SóProvas


ID
4832674
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
MJSP
Ano
2020
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Posfácio do livro Rio em Shamas (2016), de Anderson França, Dinho
Rafael Dragaud 

    NÃO PIRA! Foi com esse conselho, há cerca de seis anos, que começou minha história com o Dinho. Colaborávamos na mesma instituição social e vez ou outra nos esbarrávamos numa reunião, ele sempre ostensivamente calado. Por algum motivo da ordem do encosto, no sentido macumbeirístico mesmo, ou cumplicidade de gordos, vimos um no outro um elo possível de troca.
    Ele então começou a me enviar milhões de textos que eram uma mistura frenética de sonhos, pseudorroteiros cinematográficos, pedidos de desculpas, posts-denúncias, listas de exigências de sequestrador, tudo num fluxo insano de criação, que ele mesmo dizia que um dia iria sufocá-lo de vez — o que me fez proferir o dito conselho.
    O fato é que um dia passei em frente ao notebook dele e lá estava a tela quase inteiramente coberta de post-its, todos iguais, escritos: NÃO PIRA. E ele então me confidenciou: Cara, você resolveu minha vida. Eu só não posso pirar! É isso!
    Esse episódio obviamente fala muito mais sobre essa característica de esponja afetointelectual dele do que sobre alguma qualidade do meu conselho. E foi sendo assim, esponja que se enche e se comprime (deixando desaguar seus textos em redes sociais), que foi surgindo um escritor muito especial. Especial não pra mãe dele ou pra Su (a santa), mas para a cidade do Rio de Janeiro.
    Com uma voz e um estilo absolutamente singulares, Dinho flerta com a narrativa do fluxo do pensamento, o que poderia gerar textos apenas egoicos e herméticos, eventualmente mais valiosos pra ele do que para o leitor. Mas sei lá como, seus textos conciliam esse jeitão com uma relevância quase política, pois jogam luz sobre partes da cidade que merecem ser mais vistas, mais percebidas, e até mesmo mais problematizadas.
    Dinho “vê coisas”. E, consequentemente, tem o que dizer. Não só sobre o subúrbio, suas ruas, seus personagens e seus modos, numa linhagem Antônio Maria ou João do Rio, mas muitas vezes também sobre bairros já enjoativos, de tão submersos em clichês, como o tão adorado-odiado Leblon. Seu “olhar de estrangeiro” revela estranhas entranhas da Zona Sul do Rio de Janeiro. O fato é que, com este livro, a cidade fica muito maior, mais plural e consequentemente mais justa.
    Espero que este seja apenas o primeiro de uma série. Se é que posso dar mais algum conselho, o único que me ocorre ao vê-lo escrevendo hoje em dia é: NÃO PARE!

FRANÇA, Anderson. Rio em Shamas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2016.

Em relação à palavra “macumbeirístico”, assinale a alternativa correta.

Alternativas
Comentários
  • Gabarito E

  • GABARITO: LETRA E

    PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS

    Há dois processos mais fortes (presentes) na formação de palavras em Língua Portuguesa: a composição e a derivação. Vejamos suas principais características.

    Composição: é muito mais uma criação de vocábulo. Pode ocorrer por:

    *Justaposição (sem perda de elementos):

    Guarda-chuva, girassol, arranha-céu, passatempo, guarda-noturno, flor-de-lis.

    *Aglutinação (com perda de elementos):

    Embora (em + boa + hora) | Fidalgo (filho de algo) | Aguardente (agua + ardente).

    Hibridismo: consiste na união de radicais oriundos de línguas distintas:

    Alcoômetro – Álcool (árabe) + metro (grego) | Burocracia – Buro (francês) + cracia (grego).

    Derivação: é muito mais uma transformação no vocábulo, não se trata necessariamente da criação de uma palavra nova. Ela pode ocorrer das seguintes maneiras:

    Pelo acréscimo de um prefixo (antes da raiz da palavra). Chamaremos de derivação PREFIXAL.

    Reforma, anfiteatro, desfazer, reescrever, ateu, infeliz.

    Pelo acréscimo de um sufixo (após a raiz da palavra). Chamaremos de derivação SUFIXAL.

    Formalmente, fazimento, felizmente, mocidade, teísmo.

    Pelo acréscimo de um sufixo e de um prefixo ao mesmo tempo (com possibilidade de remoção).

    Chamaremos de derivação PREFIXAL E SUFIXAL.

    Infelizmenteateísmodesordenamento.

    Pelo acréscimo simultâneo e irremovível de prefixo e sufixo. É o que se convencionou chamar de PARASSÍNTESE ou DERIVAÇÃO PARASSINTÉTICA.

    Avermelhadoanoiteceremudeceramanhecer.

