SóProvas


ID
4132780
Banca
COVEST-COPSET
Órgão
UFPE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO 1


Ao entrarmos em contato com a música, zonas importantes do corpo físico e psíquico são acionadas – os sentidos, as emoções e a própria mente. Por meio da música, a criança expressa emoções que não consegue materializar com palavras.

Antes mesmo de nascer, o bebê já é capaz de ouvir. A partir do quinto mês de gestação, ele ouve as batidas do coração da mãe (além de todos os outros barulhos do organismo) e reconhece a sua voz. É na fase fetal que se forma a memória sonora das crianças, responsável por preparar o vínculo entre mãe e filho depois do corte do cordão umbilical.

Desde os tempos mais remotos, o homem percebeu todo esse potencial. Usando os materiais que tinha à disposição (pedras, ossos, madeiras, o próprio corpo e a voz), ele foi combinando sons e silêncios das mais diversas maneiras.

A música possibilita o desenvolvimento intelectual e a interação do indivíduo no ambiente social, contribuindo diretamente para o desenvolvimento cognitivo, linguístico, psicomotor e socioafetivo do aluno, independente de sua faixa etária. Através dela é possível transmitir não somente palavras, mas também sentimentos, ideias e ideais que podem ganhar grandes repercussões didáticas se bem direcionados. 

A E I O U… dabliú, dabliú, na cartilha da Juju”: quem já ouviu esse refrão na voz de Margareth Menezes nem suspeita que tais palavras foram extraídas da marchinha de carnaval composta em 1932 por Lamartine Babo e Noel Rosa, na música “A.E.I.O.U – A Cartilha da Juju”. De maneira bem-humorada, os autores mostram que, desde aquela época, havia uma preocupação com o sistema educacional no Brasil.

A ideia de representar o Brasil em música já era forte no projeto modernista de Mário de Andrade e Villa-Lobos, nas décadas de 1920-40, partindo do estudo do folclore para chegar a uma representação de brasilidade na música de concerto. Mas, a partir da década de 1950, quem assume a missão de representar o Brasil em música são os compositores populares, e o lugar que o folclore ocupava antes como depósito de autenticidade e originalidade passa a ser substituído pelo samba dos anos 20/30.

No ABC do Sertão, música composta por Luiz Gonzaga em 1953, o autor expressa o som autêntico do abecedário usado pelo povo nordestino. Foi a maneira que ele encontrou para homenagear e mostrar para o Sul que os seus conterrâneos tinham uma forma genuína – e não errada – de falar.

O Trenzinho do Caipira, uma composição de Heitor VillaLobos e parte integrante da peça Bachianas Brasileiras nº 2, é uma obra emblemática. A música se caracteriza por imitar o movimento de uma locomotiva com os instrumentos da orquestra. A melodia fez com que um dos nossos maiores poetas, o Acadêmico Ferreira Gullar, entrasse “em transe” (palavras dele), como se tivesse recebido um “choque mágico”, resultando na composição de um inspirado poema que se transformou na letra. Trata-se de um belo exemplo (e resumo) de como a linguagem da música, numa organização sistemática entre sons e silêncios, é capaz de comunicar sensações que ultrapassam nosso entendimento racional.

Arnaldo Niskier. Disponível em: http://www.academia.org.br/artigos/linguagem-da-musica. Acesso em 15/09/2019. Adaptado. 

Assinale a alternativa na qual as normas da concordância foram atendidas.

Alternativas
Comentários
  • A) Várias tentativas existiram

    B) Faz muitos anos que sabemos disso > O faz quando indica tempo não se flexiona

    C) Sempre houve instrumentos

    D) Alguns ritmos foram negligenciados

    E) A maioria dos músicos é consciente do poder da sua arte (gabarito)

  • Sem entrar em pormenores, a concordância verbal diz respeito à correta flexão do verbo a fim de concordar com o sujeito. Esporadicamente, no entanto, foge-se à regra geral e faz-se a concordância de modo distinto. Por seu turno, concordância nominal se refere à adequada flexão dos adjuntos adnominais em relação ao substantivo ou pronome em matéria de gênero (masculino e feminino) e/ou número (plural e singular). 

    Inspecionemos os itens:

    a) Ao longo dos tempos, existiu várias tentativas de representar o Brasil na música.

    Incorreto. O verbo "existir" é pessoal, portanto apresenta sujeito e com o núcleo deste (tentativas) precisa concordar. Correção: (...) existiram várias tentativas de representar o Brasil na música";

    b) Não é novidade o poder da música; fazem muitos anos que sabemos disso.

    Incorreto. O verbo "fazer", na indicação de tempo transcorrido, é impessoal (não tem sujeito) e deve se flexionar na terceira pessoa do singular. Correção: "(...) faz muitos anos que sabemos disso";

    c) Sempre houveram instrumentos que os homens usaram para fazer música.

    Incorreto. O verbo "fazer", quando indicar existência, é impessoal (não tem sujeito) e deve se flexionar na terceira pessoa do singular. Correção: "Sempre houve instrumentos (...)";

    d) Com o tempo, foi negligenciado alguns ritmos e até alguns instrumentos musicais.

    Incorreto. O verbo "ser" deve concordar normalmente com os núcleos do sujeito, que é composto. O adjetivo "negligenciado" também enseja alterações: é preciso que se pluralize a fim de concordar com ambos os substantivos (ritmos e instrumentos). Correção: "Com o tempo, foram negligenciados";

    e) A maioria dos músicos, hoje em dia, é consciente do poder da sua arte.

    Correto. Quando o sujeito for constituído da expressão "a maioria de", ou concorda com esta ou com o determinante que se lhe segue. Em palavras distintas, poder-se-ia também pluralizar o verbo: "A maioria dos músicos, hoje em dia, são conscientes do poder da sua arte".

    Letra E

  • E) A maioria dos músicos é consciente do poder da sua arte

    é consciente está concordando com a expressão a maioria de

  • GAB [E] AOS NÃO ASSINANTES.

    #NÃOÀREFORMAADMINISTRATIVA ! !

    #ESTABILIDADESIM ! !

  • expressão partitiva, o complemento concorda no singular ou no plural. R: E