na própria sede da firma e além disso me é imposta essa canseira de viajar, a preocupação com a troca de trens, as refeições irregulares e ruins, um convívio humano que muda sempre, jamais perdura, nunca se torna caloroso. O diabo carregue tudo isso!
      Sentiu uma leve coceira na parte de cima do ventre; deslocou-se devagar sobre as costas até mais perto da guarda da cama para poder levantar melhor a cabeça; encontrou o lugar onde estava coçando, ocupado por uma porção de pontinhos brancos que não soube avaliar; quis apalpá-lo com uma perna, mas imediatamente a retirou, pois ao contato acometeram-no calafrios.

Franz Kafka. A metamorfose (tradução de Modesto Carone). São Paulo: Companhia das Letras, 2015. 

Em relação ao seguinte excerto: “O olhar de Gregor dirigiu-se então para a janela e o tempo turvo – ouviam-se gotas de chuva batendo no zinco do parapeito – deixou-o inteiramente melancólico.”, assinale a alternativa correta.

Alternativas
Comentários
  • Número de orações = Número de verbos

  • (A) Há, nesse excerto, quatro orações.

    O olhar de Gregor dirigiu-se então para a janela e o tempo turvo – ouviam-se gotas de chuva batendo no zinco do parapeito – deixou-o inteiramente melancólico.”

    (B) “Gregor” é o sujeito do verbo “dirigir-se”.

    Olhar de Gregor > sujeito.

    (C) Em “ouviam-se gotas de chuva”, há sujeito indeterminado.

    Gotas de chuva > sujeito.

    (D) O adjunto adverbial “batendo no zinco do parapeito” faz referência ao substantivo “chuva”.

    Faz referencia a gotas de chuva.

    (E) O sujeito de “deixar” é “o olhar de Gregor”.

    Tempo turvo > sujeito.

    Qualquer erro informar por gentileza.

  • GABARITO -E

    “O olhar de Gregor dirigiu-se então para a janela e o tempo turvo – ouviam-se gotas de chuva batendo no zinco do parapeito – deixou-o inteiramente melancólico.”

    ---------------------------------------------------------

    A) Há, nesse excerto, quatro orações.

    ORAÇÕES = Verbos.

    Conte comigo: dirigiu-se, ouviam-se, batendo , deixou-o

    --------------------------------------------------------

    B) “Gregor” é o sujeito do verbo “dirigir-se”.

    O olhar de Gregor dirigiu-se

    quem dirigiu-se ?

    O olhar dirigiu-se

    --------------------------------------

    C) Em “ouviam-se gotas de chuva”, há sujeito indeterminado.

    CUIDADO:

    VTD + SE - Partícula Apassivadora

    Ouviam-se / algo - OD - Gotas de chuva.

    VTI + SE = Índice de indeterminação do sujeito

    ex: precisa-se de médicos.

    --------------------------------------------------

    D) O adjunto adverbial “batendo no zinco do parapeito” faz referência ao substantivo “chuva”.

    ouviam-se gotas de chuva batendo no zinco ..

    As gotas de chuva batiam no zinco.

    -----------------------------------------

    E) O sujeito de “deixar” é “o olhar de Gregor”.

    O que deixou inteiramente melancólico?

    o tempo turvo

  • GABARITO: A

    Há, nesse excerto, quatro orações.

    O olhar de Gregor dirigiu-se então para a janela e o tempo turvo – ouviam-se gotas de chuva batendo no zinco do parapeito – deixou-o inteiramente melancólico.”

    DICA:

    ORAÇÕES = Verbos.

    OS 4 VERBOS : dirigiu-se, ouviam-se, batendo , deixou-o

  • GABARITO "A"

    a) Há, nesse excerto, quatro orações.

    Correto. O número de orações de uma frase é o mesmo do número de verbos, salvo se houver locução verbal, pois esta é considerada como apenas um verbo, e não dois. Exemplo:

    "Manoel brinca no parque". Há, nessa frase, apenas 1 oração, haja vista que só há 1 verbo (brincar).

