SóProvas


ID
4132786
Banca
COVEST-COPSET
Órgão
UFPE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO 1


Ao entrarmos em contato com a música, zonas importantes do corpo físico e psíquico são acionadas – os sentidos, as emoções e a própria mente. Por meio da música, a criança expressa emoções que não consegue materializar com palavras.

Antes mesmo de nascer, o bebê já é capaz de ouvir. A partir do quinto mês de gestação, ele ouve as batidas do coração da mãe (além de todos os outros barulhos do organismo) e reconhece a sua voz. É na fase fetal que se forma a memória sonora das crianças, responsável por preparar o vínculo entre mãe e filho depois do corte do cordão umbilical.

Desde os tempos mais remotos, o homem percebeu todo esse potencial. Usando os materiais que tinha à disposição (pedras, ossos, madeiras, o próprio corpo e a voz), ele foi combinando sons e silêncios das mais diversas maneiras.

A música possibilita o desenvolvimento intelectual e a interação do indivíduo no ambiente social, contribuindo diretamente para o desenvolvimento cognitivo, linguístico, psicomotor e socioafetivo do aluno, independente de sua faixa etária. Através dela é possível transmitir não somente palavras, mas também sentimentos, ideias e ideais que podem ganhar grandes repercussões didáticas se bem direcionados. 

A E I O U… dabliú, dabliú, na cartilha da Juju”: quem já ouviu esse refrão na voz de Margareth Menezes nem suspeita que tais palavras foram extraídas da marchinha de carnaval composta em 1932 por Lamartine Babo e Noel Rosa, na música “A.E.I.O.U – A Cartilha da Juju”. De maneira bem-humorada, os autores mostram que, desde aquela época, havia uma preocupação com o sistema educacional no Brasil.

A ideia de representar o Brasil em música já era forte no projeto modernista de Mário de Andrade e Villa-Lobos, nas décadas de 1920-40, partindo do estudo do folclore para chegar a uma representação de brasilidade na música de concerto. Mas, a partir da década de 1950, quem assume a missão de representar o Brasil em música são os compositores populares, e o lugar que o folclore ocupava antes como depósito de autenticidade e originalidade passa a ser substituído pelo samba dos anos 20/30.

No ABC do Sertão, música composta por Luiz Gonzaga em 1953, o autor expressa o som autêntico do abecedário usado pelo povo nordestino. Foi a maneira que ele encontrou para homenagear e mostrar para o Sul que os seus conterrâneos tinham uma forma genuína – e não errada – de falar.

O Trenzinho do Caipira, uma composição de Heitor VillaLobos e parte integrante da peça Bachianas Brasileiras nº 2, é uma obra emblemática. A música se caracteriza por imitar o movimento de uma locomotiva com os instrumentos da orquestra. A melodia fez com que um dos nossos maiores poetas, o Acadêmico Ferreira Gullar, entrasse “em transe” (palavras dele), como se tivesse recebido um “choque mágico”, resultando na composição de um inspirado poema que se transformou na letra. Trata-se de um belo exemplo (e resumo) de como a linguagem da música, numa organização sistemática entre sons e silêncios, é capaz de comunicar sensações que ultrapassam nosso entendimento racional.

Arnaldo Niskier. Disponível em: http://www.academia.org.br/artigos/linguagem-da-musica. Acesso em 15/09/2019. Adaptado. 

Assinale o enunciado no qual as normas de regência (verbal e nominal) estão de acordo com a norma-padrão da língua.

Alternativas
Comentários
  • regência verbal trata da transitividade de verbo, que pode ser intransitivo (dispensa complementos verbais), transitivo direto (requer complemento verbal direto), transitivo indireto (requer complemento verbal indireto) ou ainda bitransitivo (requer concomitantemente um complemento verbal direto e outro indireto). Nestas duas últimas, o verbo reclama preposição (a, de, em, por, sobre, etc.)

    Abaixo, algumas siglas a fim de atalhar a resolução:

    VTI: Verbo Transitivo Indireto

    VTDI: Verbo Transitivo Direto e Indireto

    Por seu turno, a regência nominal difere da verbal, pois o teor é tratar da relação entre termos regentes (adjetivo, advérbio e substantivo) e regidos (complementos), feita também por meio de preposições.

    a) A invenção da música se deu devido o homem ter combinado sons e silêncios.

