SóProvas


ID
4832668
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
MJSP
Ano
2020
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Posfácio do livro Rio em Shamas (2016), de Anderson França, Dinho
Rafael Dragaud 

    NÃO PIRA! Foi com esse conselho, há cerca de seis anos, que começou minha história com o Dinho. Colaborávamos na mesma instituição social e vez ou outra nos esbarrávamos numa reunião, ele sempre ostensivamente calado. Por algum motivo da ordem do encosto, no sentido macumbeirístico mesmo, ou cumplicidade de gordos, vimos um no outro um elo possível de troca.
    Ele então começou a me enviar milhões de textos que eram uma mistura frenética de sonhos, pseudorroteiros cinematográficos, pedidos de desculpas, posts-denúncias, listas de exigências de sequestrador, tudo num fluxo insano de criação, que ele mesmo dizia que um dia iria sufocá-lo de vez — o que me fez proferir o dito conselho.
    O fato é que um dia passei em frente ao notebook dele e lá estava a tela quase inteiramente coberta de post-its, todos iguais, escritos: NÃO PIRA. E ele então me confidenciou: Cara, você resolveu minha vida. Eu só não posso pirar! É isso!
    Esse episódio obviamente fala muito mais sobre essa característica de esponja afetointelectual dele do que sobre alguma qualidade do meu conselho. E foi sendo assim, esponja que se enche e se comprime (deixando desaguar seus textos em redes sociais), que foi surgindo um escritor muito especial. Especial não pra mãe dele ou pra Su (a santa), mas para a cidade do Rio de Janeiro.
    Com uma voz e um estilo absolutamente singulares, Dinho flerta com a narrativa do fluxo do pensamento, o que poderia gerar textos apenas egoicos e herméticos, eventualmente mais valiosos pra ele do que para o leitor. Mas sei lá como, seus textos conciliam esse jeitão com uma relevância quase política, pois jogam luz sobre partes da cidade que merecem ser mais vistas, mais percebidas, e até mesmo mais problematizadas.
    Dinho “vê coisas”. E, consequentemente, tem o que dizer. Não só sobre o subúrbio, suas ruas, seus personagens e seus modos, numa linhagem Antônio Maria ou João do Rio, mas muitas vezes também sobre bairros já enjoativos, de tão submersos em clichês, como o tão adorado-odiado Leblon. Seu “olhar de estrangeiro” revela estranhas entranhas da Zona Sul do Rio de Janeiro. O fato é que, com este livro, a cidade fica muito maior, mais plural e consequentemente mais justa.
    Espero que este seja apenas o primeiro de uma série. Se é que posso dar mais algum conselho, o único que me ocorre ao vê-lo escrevendo hoje em dia é: NÃO PARE!

FRANÇA, Anderson. Rio em Shamas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2016.

Referente aos cinco primeiros parágrafos do texto, assinale a alternativa correta.

Alternativas
Comentários
  • Gabarito D

    "...E foi sendo assim, esponja que se enche e se comprime..."

  • Penal está em todo lugar. Analogia em Bonam partem

  • seria bom um gabarito comentado QC

  • GAB: D

    A alternativa correta é a letra D por apresentar de forma analógica a característica de ser uma esponja afetointelectual, pois nunca vi uma esponja escrevendo textos...

  • Gabarito: D.

    a) Errado. O examinador tentou fazer o candidato escorregar em uma casca de banana. A prova foi aplicada em 2020. No primeiro período do texto, consta a informação de "há cerca de seis anos". Com isso, subtraindo os seis anos de 2020, caímos em 2014. No entanto, o rodapé do texto consta como 2016. Portanto, não há como concluir o que o examinador propõe.

    b) Errado. Extrapolação textual, pois em nenhum momento isso é afirmado no texto.

    c) Errado. Não houve um agradecimento público. Extraindo um trecho que permite confirmar: " E ele então me confidenciou: (...)". É possível concluir que Dinho não falou de maneira aberta, pois confidenciar, no contexto, transmite a ideia de que uma pessoa chegou e falou diretamente para a outra, sem que outras pessoas soubessem. Pelo contexto geral do parágrafo, o autor estava passando, viu o notebook com vários post-its com o conselho que deu. Dinho, ao ver o autor, foi até ele e agradeceu.

    d) Gabarito. Os demais colegas já colocaram o trecho que fala da característica.

    e) Errado. Não há uma constatação de que os textos de Dinho apresentam tais aspectos. Como foi utilizado o futuro do pretérito, penso que existe apenas uma hipótese.

    Qualquer equívoco, mandem mensagem.

    Bons estudos!