    Pela regressão de uma forma verbal. É o que chamaremos de derivação regressiva ou deverbal: advinda de um verbo. Essa derivação usualmente dá origem a substantivos abstratos.

    Abalo (proveniente do verbo “abalar”) | Agito (proveniente do verbo “agitar”).

    Luta (proveniente do verbo “lutar”) | Fuga (proveniente do verbo “fugir”).

    Pelo processo de alteração classe gramatical. Convencionalmente chamada de CONVERSÃO OU “DERIVAÇÃO IMPRÓPRIA”.

    jantar – “jantar” é um verbo, mas aqui foi transformado em substantivo.

    Um não – “não” é um advérbio, mas foi transformado em substantivo.

    O seu sim – “sim” é um advérbio, mas foi transformado em substantivo.

    Estrangeirismo:

    Pode-se entender como um tipo de empréstimo linguístico. Ele pode ocorrer de duas maneiras:

    *Com aportuguesamento: abajur (do francês "abat-jour"), algodão (do árabe "al-qutun"), lanche (do inglês "lunch") etc.

    *Sem aportuguesamento: networking, software, pizza, show, shopping etc.

    RESUMO RETIRADO DE AULA DO PROFº PABLO JAMILK.

  • Comentário para quem marcou letra A:

    Macumbeirístico não é uma palavra oriunda de formação, mas sim, derivação.

    Existem 2 formas de criação de palavras: formação e derivação. Na formação existem: justaposição e aglutinação. Na justaposição unem-se 2 palavras, ex. guarda-chuva, na aglutinação as palavras se fundem, ex. planalto.

    Macumbeirístico é palavra derivada de MACUMBA com processo de sufixação.

    Corrijam-me se eu estiver errada!

  • acredito que a assertiva B só esteja errada por causa da palavra diretamente, ou estou errada?
  • Qual o erro da B mesmo?

  • se alguém puder indicar o erro do alternativa D eu agradeço.

  • macumbeirístico

    por que o gabarito da B esta errado? não estamos diante de um sufixo?

    algum santo pode me ajudar aqui, pois não entendi

  • A questão é sobre a formação da palavra. Queremos saber qual a formação correta da palavra macumbeirístico. Vejamos:

    a) Incorreta.

    A palavra não é formada por composição de duas palavras, até porque "beirítico" não existe. A palavra é formada do substantivo macumbeir + istíco

    b) Incorreta.

    É formada de macumbeir + ístico e não macumb.

    c) Incorreta.

    Não é formada de nenhum prefixo "mac" e nem de palavra "umberístico" e sim de macumbeir + ístico.

    d) Incorreta.

    MACUMBA + EIRO + ÍSTICO um radical e dois sufixos (3 morfemas)

    JORNAL+ ÍSTICO um radical e um sufixo (2 morfemas)

    Morfemas são pequenas estruturas que agregam, na primeira palavra apresentada temos um radical e dois sufixos, pois o primeiro forma macumbeiro e o segundo macumbeirístico.

    Na segunda palavra temos um radical e um sufixo que forma a palavra jornalístico.

    Portanto, não tem o mesmo número de morfemas.

    e) Correta.

    A palavra primitiva é macumba + eiro = macumbeiro + ístico= macumbeirístico.

    GABARITO: E

  • Morfema é a menor parte significativa que constitui uma palavra. Uma palavra pode apresentar vários morfemas (ou “pedaços”). Por exemplo, a palavra supervalorização tem quatro (4) partes: super + valor + iza + ção

    Jornalístico = Jornal + ístico; Macumbeirístico = macumba + eiro + ístico

    A letra D está errada poque jornalistico possui 2 partes e macumbeirístico possui 3, portanto não têm a mesma quantidade como afirma o item.

    D) Possui a mesma quantidade de morfemas que a palavra “jornalístico”.

  • Gente, se a B fosse certa, a palavra seria macumbístico em vez de macumbeirístico.

  • GABARITO E

    Eu marquei a letra "B". Errei...compreendi a questão do termo "diretamente" na letra "B", mas não marquei a letra "E" pelo seguinte fato: "macumba" é um instrumento musical, então pensei que não teria qualquer relação com o termo "macumbeirístico". Na minha opinião, a Banca AOCP foi infeliz ao abordar nessa questão este termo "macumbeirístico", pois "macumba/ macumbeiro" vem sendo utilizado de forma pejorativa desde a época do Brasil Colônia com intuito de excluir/discriminar/ menosprezar as religiões afro-brasileiras.

  • Heloísa Marinho Cunha, isso não tem nada que ver com o conteúdo técnico.

  • Creio que além de tudo há uma pegadinha na alternativa B em "adição do sufixo “ístico” diretamente ao radical “macumb-”. Assim, ficaria macumbístico em vez de macumbeirístico como no enunciado.

