SóProvas


ID
4123714
Banca
IDECAN
Órgão
Prefeitura de Apiacá - ES
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Educação: reprovada

    Há quem diga que sou otimista demais. Há quem diga que sou pessimista. Talvez eu tente apenas ser uma pessoa observadora habitante deste planeta, deste país. Uma colunista com temas repetidos, ah, sim, os que me impactam mais, os que me preocupam mais, às vezes os que me encantam particularmente. Uma das grandes preocupações de qualquer ser pensante por aqui é a educação. Fala-se muito, grita-se muito, escreve-se, haja teorias e reclamações. Ação? Muito pouca, que eu perceba. Os males foram-se acumulando de tal jeito que é difícil reorganizar o caos.

    Há coisa de trinta anos, eu ainda professora universitária, recebíamos as primeiras levas de alunos saídos de escolas enfraquecidas pelas providências negativas: tiraram um ano de estudo da meninada, tiraram latim, tiraram francês, foram tirando a seriedade, o trabalho: era a moda do “aprender brincando”. Nada de esforço, punição nem pensar, portanto recompensas perderam o sentido. Contaram-me recentemente que em muitas escolas não se deve mais falar em “reprovação, reprovado”, pois isso pode traumatizar o aluno, marcá-lo desfavoravelmente. Então, por que estudar, por que lutar, por que tentar?

    De todos os modos facilitamos a vida dos estudantes, deixando-os cada vez mais despreparados para a vida e o mercado de trabalho. Empresas reclamam da dificuldade de encontrar mão de obra qualificada, médicos e advogados quase não sabem escrever, alunos de universidades têm problemas para articular o pensamento, para argumentar, para escrever o que pensam. São, de certa forma, analfabetos. Aliás, o analfabetismo devasta este país. Não é alfabetizado quem sabe assinar o nome, mas quem o sabe assinar embaixo de um texto que leu e entendeu. Portanto, a porcentagem de alfabetizados é incrivelmente baixa.

    Agora sai na imprensa um relatório alarmante. Metade das crianças brasileiras na terceira série do elementar não sabe ler nem escrever. Não entende para o que serve a pontuação num texto. Não sabe ler horas e minutos num relógio, não sabe que centímetro é uma medida de comprimento. Quase a metade dos mais adiantados escreve mal, lê mal, quase 60% têm dificuldades graves com números. Grande contingente de jovens chega às universidades sem saber redigir um texto simples, pois não sabem pensar, muito menos expressar-se por escrito. Parafraseando um especialista, estamos produzindo estudantes analfabetos.

    Naturalmente, a boa ou razoável escolarização é muito maior em escolas particulares: professores menos mal pagos, instalações melhores, algum livro na biblioteca, crianças mais bem alimentadas e saudáveis – pois o estado não cumpre o seu papel de garantir a todo cidadão (especialmente a criança) a necessária condição de saúde, moradia e alimentação.

    Faxinar a miséria, louvável desejo da nossa presidenta, é essencial para nossa dignidade. Faxinar a ignorância – que é uma outra forma de miséria – exigiria que nos orçamentos da União e dos estados a educação, como a saúde, tivesse uma posição privilegiada. Não há dinheiro, dizem. Mas políticos aumentam seus salários de maneira vergonhosa, a coisa pública gasta nem se sabe direito onde, enquanto preparamos gerações de ignorantes, criados sem limites, nada lhes é exigido, devem aprender brincando. Não lhes impuseram a mais elementar disciplina, como se não soubéssemos que escola, família, a vida, sobretudo, se constroem em parte de erro e acerto, e esforço. Mas, se não podemos reprovar os alunos, se não temos mesas e cadeiras confortáveis e teto sólido sobre nossa cabeça nas salas de aula, como exigir aplicação, esforço, disciplina e limites, para o natural crescimento de cada um?

    Cansei de falas grandiloquentes sobre educação, enquanto não se faz quase nada. Falar já gastou, já cansou, já desiludiu, já perdeu a graça. Precisamos de atos e fatos, orçamentos em que educação e saúde (para poder ir a escola, prestar atenção, estudar, render e crescer) tenham um peso considerável: fora isso, não haverá solução. A educação brasileira continuará, como agora, escandalosamente reprovada.

(Lya Luft. Disponível em: http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/feira-livre/educacao-reprovada-um-artigo-de-lya-luft/.)

Fala-se muito, grita-se muito, escreve-se, haja teorias e reclamações.” (1º§) Em relação ao sujeito dos verbos sublinhados no trecho em destaque, é correto afirmar que trata-se de:

Alternativas
Comentários
  • Gab. B

    Sujeito indeterminado pode ser:

    1- Com verbo ativo na 3ª pessoa do singular, seguido do pronome se. No caso dessa questão.

