SóProvas


ID
5047459
Banca
Instituto Consulplan
Órgão
Câmara de Arcos - MG
Ano
2020
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

O verão da inteligência artificial

     Panaceia ou armadilha diabólica são as posições extremas no espectro de quem discute Inteligência Artificial (IA) e as consequências de sua aplicação. Provavelmente a verdade (mas, o que é “verdade?”) deve localizar-se em algum ponto intermediário. E tanto os apologéticos como os apocalípticos obtém apoio de peso: o próprio Stephen Hawking teria declarado que “conseguir sucesso na criação real de IA poderá ser o maior evento da história da nossa civilização. Ou o pior. Não sabemos...”
      O que ajuda a carrear tanta atenção à IA é que, talvez levianamente, grudamos o rótulo de IA em muitas coisas que seriam, apenas, sofisticada tecnologia, tratamentos estatísticos e exame de correlação de dados.
       Reconhecimento facial, por exemplo, é um tema de pesquisa desde os anos 60, e até recentemente não relacionado a IA. O mesmo se pode dizer das eficientíssimas máquinas de busca de que dispomos da internet de hoje. Foi o rápido e contínuo desenvolvimento do poder computacional que, aplicado a algoritmos, permitiu que usássemos a impressão digital, ou imagem da íris, ou reconhecimento facial como identificadores pessoais de acesso. Processamento, associado a capacidade quase ilimitada de armazenamento e intercomunicação em rede, gerou ferramentas de busca e de localização.
       Parece vontade de “dourar a pílula” da IA – por si já muito poderosa – colocar tudo sob o mesmo guarda-chuva. Aliás, cunha-se a sigla IA (Inteligência Artificial) para designar essa simplificação matreira e oportunista.
     Os exemplos citados podem ser muito potencializados com a introdução da IA. Algoritmos fixos usados tornam-se dinâmicos: “aprendem” com seus próprios erros e resultados e buscam refinar sua ação. Não se trata mais, apenas, de identificar uma face, mas de detectar o estado de espírito do indivíduo e, se possível, inferir suas intenções. Não estamos simplesmente encontrando coisas na rede, mas recebendo resultados personalizados que, além de ter maior sintonia com o que procuramos, procuram causar mais impacto no que faremos depois. O céu (ou o inferno...) é o limite do que se pode conseguir quando sistemas evoluem a partir da sua própria experiência, afastam-se do seu funcionamento original e chegam a obter autonomia de difícil predição ou controle.
        Há, assim, um efeito “moda” sobreposto a um real e afetivo progresso rumo a uma IA exuberante. Se previsões alarmantes, como 1984, de George Orwell ou Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, parecem estar se concretizando rapidamente, outras mais otimistas e animadoras, como robôs domésticos, viagens interplanetárias e carros totalmente autônomos ainda situam-se no campo das possibilidades. A história da IA começa nos anos 60 e apresenta uma “ciclotimia”: passa-se de momentos de euforia para momentos de retração, que ficaram conhecidos como os “invernos da IA”.
      Estamos claramente num pleno verão, um pouco forçado, mas indiscutível. Há também alguns indícios de reconhecimento: levantam-se dúvidas sobre “carros automáticos”, se chegaremos mesmo à singularidade de Ray Kurzweil etc.. Há quem prenuncie um novo inverno pela frente. Se esse inverno vier, que seja na forma de oportunidades para avaliar riscos e benefícios, o uso ética e controle de tecnologias críticas que representam a ameaças à civilização.
        Ou seja, que esse inverno traga um renascimento auspicioso como Shakespeare coloca na boca de Ricardo III: “... o inverno do nosso descontentamento converte-se agora em glorioso verão... e todas as nuvens que ameaçavam nossa casa estão enterradas no mais profundo dos oceanos”.

(Disponível em: https://link.estadao.com.br/noticias/geral,o-verao-dainteligencia-artificial,70003166362. Demi Getschko.)

Há ocorrência de voz passiva em:

Alternativas
Comentários
  • C) “[...] levantam-se dúvidas sobre ‘carros automáticos’ [...].”

    → Para ter certeza que se trata de uma voz passiva sintética, é válido transpô-la para a voz passiva analítica: Dúvidas são levantadas, fica evidente que temos uma voz passiva sintética.

    GABARITO. C

  • Para Voz passava sintética tem-se: VTD/VTDI + SE (PA) + SUJEITO PAC.

    Logo, Verbo levantar é VTD.

  • Complemento : Verbos de ligação ,intransitivo e transitivo indireto + se ( sujeito indeterminado )

    O importante é fazer primeiro a análise da transitividade do verbo.

    Lembrando também ,caso o verbo esteja na voz passiva sintética ,aceitará passar para a voz passiva analítica ;

    levantam-se dúvidas sobre ‘carros automáticos (voz sintética )

    Duvidas são levantadas sobre carros automáticos.

    Percebemos que o verbo ser está no mesmo modo e tempo do verbo principal da oração anterior ( levantam = são / terceira pessoa do plural ) e o particípio concorda com o verbo auxiliar .

  • a)ERRADO, Tornar-se é verbo pronominal.

    b)ERRADO, Situar-se é verbo pronominal.

    c)CORRETO, levantam-se dúvidas sobre ‘carros automáticos’ [...].”. Temos um sujeito explícito, verbo transitivo direto e partícula apassivadora SE. Colocando em sua forma analítica teremos: dúvidas sobre 'carros automáticos' são levantadas.

    Ademais, caso haja alguma dúvida, para matar de vez: se a forma analítica apresentar verbo ser + palavra no particípio = 99% de chances de ser uma forma passiva.

    d)ERRADO, fiquei um pouco na dúvida, mas entendi o SE como uma conjunção integrante: passa-se ISSO.

  • a) Voz passiva analítica: é expressa por uma locução verbal formada pelo  ser + particípio passado do verbo principal.

    O gato foi retirado da árvore pelo bombeiro.

    O culpado sempre é descoberto.

    Perceba como ocorre a construção do verbo ser (foi/é) com o particípio passado dos verbos retirar (retirado) e descobrir (descoberto).

    b) Voz passiva sintética ou pronominal: é formada pelo acréscimo do  pessoal se, na função de partícula apassivadora, a uma forma verbal na 3ª pessoa.

    Não se vê uma pessoa nesta sala.

    Descobre-se sempre o culpado.