  • O monitor do QC aparentemente não sabe o que é morfema. Ele comentou como se fossem fonemas, o que é uma coisa totalmente diferente.

  • Foco na Missão Guerreiros, que aprovação é certa!

  • Gente, eu olhei todas as explicações e não entendi o motivo da letra E estar certa.

    Entendi o motivo da letra B estar errada e as outras deu para eliminar. Mas a letra "E"...

    Se alguém souber dar uma explicação mais objetiva eu agradeço.

  • Igor, eu acredito que foi mais por eliminação... Observando a questão não teria como indicar que tais palavras não teriam relação porque diante dos significados: elas são próximas sim. Espero ter te ajudado. Abraço.

     

  • Seria usar um pouco de logica, para responder essa questão.

  • Que questão chata, o sentido não é o mesmo.. se eu disser macumba, é diferente de quem prática a macumba o macumbeiro

  • Júnior Borges, a relação de sentido a que o gabarito se refere é a relação que as palavras compartilham no processo de formação. As palavras macumbeiro e macumbeirístico compartilham a mesma raíz - macumba -, de modo que o sentido delas é interligado, elas são da mesma família.

  • Gabarito: E.

    Comentando alternativas:

    A) Não existe a palavra "beirístico".

    B) O sufixo "ístico" não é ligado diretamente a "macumb-", mas sim a "macumbeir" antes existe -eir.

    C) "Mac" não é prefixo.

    D) Morfema é a menor parte significativa que constitui uma palavra, e o colega Ariosvaldo Pinheiro em sua explicação deixou bem elucidado que jornalístico e macumbeirístico não possuem a mesma quantidade de morfemas.

  • A questão é de formação da palavra. Queremos saber qual a formação correta da palavra macumbeirístico. Vejamos:

    a) É formada a partir da junção das palavras “macumba” e “beirístico”.

    Incorreta. A palavra não é formada por composição de duas palavras, até porque "beirítico" não existe. A palavra é formada do substantivo macumbeir + istíco

    b) É formada a partir da adição do sufixo “ístico” diretamente ao radical “macumb-”.

    Incorreta. É formada de macumbeir + ístico e não macumb.

    c) É formada a partir da adição do prefixo “mac-“ à palavra “umberístico”.

    Incorreta. Não é formada de nenhum prefixo "mac" e nem de palavra "umberístico" e sim de macumbeir + ístico.

    d) Possui a mesma quantidade de morfemas que a palavra “jornalístico”.

    Incorreta. MACUMBA + EIRO + ÍSTICO um radical e dois sufixos (3 morfemas)

    JORNAL+ ÍSTICO um radical e um sufixo (2 morfemas)

    Morfemas são pequenas estruturas que agregam, na primeira palavra apresentada temos um radical e dois sufixos, pois o primeiro forma macumbeiro e o segundo macumbeirístico.

    Na segunda palavra temos um radical e um sufixo que forma a palavra jornalístico.

    Portanto, não tem o mesmo número de morfemas.

    e) Apresenta relação de sentido com as palavras “macumba” e “macumbeiro”.

    Correta. A palavra primitiva é macumba + eiro = macumbeiro + ístico= macumbeirístico.

    GABARITO: E

    comentário do monitor do QC

  • GABARITO: LETRA E

    Quanto ao processo de formação das palavras, temos:

    1. Derivação regressiva/deverbal: Quando a palavra é “diminuída” e pode ser um verbo. Ex: Atrasa ( r)

    2. Composição por justaposição: Quando há uma junção de duas palavras sem modificar nada. Ex: paraquedas, passatempo.

    3. Composição por aglutinação: Quando há supressão de algumas letras para formar a palavra. Ex: Hidrelétrica.

    4. Derivação imprópria: Palavra com várias classificações morfológicas. Ex: jaqueta preta (cor), preta (substantivo), é você!

    5. Prefixo: quando há uma introdução de um elemento no início da palavra. Ex: incapaz

    6. Sufixo: quando há uma introdução de um elemento no final da palavra. Ex: capacidade

    7. Parassíntese: quando há um sufixo e um prefixo e que não podem ser retirados sob pena de perda de sentido. Ex: empobrecer... empobre, pobrecer.

     

  • Concordo com os colegas a respeito da letra B.

  • ARAL JACQUES, por que anulação?

  • berístico não é palavra.

  • Nem lembrava o que era morfema kkkkkkkkkkk...sorte que segui minha intuição e fui na E

  • Junior: apesar disso que disse, tem relação ou não com macumbeiro e macumba?

  • essa banca ta cheeia de vudu

  • Tão óbvia que errei kk