SóProvas


ID
4116625
Banca
IDECAN
Órgão
Prefeitura de Apiacá - ES
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Os três vazios – Sobre como fomos esvaziados e lavados para fazer escoar a angústia consumista

    Podemos caracterizar nossa época a partir de (três) grandes vazios:
    1 – O primeiro deles é o vazio do pensamento, tal como o denominou Hannah Arendt. A característica desse vazio é a ausência de reflexão, em palavras simples, de questionamento. Como é impossível viver sem pensamento, o uso de ideias prontas se torna a cada dia mais necessário e vemos ideias se transformarem em mercadorias para facilitar a circulação. Não são apenas as ideias que viram mercadorias. As mercadorias também vêm substituir ideias. Elas se “consubstanciam” em ideias e fazem a sua vez. O império do design de nosso tempo tem a ver com isso. Cada vez mais gostamos de coisas nas quais se guarda uma ideia. Hoje em dia vende-se autenticidade e prosperidade como um dia se vendeu felicidade, liberdade e imortalidade. A ideia é melhor vendida por meio de conceitos que podemos possuir ou, pelo menos, queremos possuir. O design garante isso. O que antigamente se chamava de “arte pela arte”, agora se chama de “estética pela estética”.

    Com isso quero dizer que o mundo da aparência substituiu o da essência e isso atingiu até mesmo o pensamento. A inteligência se tornou algo da ordem da aparência, uma moda. Por isso mesmo, a ignorância populista também faz muito sucesso. Enquanto uns vendem aparência de inteligência, outros vendem aparência de ignorância. Se há realmente inteligência ou ignorância, não é bem a questão. Ganham os que sabem administrar essas aparências para a mistificação das massas. A indústria cultural também é do design. E o design também é da inteligência e da ignorância.

    2 – O segundo vazio parece ainda mais profundo, até porque, tradicionalmente tem relação com o território do que chamamos de sensibilidade que está revestido de mistérios. Nesse campo, entra em jogo o vazio da emoção. A impressão de que vivemos em uma sociedade anestesiada, na qual as pessoas são incapazes de sentir emoções, não é nova. Alguns já falaram em culto da emoção, em sociedade excitada, em sociedade fissurada. Buscamos de modo ensandecido uma emoção qualquer. Pagamos caro. Da alegria à tristeza, queremos que a religião, o sexo, a alimentação, os filmes, as drogas, os esportes radicais, tudo nos provoque algum tipo de êxtase. A emoção virou mercadoria e o que não emociona não vale a pena. Alegrias suaves e tristezas leves não interessam. Tudo tem que ser extasiante. As mercadorias aparecem com a promessa de garantir esse êxtase. Das roupas de marca ao turismo, tudo tem que ser intenso, cinematográfico, transcendental, radical, impressionante. É o império da emoção contra a chateação, da excitação contra o tédio, da rapidez contra a calma, da festa contra a tranquilidade. A questão que está em jogo é a do esvaziamento afetivo. Se usarmos um clichê, diremos que nos tornamos cada vez mais frios, cada vez mais robotizados. Há uma verdade nisso: quer dizer que perdemos nosso calor humano, nosso calor animal, o que nos confirma como seres vivos. Ficamos cada vez mais vitimados pelo universo da plasticidade. O império do design se instaura aí. Da plasticidade exterior ao plástico (que consumimos fisiologicamente no uso de uma garrafa de água), não há muita diferença. [...]

(TIBURI, Márcia. Disponível em: http://revistacult.uol.com.br/home/2016/08/os-tres-vazios-sobre-como-fomos-esvaziados-e-lavados-parafazer-escoar-a-angustia-consumista/. Adaptado.)

Considerando os conhecimentos da análise sintática dos termos da oração, na estruturação do trecho “[...] queremos que a religião, o sexo, a alimentação, os filmes, as drogas, os esportes radicais, tudo nos provoque algum tipo de êxtase.” (4º§) é possível o(a)

Alternativas
Comentários
  • É UM APOSTO. Entretanto, para mim não se trata de aposto enumerativo, mas RESUMITIVO!

    [...] queremos que a religião, o sexo, a alimentação, os filmes, as drogas, os esportes radicais, TUDO nos provoque algum tipo de êxtase.

    Exemplos da gramática do Pestana;

    EX: IREI A MACAU, CABO VERDE, ANGOLA E TIMOR-LESTE, LUGARES ONDE SE FALA PORTUGUÊS.

    Normalmente esse tipo de aposto é representado pelos PRONOMES INDEFINIDOS NADA, NINGUÉM, NENHUM, TUDO, TODO.

    *** DIFERE-SE DO ENUMERATIVO - PODE HAVER EXPRESSÕES EXPLICATIVAS ANTES DA ENUMERAÇÃO COMO: POR EXEMPLO, A SABER, ISTO É.

    EX: ATENDEMOS A TODOS: HOMENS, MULHERES,VELHOS E CRIANÇAS.

  • Acredito fielmente que se trata de aposto resumidor ou recaptulativo:

    O aposto recaptulativo ou resumidor serve para resumir numa só palavra vários termos da oração.

    Ex: Doces, salgados, bebidas e enfeites, tudo preparado para a festa.

    O detalhe : A concordância que deve ser feita com o verbo no singular

    Obs.: Normalmente este tipo de aposto é representado pelos pronomes indefinidos nada, ninguém, nenhum, tudo, todo(a/s).

    É vc desaprendendo com a banca!

    Fonte: Pestana, Material complementar.

  • se vc acertou, vc errou

  • só tenho uma coisa a dizer: pluto que pariu
  • as questões de português dessa banca são um desespero

  • Essa banca além de questões complexas, apresenta questões mal elaboradas. Vem tranquila, IDECÃO!

  • Aposto: termo de base substantiva que enumera, resume, nomeia, distribui, compara ou explica, esclarece algum termo, acrescentando em geral, um dado a mais além do fundamental.

    Exemplo:

    Gramática, redação, interpretação, ou seja, tudo agrada à professora (resume).

    Fonte: Cris Orzil, português para concursos.

  • Como não anularam essa questão??!! Se tem aposto é recapitulativo.