    "Manoel havia brincado no parque". Nessa frase há, também, apenas 1 oração, pois a locução verbal (havia brincado) equivale ao verbo "brincara"

    Vamos analisar a frase, então:

    “O olhar de Gregor dirigiu-se então para a janela e o tempo turvo – ouviam-se gotas de chuva batendo no zinco do parapeito – deixou-o inteiramente melancólico.” 4 verbos = 4 orações

    b) “Gregor” é o sujeito do verbo “dirigir-se”.

    Errado. Faça a pergunta ao verbo: O que é que dirigiu-se para a janela? O olhar de Gregor. Esse, então, é o sujeito, e não apenas "Gregor"

    c) Em “ouviam-se gotas de chuva”, há sujeito indeterminado.

    Errado. Tente passar para a voz passiva analítica. Caso dê certo, há sujeito. Veja:

    "Ouviam-se gotas de chuva" -> "Gotas de chuva eram ouvidas". Quem eram ouvidas? As gotas de chuva (sujeito).

    d) O adjunto adverbial “batendo no zinco do parapeito” faz referência ao substantivo “chuva”

    Errado. O que estava batendo no zinco do parapeito? As gotas de chuva, e não apenas a chuva.

    e) O sujeito de “deixar” é “o olhar de Gregor”.

    Errado. "deixou-o inteiramente melancólico."

    Deixou quem melancôlico? Gregor. Portanto, esse é o sujeito.

    Corrijam-me, caso necessário.

    BONS ESTUDOS! :)

  • Vi a estrutura de sujeito indeterminado (verbo na 3ªp. do singular + SE) e confiei cegamente.

  • GABARITO A

    HÁ ALGUNS COMENTÁRIOS EQUIVOCADOS EM RELAÇÃO À LETRA D, VAMOS LÁ

    A ] Há, nesse excerto, quatro orações. [ CORRETA ] "DIRIGIR, OUVIR, BATER E DEIXAR"

    B ] “Gregor” é o sujeito do verbo “dirigir-se”.[ ERRADO] - " O OLHAR DE GREGOR QUE É O SUJEITO DO VERBO DIRIGIU-SE"

    C ] Em “ouviam-se gotas de chuva”, há sujeito indeterminado. [ ERRADO ] O SUJEITO É SIMPLES, GOTAS DE CHUVA, E ESTÁ REPRESENTADO COMO SUJEITO SIMPLES PACIENTE, PORQUE O ORAÇÃO ESTÁ NA VOZ PASSIVA SINTÉTICA

    OUVIAM-SE GOTAS DE CHUVA / GOTAS DE CHUVAS FORAM OUVIDAS

    D ] O adjunto adverbial “batendo no zinco do parapeito” faz referência ao substantivo “chuva”. [ ERRADO ]

    VEJA QUE A EXPRESSÃO "BATENDO NO ZINCO DO PARAPEITO" NÃO É E NUNCA UM SERÁ UM ADJUNTO ADVERBIAL.

    HÁ DOIS ERROS NESTE ITEM:

    1 - NO ADJUNTO ADVERBIAL NÃO HÁ VERBO , PORQUE SE EXISTIR VERBO, SERÁ UMA ORAÇÃO ADVERBIAL E NÃO UM ADJUNTO ADVERBIAL

    2 - A EXPRESSÃO EM DESTAQUE É UMA "ORAÇÃO SUBORDINADA ADJETIVA RESTRITIVA REDUZIDA DE GERÚNDIO", A ORAÇÃO ESTÁ NA SUA FORMA REDUZIDA, VAMOS DESENVOLVÊ-LA AGORA QUE FARÁ TODO SENTIDO

    -- OUVIAM-SE GOTAS DE CHUVAS "AS QUAIS BATIAM NO ZINCO DO PARAPEITO"

    DEU PARA ENTENDER AGORA? RS

    ITEM BOM PARA ANALISAR

    E ] O sujeito de “deixar” é “o olhar de Gregor”. [ ERRADO ]

