SóProvas


ID
4068664
Banca
VUNESP
Órgão
Prefeitura de São José dos Campos - SP
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Um pouco de gentileza

    Pessoas bem educadas pedem “por favor”. A ideia prática por trás da polidez sempre foi esta: se você pede com bons modos, tem mais chance de conseguir o que quer. Funcionava.

    Em algum momento, que não consigo localizar no tempo exato da minha vivência, mas calculo que tenha sido pela metade dos anos 1960, o desrespeito, e logo a grosseria, e daí a pouco a arrogância, e já, já a truculência, contrabandeados para a vida civil e aprendidos em culturas de fora, instalaram-se nos modos do morador civilizado das nossas cidades, aquele que dava lugar no bonde às senhoras e aos mais velhos, dizia “bom dia” aos que passavam, pedia licença, não economizava o “por favor”, deixava entrar primeiro as damas, abria a porta do carro para a namorada, e tantas gentilezas extintas ou em extinção.

    Noto, circulando pela cidade, que há sinais de amabilidade por aí, uma cordialidade escrita. Pedidos e avisos delicados, dirigidos aos cidadãos passantes. Pode ser uma retomada, por que não?

    Uma placa bem no centro do muro do estacionamento de uma farmácia na Pompeia: “Este estabelecimento cuida da sua saúde, portanto o aspecto de limpeza é muito importante. Por favor, não piche. Contamos com a sua colaboração”. O muro tem estado limpo de rabiscos nestes dois anos em que venho andando por lá a caminho da hidroginástica.

    Há quem junte humor e ironia ao pedido, sem perder a delicadeza. Em uma aréola na Pompeia (Sabem o que é uma aréola? Pois aprendi que o pequeno ajardinado que circula o pé das árvores nas calçadas se chama aréola. Quem terá posto nome tão delicado quanto apropriado ao jardinzinho?), então, eu dizia, em uma aréola na Pompeia, encontro fincada uma plaquinha com os dizeres: “Senhor Cão, favor não fazer suas necessidades neste local”.

    Bem perto dali, em um ajardinado que contorna um poste, fincaram um repique* com nova dose de humor: “Senhor Cão, favor não deixar seu dono fazer xixi aqui”.

    Quem mora perto de boteco, sabe que não é fácil a convivência. Reclamações resultam inúteis. Quando a iniciativa de serenar os alegrados fregueses parte dos donos, e num tom amável, o resultado é melhor. Está dando certo em um boteco de Belo Horizonte, onde se lê: “Pedimos a colaboração dos frequentadores quanto às palmas, à cantoria etc. para não termos problemas com a vizinhança”.

    Em um posto de gasolina no Pari: “Senhor ladrão, favor passar outra hora. Seu colega já levou tudo”. Será que adianta? Até quem tem mais de 100 anos e boa memória se lembra do aviso nas casas do pequeno comércio de bairro: “Fiado, só amanhã”. Achávamos graça nessa habilidade com as palavras.

    Até nas estradas, lugar de bravatas e desafios, encontro pacíficos. Em um automóvel em Itaboraí, no Rio de Janeiro: “Calma... Eu sou 1000 e ando a gás...”.

(http://vejasp.abril.com.br/materia/ivan-angelo-um-pouco-degentileza-cronica. Publicado em 12.02.2016. Adaptado)

*repique: advertência, aviso

Considere as frases reescritas com base no texto.

• __________ o aspecto de limpeza é importante para a farmácia, por favor, não piche.

•  As estradas são verdadeiros campos de bravatas, __________ há alguns motoristas que se revelam pessoas pacíficas.

•  “Senhor ladrão, favor passar outra hora, __________ seu colega já levou tudo.

Para preservar o sentido original do texto, as lacunas devem ser preenchidas, respectivamente, por

Alternativas
Comentários
  • GABARITO - B

    I) ( COMO ) o aspecto de limpeza é importante para a farmácia, por favor, não piche.

    Há uma ideia de causa. faça uma inclusão de um " Já que" .

    Expressam ideia de causa: porque, que, como (= porque, no início da frase), pois que, visto que, uma vez que, porquanto, já que, desde que,

    -----------------------------------------

    II) As estradas são verdadeiros campos de bravatas, ( PORÉM ) há alguns motoristas que se revelam pessoas pacíficas.

    Temos uma ideia de adversidade. Faça a troca por Mas.

    Expressam ideia de adversidade:

    mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto,

    não obstante.

    ------------------------------

    III) “Senhor ladrão, favor passar outra hora, ( POIS) seu colega já levou tudo.

    Temos uma conjunção explicativa.

    expressam o mesmo sentido : que, porque, pois (antes do verbo), porquanto.

    Sobre as outras:

    a) Conforme ( Conformativa ) salvo se ( condicional )

    c) Enquanto ( temporal ) se bem que ( concessiva )

    d) Se ( condicional ) à medida que ( proporcional )

    e) Visto que ( causal ) ou ( alternativa ) por conseguinte ( conclusiva )

    Bons estudos!

  • Assertiva B

    Como ... todavia ... pois

    portanto o aspecto de limpeza é muito importante. Por favor, não piche. Contamos com a sua colaboração”. O muro tem estado limpo de rabiscos nestes dois anos em que venho andando por lá a........

    Expressa o sentido de Causa ,= Como

  • Começo de frase ,logo pensei ,so pode ser aditivas = não só,como tambem,não só,como,ainda , nao só mais ainda, bem como,assim como,tanto como ,mas também, nem tampouco, nem ,não

  • Essa é uma questão que exigia dos candidatos um bom conhecimento sobre o uso de conectivos. Analisemos, então as frases com as lacunas deixadas pelas bancas para ver quais conectivos se adequam a elas.

    No trecho “_______o aspecto de limpeza é importante para a farmácia, por favor, não piche", entende-se que o pichador não deve pichar porque a limpeza é algo essencial para uma farmácia. Assim, o conectivo deve introduzir uma ideia de causa. Analisando as opções, vemos que somente duas opções contemplam essa possibilidade, que são as letras B e E, com os conectivos “como" e “visto que". Mesmo sendo essencialmente comparativo, “como" também possui esse valor causal, por exemplo:

    Como hoje recebi meu pagamento, farei as compras do mês = Porque hoje recebi meu pagamento, farei as compras do mês.

    Assim, podemos já trabalhar somente com essas duas opções. Prosseguindo, o segundo excerto destacado pela banca – “As estradas são verdadeiros campos de bravatas, __________  há alguns motoristas que se revelam pessoas pacíficas" – revela duas orações que se opõem, já que começa dizendo que as estradas são campos de bravatas (que significa ameaças, intimidações), mas que, ainda assim, há alguns motoristas pacíficos. Temos, na letra B, um conectivo adversativo por excelência, que é o “todavia". Já na letra E, há um conectivo que indica alternativa. Isso significa que a opção E já não é mais uma alternativa viável.

    Para certificar que a letra B é a opção a se marcar, verifiquemos a terceira frase: “Senhor ladrão, favor passar outra hora, __________ seu colega já levou tudo". Aqui, percebe-se que o ladrão deve passar outra hora porque outro já passou por ali e levou tudo. Ora, “pois" é justamente uma das mais conhecidas conjunções causais de nossa gramática e se adequa perfeitamente ao contexto da frase. Sendo assim, confirma-se a letra B como a alternativa correta.

     Gabarito do Professor: Letra B.