  • Dinho parece ser um cara esponja, isto é, absorve com certa facilidade os conselhos recebidos. Isto também fica evidente com o último conselho: NÃO PARE!. Dinho receberia esse conselho por seus textos, aparentemente, serem bem construídos.

     "Esse episódio obviamente fala muito mais sobre essa característica de esponja afetointelectual dele do que sobre alguma qualidade do meu conselho"

  • QC comenta ai ,essas questões estão muito fora do normal...

  • E- Com uma voz e um estilo absolutamente singulares, Dinho flerta com a narrativa do fluxo do pensamento, o que poderia gerar textos apenas egoicos e herméticos, eventualmente mais valiosos pra ele do que para o leitor

    os textos escritos por Dinho PODEM gerar textos apenas egoicos e herméticos

  • Foco na Missão Guerreiros, que aprovação é certa!

  • E eu que marquei letra c ignorando totalmente o "confidenciou". MISERICÓRDIA!

  • Questão difícil.. muita atenção nos detalhes.

  • Gabarito: Letra D

    a - No primeiro parágrafo, o autor conta que sua história com Dinho começou há cerca de seis anos. A partir dessa informação, é possível inferir que isso ocorreu em 2014. - O texto é de 2016.

    b - A partir dos textos enumerados no segundo parágrafo, é possível inferir que Dinho é um roteirista de cinema que escreve textos sobre sonhos e sequestros. - Não tem como inferir que ele é roteirista, uma vez que ele escreve vários tipos de textos inclusive pseudorroteiros cinematográficos.

    c - No terceiro parágrafo, o autor relata o agradecimento público recebido de Dinho pelo conselho “NÃO PIRA!”. - Não existe nenhum agradecimento público.

    d - No quarto parágrafo, o autor faz uso de uma analogia para expressar uma característica de Dinho. - Isso mesmo! Ao afirmar que tem a característica de esponja afetointelectual.

    e - No quinto parágrafo, o autor afirma que, apesar de serem apenas egoicos e herméticos, os textos escritos por Dinho são valiosos. - O autor não afirma nada, fala numa possibilidade "poderia gerar textos apenas egoicos e herméticos".

  • GABARITO: LETRA D

    Esse episódio obviamente fala muito mais sobre essa característica de esponja afetointelectual dele do que sobre alguma qualidade do meu conselho. E foi sendo assim, esponja que se enche e se comprime (deixando desaguar seus textos em redes sociais), que foi surgindo um escritor muito especial. Especial não pra mãe dele ou pra Su (a santa), mas para a cidade do Rio de Janeiro.

  • Gabarito D:

    Esse episódio obviamente fala muito mais sobre essa característica de esponja afetointelectual dele do que sobre alguma qualidade do meu conselho. E foi sendo assim, esponja que se enche e se comprime (deixando desaguar seus textos em redes sociais), que foi surgindo um escritor muito especial. Especial não pra mãe dele ou pra Su (a santa), mas para a cidade do Rio de Janeiro.

    Utilizou o recurso analógico para explicar que Dinho entendia muito além do dito, não foi o conselho dela que foi bom, mas foi a qualidade de Dinho de absorver os detalhes que qualificou o conselho.

    Foi isso que entendi, se estiver errado,

    Abraços. #NÃOÉSONHOÉMETA

  • Correto que no 4º paragrafo exista uma analogia, mas na alternativa E não aceito o erro. Se algo é mais valioso para o autor do que para o leitor, ainda assim é valioso, ao menos para ele.

  • A letra A era uma questão de matemática! kkkkkkkkkkk...

  • A- No primeiro parágrafo, o autor conta que sua história com Dinho começou há cerca de seis anos. A partir dessa informação, é possível inferir que isso ocorreu em 2014.

    Não , o texto é de 2016 (veja no rodapé).

    B- A partir dos textos enumerados no segundo parágrafo, é possível inferir que Dinho é um roteirista de cinema que escreve textos sobre sonhos e sequestros.

    Não, ele fala de uma lista de coisas, entre elas um pseudo roteiro, nada haver!

    C- No terceiro parágrafo, o autor relata o agradecimento público recebido de Dinho pelo conselho “NÃO PIRA!”

    Não, foi no sapatinho, giria carioca, para dizer que nao foi publico e sim algo entre os dois

    D- No quarto parágrafo, o autor faz uso de uma analogia para expressar uma característica de Dinho.

    Sim , faz uso analogico,um tipo de comparação de forma que uma semelhança parcial sugere uma semelhança oculta,uma esponja.

    E No quinto parágrafo, o autor afirma que, apesar de serem apenas egoicos e herméticos, os textos escritos por Dinho são valiosos.

    Não, ele usa uma conjunção adversativa (MAS) , não uma conjunção concessiva(Apesar de), como diz a pergunta.