    O SUJEITO DE VERBO "DEIXAR" É O "TEMPO TURVO"

    NA ORDEM DIRETA:

    O TEMPO TURVO DEIXOU-O MELANCÓLICO

    LEMBRANDO QUE O PRONOME OBLIQUO "O" TEM A SUA FUNÇÃO SINTÁTICA DE OBJETO DIRETO DO VERBO "DEIXAR"

  • me lasquei bunito....rsrsrs

  • Letra A – CERTA – A primeira oração é “O olhar de Gregor dirigiu-se então para a janela”; a segunda, “ouviam-se gotas de chuva”; a terceira “batendo no zinco do parapeito”; a quarta, “e o tempo curvo... deixou-o inteiramente melancólico.

    Letra B - ERRADA – O sujeito é, na verdade, “O olhar de Gregor”.

    Letra C – ERRADA – O sujeito de “ouviam-se” é “gostas de chuva”. Note que o SE assume a função de partícula apassivadora, cuja missão é transformar o objeto direto em sujeito paciente.

    Letra D – ERRADA – Não se trata de um adjunto adverbial, e sim de uma oração subordinada adjetiva restritiva reduzida de gerúndio.

    Letra E – ERRADA – O sujeito de “deixar” é “o tempo turvo”.

    Resposta: A

  • VTD VTDI + SE = Partícula Apassivadora (verbo concorda com o sujeito paciente).

    Ex.: Ouviam-se / algo - OD - Gotas de chuva.

    VTI VI VL + SE = Índice de indeterminação do sujeito (verbo fica na 3.ª pessoa do singular.)

    Ex.: Precisa-se de médicos.

    Como diferenciar o sujeito indeterminado do s. oculto ou do s. paciente: o sujeito indeterminado não se refere a um sujeito que já tenha sido citado anteriormente, pois nesse caso, o sujeito seria oculto. No caso do sujeito paciente, basta colocar na voz passiva analítica.

    Ex.: Ana e Marta são muito negativas. Reclamam de tudo. (sujeito oculto = (Elas - Ana e Marta) reclamam de tudo). Lembre-se que não existe sujeito oculto ''eles'', o ''elas'' dentro do parênteses foi apenas didático.

    Ex.: "Ouviam-se gotas de chuva" -> "Gotas de chuva eram ouvidas". Quem eram ouvidas? As gotas de chuva (sujeito).

  • Acho que só serei nomeado um dia, se existir algum concurso que NÃO TENHA PORTUGUÊS, Que matéria desnecessária viu.

  • pessoal, quanto à letra A.

    GREGOR, somente esse termo, não tem como ser sujeito do verbo dirigir-se. Ele é um termo preposicionado.

    A expressão inteira: O OLHAR DE GREGOR essa sim é sujeito do verbo dirigir-se.

  • GAB(A)

    "DIRIGIR, OUVIR, BATER E DEIXAR"

  • Para responder a  esta questão, exige-se conhecimento em análise sintática do período abaixo. Vejamos:

    O olhar de Gregor dirigiu-se então para a janela e o tempo turvo – ouviam-se gotas de chuva batendo no zinco do parapeito – deixou-o inteiramente melancólico.”

    a) Correta.

    Contam-se as orações pelo mesmo número de verbo ou locução verbal.

    Dirigir/ ouvir/bater/ deixar. Ou seja, quatro orações.

    b) Incorreta.

    "O olhar de Gregor" é o sujeito do verbo “dirigir-se”, e não apenas "Gregor".

    c) Incorreta.

    Em “ouviam-se gotas de chuva”, o sujeito paciente é "gostas de chuvas". Na voz passiva analítica fica assim: Gostas de chuva são ouvidas.

    d) Incorreta.

    A expressão “batendo no zinco do parapeito” é um oração reduzida de gerúndio, e não um adjunto adverbial.

    e) Incorreta.

    O sujeito de “deixar” é “o tempo turvo”. Deixou o quê? O tempo está turvo.

    Gabarito: E