Medida pelo coeficiente de Gini, a desigualdade de renda no Brasil cresceu de 0,57 em 1981 para 0,63 em 1989 e, a partir de 1993, iniciou um processo de queda até 2004, quando atingiu o nível de 0,56.
Na década de 1980, o crescimentoda desigualdade esteve, em grande medida, associado ao processo de aceleração inflacionária e à conjunção da lenta expansão educacional da força de trabalho com a elevação dos retornos marginais da educação. Estes dois últimos fatores combinados levaram a um aumento da desigualdade de rendimentos e, portanto, da desigualdade de renda familiar percapita.
A partir de 1993 ocorreu o oposto, sendo que três fatores foram especialmente importantes na redução da desigualdade. Primeiro, houve uma redução da desigualdade de rendimentos entregrupos educacionais distintos, o que parece advir do declínio prolongado nos retornos da educação. Segundo, este período foi marcado por uma significativa convergência da renda das famílias localizadas em áreas rurais e urbanas.Finalmente, o terceiro fator que deve ser destacado é a expansão da cobertura dos programas governamentais de transferência de renda e a melhoria no seu grau de focalização. Além destes três fatores, cabe destacar o papel da estabilidade macroeconômica alcançada com o Plano Real, que eliminou a contribuição da hiperinflação para o aumento da desigualdade.
Francisco H.G. Ferreira