    2 - Com verbo na 3ª pessoa do plural

    3 - Com o verbo no infinitivo impessoal

    Fonte: soportugues.com.br

  • GABARITO: B

    REGRA!!!

    o SUJEITO será INDETERMINADO quando:

    1) o VERBO está na TERCEIRA pessoa do PLURAL e não a há sujeito expresso na oração nem é possível identificá-lo pelo contexto.

    2) o VERBO está na terceira pessoa do singular, seguido do índice de indeterminação do sujeito SE.

  • A questão quer saber qual o tipo de sujeito dos verbos em destaque em “Fala-se muito, grita-se muito, escreve-se, haja teorias e reclamações.”. Vejamos:

    A) Oração sem sujeito.

    Sujeito inexistente ou oração sem sujeito: há orações constituídas apenas de predicado. Os verbos utilizados nas orações sem sujeito são denominados impessoais. São usados sempre na 3ª pessoa do singular e, se acompanhados de verbos auxiliares, transmitem a eles sua impessoalidade. Ex.: Faz 10 anos que me formei (e não fazem 10 anos...). Vai fazer 15 anos que ministro aula (e não vão fazer).

    Um dos casos em que ocorre sujeito inexistente é do verbo HAVER no sentido de "O FERA" (Ocorrer, Fazer, Existir, Realizar-se e Acontecer). 

     .

    B) Sujeito indeterminado.

    Certo. Temos, nesse caso, dois sujeitos indeterminados, formados por verbo intransitivo + "se": grita-se, escreve-se.

    Sujeito indeterminado: quando o sujeito não está expresso na oração.

    Pode ser construído de duas formas:

    a) Verbo na 3ª pessoa do plural (ELES), sem referência.

    Ex.: Passaram na prova.

    b) Verbo na 3ª pessoa do singular + SE

    1º caso: VTI + SE + PREPOSIÇÃO: Ex.: Precisa-se de professores.

    2º caso: VI + SE (+ advérbio): Ex.: Estuda-se muito aqui.

    3º caso: VL + SE: Ex.: É-se feliz nesta cidade.

     .

    C) Sujeito composto: teorias e reclamações.

    Sujeito composto: possui dois ou mais núcleos. Ex.: João e Maria passaram no concurso.

     .

    D) Sujeito simples, por isso os verbos estão na terceira pessoa do singular.

    Sujeito simples: possui um só núcleo. Ex.: O menino estuda muito.

     .

    Gabarito: Letra B

  • Qual é a transitividade dos verbos?

  • sujeito indeterminado: ocorre quando não se conssegue determinar o sujeito do verbo.

  • gab b

    Fala-se muito, grita-se muito, escreve-se, haja teorias e reclamações.” 

    não da pra saber quem grita muito e nem quem escreve então temos: sujeito indeterminado

    DEUS nos ama.

  • GABARITO - B

    Sujeito indeterminado :

    ►Verbo na terceira pessoa, mas não determinado pelo contexto.

    Falaram mal de você!.

    ► VTI OU VI + SE

    Vive-se bem em Jeri .

    Precisa-se de médicos.

    Bons estudos!

  • Sujeito indeterminado é o ''Alguém''

    Fala-se muito, grita-se muito, escreve-se, haja teorias e reclamações.”

    Não confundir com sujeito oculto (eliptico). O sujeito oculto é possível saber quem é olhando a conjugação do verbo.

    Cheguei cedo!

    sujeito oculto = eu.

  • VI + Se = PIS

    Sujeito Indeterminado !

  • VERBO INTRANSITIVO+ SE= INDETERMINAÇÃO DO SUJEITO.

  • QC VAI PERDER MUITO ASSINANTE POR NÃO HAVER COMENTÁRIOS E POR MUITAS QUESTÕES QUE SE REPETEM

  • Acertei. Mas seria bom se tivesse o comentário do professor.

  • A questão, diferente do padrão da Idecan, é fácil, em razão das demais opções. Contudo, regencial verbal nunca vou conseguir dominar, pois juro que enxergo assim: quem grita, grita algo (VTD)

  • Fábio Ferreira, espero te ajudar com esse exemplo aqui -> João gritou. O verbo já tem sentido completo, a gente entendi que se João grita, ele grita e pronto! Não precisa de mais alguma coisa para a oração ter sentido, isso é um verbo intransitivo, o próprio verbo já tem sentido completo.

    ex 2: João gritou muito. Nesse exemplo, temos um advérbio de intensidade "muito", trazendo uma informação a mais, mas note que se tirar o advérbio a oração continua com sentido. O que vier depois de um verbo intransitivo será acréscimo de informação, geralmente são advérbios, adj adverbiais.

    obs: Essa questão se trata de transitividade verbal. Regência verbal é quando um verbo exige uma preposição, que não é o caso do verbos intransitivos.

    Espero ter ajudado!!