    Incorreto. Segundo Celso Pedro Luft em Dicionário Prático de Regência Nominal, p.172, o adjetivo "devido" rege preposição "a". Atualmente, parece haver tendência em suprimi-la, prática ainda não agasalhada pela norma culta. Correção: "A invenção da música se deu devido ao homem (...)";

    b) Sem dúvida, os jovens, hoje em dia, preferem rock e funk do que música clássica.

    Incorreto. O verbo "preferir", quando coteja, compara dois elementos, é VTDI e rege preposição "a". A construção "do que" e intensificadores do tipo "mais", "muito mais", recorrentemente acompanhantes, ferem a norma culta. Correção: "(...) preferem rock e funk a música clássica". Note que os objetos diretos "rock" e "funk" não estão determinados (p.ex. o rock, o funk), de modo que, em obediência ao paralelismo sintático, não se marca a crase em "a música clássica";

    c) Em se tratando de gosto musical, só temos que obedecer à nossa sensibilidade.

    Correto. O verbo "obedecer", qualquer que seja seu complemento (pessoa ou coisa), prefere-se, em registro culto e formal, como VTI, regendo preposição "a". Esta lição consta em Dicionário Prático de Regência Verbal, de Celso Pedro Luft, p.380;

    d) A música em que se atribui prestígio, atualmente, não é a de melhor qualidade.

    Incorreto. De acordo com Celso Pedro Luft em Dicionário Prático de Regência Verbal, p.86, o verbo "atribuir" é VTDI e rege preposição "a" e não "em". Correção: "A música a que se atribui prestígio (...)";

    e) Por causa do bom nível que chegou a música brasileira, ela é admirada internacionalmente.

    Incorreto. O verbo "chegar" é VTI e rege preposição "a". Correção: "Por causa do bom nível a que chegou a música brasileira (...)".

    Letra C

  • na letra C em vez de escrever temos que obedecer não deveria ser temos de obedecer?
  • Assertiva C

    Em se tratando de gosto musical, só temos que obedecer à nossa sensibilidade.

  • Lembrando que é preferível usar "tratando-se de" ou "quado se trata de" a usar "em se tratando".

  • GAB [C] AOS NÃO ASSINANTES.

    #NÃOÀREFORMAADMINISTRATIVA ! !

    #ESTABILIDADESIM ! !

  • Antes de pronome possessivo tem crase?

  • diante de pronomes possessivos feminino a crase é FACULTATIVA.

    espero ter ajudado vcs e que Deus nos abençoe nessa jornada.

  • obedecer VTI

    quem obedece...obedece a algo !

  • a) A invenção da música se deu devido o homem ter combinado sons e silêncios.

    Segundo Celso Pedro Luft em Dicionário Prático de Regência Nominal, p.172, o adjetivo "devido" rege preposição "a". Atualmente, parece haver tendência em suprimi-la, prática ainda não agasalhada pela norma culta. Correção: "A invenção da música se deu devido ao homem (...)";

    b) Sem dúvida, os jovens, hoje em dia, preferem rock e funk do que música clássica.

     O verbo "preferir", quando coteja, compara dois elementos, é VTDI e rege preposição "a". A construção "do que" e intensificadores do tipo "mais", "muito mais", recorrentemente acompanhantes, ferem a norma culta. Correção: "(...) preferem rock e funk a música clássica". Note que os objetos diretos "rock" e "funk" não estão determinados (p.ex. o rock, o funk), de modo que, em obediência ao paralelismo sintático, não se marca a crase em "a música clássica";

    c) Em se tratando de gosto musical, só temos que obedecer à nossa sensibilidade.

    O verbo "obedecer", qualquer que seja seu complemento (pessoa ou coisa), prefere-se, em registro culto e formal, como VTI, regendo preposição "a". Esta lição consta em Dicionário Prático de Regência Verbal, de Celso Pedro Luft, p.380;

    d) A música em que se atribui prestígio, atualmente, não é a de melhor qualidade.

    De acordo com Celso Pedro Luft em Dicionário Prático de Regência Verbal, p.86, o verbo "atribuir" é VTDI e rege preposição "a" e não "em". Correção: "A música a que se atribui prestígio (...)";

    e) Por causa do bom nível que chegou a música brasileira, ela é admirada internacionalmente.

    O verbo "chegar" é VTI e rege preposição "a". Correção: "Por causa do bom nível a que chegou a música brasileira (...)".