SóProvas


ID
4072690
Banca
FUNCAB
Órgão
Prefeitura de Porto Velho - RO
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto para responder á questão.


Um chá maluco


        Em frente à casa havia uma mesa posta sob uma árvore, e a Lebre de Março e o Chapeleiro estavam tomando chá; entre eles estava sentado um Caxinguelê, que dormia a sono solto [...]

        Era uma mesa grande, mas os três estavam espremidos numa ponta. “Não há lugar! Não há lugar!”, gritaram ao ver Alice se aproximando. “Há lugar de sobra!”, disse Alice indignada, e sentou-se numa grande poltrona à cabeceira.

        [...]

         “Não foi muito polido de sua parte sentar-se sem ser convidada”, retrucou a Lebre de Março.

         “Não sabia que mesa era sua”, declarou Alice, “está posta para muito mais do que três pessoas.”

         “Seu cabelo está precisando de um corte”, disse o Chapeleiro. Fazia algum tempo que olhava para Alice com muita curiosidade e essas foram suas primeiras palavras.

         “Devia aprender a não fazer comentários pessoais”, disse Alice com alguma severidade; “é muito indelicado.”

         O Chapeleiro arregalou os olhos ao ouvir isso, mas disse apenas: “Por que um corvo se parece com uma escrivaninha?”

         “Oba, vou me divertir um pouco agora!”, pensou Alice. “Que bom que tenham começado a propor adivinhações”. E acrescentou em voz alta: “acho que posso matar esta”.

         “Está sugerindo que pode achara resposta?”, perguntou a Lebre de Março.

        “Exatamente isso”, declarou Alice.

         “Então deveria dizer o que pensa”, a Lebre de Março continuou.

        “Eu digo”, Alice respondeu apressadamente; “pelo menos... pelo menos eu penso o que digo... é a mesma coisa, não?”

         “Nem de longe a mesma coisa!”, disse o Chapeleiro. “Seria como dizer que ‘vejo o que como’ é a mesma coisa que ‘como o que vejo’!”

         “Ou o mesmo que dizer”, acrescentou a Lebre de Março, “que ‘aprecio o que tenho’ é a mesma coisa que ‘tenho o que aprecio’!”

         “Ou o mesmo que dizer”, acrescentou o Caxinguelê, que parecia estar falando dormindo, “que ‘respiro quando durmo’ é a mesma coisa que ‘durmo quando respiro’!”

         “É a mesma coisa no seu caso”, disse o Chapeleiro, e nesse ponto a conversa arrefeceu e o grupo ficou sentado em silêncio por um minuto, enquanto Alice refletia sobre tudo de que conseguia se lembrar sobre corvos e escrivaninhas, o que não era muito.

        O Chapeleiro foi o primeiro a quebrar o silêncio. “Que dia do mês é hoje?”, disse, voltando-se para Alice. [...]

         Alice pensou um pouco e disse: “Dia quatro.”

         “Dois dias de atraso!”, suspirou o Chapeleiro. “Eu lhe disse que manteiga não ia fazer bem para o maquinismo”, acrescentou, olhando furioso para a Lebre de Março.

         “Era manteiga da melhor qualidade” , respondeu humildemente a Lebre de Março.

         “Sim, mas deve ter entrado um pouco de farelo”, o Chapeleiro rosnou. “Você não devia ter usado a faca de pão.”

        A Lebre de Março pegou o relógio e contemplou-o melancolicamente . Depois mergulhou-o na sua xícara de chá, e fitou-o de novo. Mas não conseguiu encontrar nada melhor para dizer que seu primeiro comentário: “Era manteiga da melhor qualidade.” [...]

CARROL, Lewis. Alice no país das maravilhas. Trad. Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002. p. 67-9

Considerado o contexto e transpondo-se para a voz passiva analítica o segmento “O Chapeleiro arregalou os olhos...” a forma resultante será:

Alternativas
Comentários
  • Voz passiva analítica: Tem a presença da locução verbal. É obrigatória a presença do verbo ser+particípio.

    ex da questão:Os olhos foram arregalados pelo Chapeleiro.

  • Voz passiva analítica: verbo ser+particípio.

    Formas que introduzem o agente da passiva: Por, Pelo(s), Pela(s)

  • Os olhos foram arregalados pelo Chapeleiro.

  • A questão em tela versa sobre voz passiva e quer saber qual assertiva indica a mudança da frase em destaque para voz passiva analítica. Vejamos os conceitos:

    Voz passiva ocorre quando a ação expressa pelo verbo é recebida pelo sujeito: as vozes podem ser analíticas ou sintéticas.

     ➡Analítica: formada pelos verbos ser ou estar + particípio do verbo principal + agente da passiva: 

    ▪Agente da passiva é o termo da oração que, na voz passiva, designa o ser que pratica a ação recebida pelo sujeito. 

    Ex: Maria foi beijada por João.

    Maria (sujeito paciente) + foi (verbo ser) + beijada (verbo no particípio) + por João ( agente da passiva).

    Sintética: formada por verbo transitivo direto na terceira pessoa + se (pronome apassivador ou partícula apassivadora) + sujeito paciente: 

    Ex: Vende-se casas.

    Vende ( verbo transitivo direto) + se (pronome apassivador) + casas (sujeito paciente).

    Após vermos o conceito, iremos analisar cada assertiva a fim de encontrarmos a correta. Analisemos:

    a) Incorreta.

    “São arregalados os olhos pelo Chapeleiro.”

    A frase original do verbo se encontra no pretérito perfeito do indicativo (arregalou, contudo em "são arregalados" o verbo auxiliar impõe o tempo presente do indicativo. Isso invalida a alternativa.

    b) Incorreta.

    “Se os olhos fossem arregalados pelo Chapeleiro.”

    Não há conjunção condicional "se" na frase original, o que torna inválida a alternativa.

    c) Correto. 

    “Os olhos foram arregalados pelo Chapeleiro.”

    Temos aqui os olhos (sujeito paciente) + foram (ser) + arregalados (verbo no particípio ) + pelo chapeleiro ( agente da passiva), logo, aqui tem uma voz passiva analítica.

    d) Incorreta.

    “Talvez o Chapeleiro arregalasse os olhos.”

    Não tem na frase original nenhum adjunto adverbial de dúvida "talvez".

    .e) Incorreta.

    “Arregalaram-se os olhos do Chapeleiro.”

    Mudou o sentido, dando a entender que os olhos eram do chapeleiro. Também temos aqui a voz passiva sintética, e não analítica.

    Gabarito do monitor: C