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ID
4835341
Banca
ADM&TEC
Órgão
Prefeitura de Santa Cruz do Capibaribe - PE
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Argumentação


A vida em sociedade trouxe para os seres humanos um aprendizado extremamente importante: não se poderiam resolver todas as questões pela força, era preciso usar a palavra para persuadir os outros a fazer alguma coisa. Por isso, o aparecimento da argumentação está ligado à vida em sociedade e, principalmente, ao surgimento das primeiras democracias. No contexto em que os cidadãos eram chamados a resolver as questões da cidade é que surgem também os primeiros tratados de argumentação. Eles ensinavam a arte da persuasão.

Todo discurso tem uma dimensão argumentativa. Alguns se apresentam como explicitamente argumentativos (por exemplo, o discurso político, o discurso publicitário), enquanto outros não se apresentam como tal (por exemplo, o discurso didático, o discurso romanesco, o discurso lírico). No entanto, todos são argumentativos: de um lado, porque o modo de funcionamento real do discurso é o dialogismo; de outro, porque sempre o enunciador pretende que suas posições sejam acolhidas, que ele mesmo seja aceito, que o enunciatário faça dele uma boa imagem. Se, como ensinava Bakhtin, o dialogismo preside à construção de todo discurso, então um discurso será uma voz nesse diálogo discursivo incessante que é a história. Um discurso pode concordar com outro ou discordar de outro. Se a sociedade é dividida em grupos sociais, com interesses divergentes, então os discursos são sempre o espaço privilegiado de luta entre vozes sociais, o que significa que são precipuamente o lugar da contradição, ou seja, da argumentação, pois a base de toda a dialética é a exposição de uma tese e sua refutação.

Se a argumentação é uma característica básica do discurso, poderíamos perguntar-nos se os trabalhos sobre argumentação são abundantes. A resposta é não. Isso poderia gerar certa perplexidade. Afinal, depois de Ducrot e Anscombre, a questão da argumentação parece ter-se tornado moda nos estudos da linguagem. No entanto, não é da argumentação na língua, que é o que se faz na esteira desses dois autores franceses, que deve tratar uma teoria do discurso. Ao contrário, ela deve estudar discursivamente o problema da argumentação.

(José Luiz Fiorin. Disponível em: www.editoracontexto.com.br)

Com base no texto 'Argumentação', leia as afirmativas a seguir:


I. A exposição de uma tese e sua refutação é o alicerce de toda a dialética.

II. No fragmento “Alguns se apresentam como explicitamente argumentativos...”, o pronome relativo restringe o campo semântico da palavra “discurso”.


Marque a alternativa CORRETA:

Alternativas
Comentários
  • Gab B

    I Certo, apenas interpretação, realmente a dialética está relacionada a uma tese...

    II, Errado, primeiro devemos identificar qual o pronome relativo, no caso "alguns".. e ele NAO restringe o campo semantico da palavra discurso...

  • Pedi comentário do professor.

    Alguns, para mim, NÃO É PRONOME RELATIVO E SIM INDEFINIDO.

  • A questão quer que analisemos as afirmativas a seguir. Vejamos:

     . 

    I. A exposição de uma tese e sua refutação é o alicerce de toda a dialética.

    Certo. É o que traz o penúltimo parágrafo do texto. Note que "alicerce" e "base" são palavras sinônimas.

    Texto: "Se a sociedade é dividida em grupos sociais, com interesses divergentes, então os discursos são sempre o espaço privilegiado de luta entre vozes sociais, o que significa que são precipuamente o lugar da contradição, ou seja, da argumentação, pois a base de toda a dialética é a exposição de uma tese e sua refutação."

     . 

    II. No fragmento “Alguns se apresentam como explicitamente argumentativos...”, o pronome relativo restringe o campo semântico da palavra “discurso”.

    Errado. Não há que que falar em pronome relativo nesse fragmento citado (“Alguns se apresentam como explicitamente argumentativos...”). "Alguns" se refere a "discursos", mas é pronome indefinido.

    Pronomes relativos: retomam um nome da oração anterior (o antecedente) com o qual se relaciona, projetando-o em outra oração. São eles: que, quem, onde, o qual (a qual, os quais, as quais), quanto (quanta, quantos, quantas) e cujo (cuja, cujos, cujas).

    Pronomes indefinidos: referem-se à terceira pessoa do discurso, dando-lhe sentido vago ou expressando quantidade indeterminada. Alguns deles: algum, nenhum, todo, outro, muito, pouco, certo, vários, tanto, quanto, qualquer, tudo, algo, nada, ninguém, cada...

     . 

    Gabarito: Letra B

  • I. A exposição de uma tese e sua refutação é o alicerce de toda a dialética.

    Certo. É o que traz o penúltimo parágrafo do texto. Note que "alicerce" e "base" são palavras sinônimas.

    Texto: "Se a sociedade é dividida em grupos sociais, com interesses divergentes, então os discursos são sempre o espaço privilegiado de luta entre vozes sociais, o que significa que são precipuamente o lugar da contradição, ou seja, da argumentação, pois a base de toda a dialética é a exposição de uma tese e sua refutação."

     . 

    II. No fragmento “Alguns se apresentam como explicitamente argumentativos...”, o pronome relativo restringe o campo semântico da palavra “discurso”.

    Errado. Não há que que falar em pronome relativo nesse fragmento citado (“Alguns se apresentam como explicitamente argumentativos...”). "Alguns" se refere a "discursos", mas é pronome indefinido.

    Pronomes relativos: retomam um nome da oração anterior (o antecedente) com o qual se relaciona, projetando-o em outra oração. São eles: que, quem, onde, o qual (a qual, os quais, as quais), quanto (quanta, quantos, quantas) e cujo (cuja, cujos, cujas).

    Pronomes indefinidos: referem-se à terceira pessoa do discurso, dando-lhe sentido vago ou expressando quantidade indeterminada. Alguns deles: algum, nenhum, todo, outro, muito, pouco, certo, vários, tanto, quanto, qualquer, tudo, algo, nada, ninguém, cada...