SóProvas


ID
5062342
Banca
INAZ do Pará
Órgão
CORE-SP
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Solidão Coletiva – uma crônica sobre o vazio de uma cidade grande

    Se pararmos para pensar, a solidão nos persegue. Sempre estamos tão juntos e, ao mesmo tempo, tão sozinhos.
    O simples fato de estarmos rodeados por dezenas, centenas ou milhares de pessoas, não nos garante que pertençamos ao grupo.
    A cidade é um dos maiores exemplos. Trem, metrô, ônibus em horário de pico. Homens ou mulheres. Jovens ou velhos. Gordos ou magros. Trabalho ou estudo. Cada um do seu jeito, indo cuidar da sua própria vida. Não há conversa ou um sorriso amigável. Rostos sérios e cansados sem ao menos se preocupar em lhe desejar um bom dia. Parece que ninguém está tendo um bom dia.
    Na rua, todos têm pressa. Mochila à frente do corpo, senão você é roubado. Olhar no chão para manter o ritmo do passo, ou logo à frente, como quem quer chegar logo sem ser importunado.
    Um braço estendido me tira do devaneio. É alguém sentado no chão, com um cobertor fino, pedindo algumas moedas. Como boa integrante de uma multidão fria e apressada, ignoro e continuo meu caminho. Essa é uma visão tão rotineira que se torna banal e, assim como eu, ninguém ali observou aquele cidadão com olhos sinceros. Não me julgue, eu sei que você faz o mesmo. O calor humano não parece suficiente para aquecer corações.
    É um mar de gente. Mas não me sinto como mais uma onda, que compõe a beleza do oceano. Sinto-me em um pequeno barco à vela, perdida em alto mar. Parada no meio da multidão, sinto sua tensão constante, como se a qualquer momento fosse chegar um tsunami. Sinto-me naufragando.
    Você já pegou a estrada à noite? É ali que percebemos que a cidade nunca dorme por completo. Carros a perder de vista em qualquer horário, com luzes que compõem uma beleza única. Porém, esquecemos que em cada carro não existe somente uma pessoa ou outra, mas sim histórias.
    Para onde cada um está indo é um mistério. Neste momento, percebo que, assim como eu enxergava alguns minutos atrás, ninguém ali me vê como ser humano. Veem-me como mais um carro, mais uma máquina que atrapalha o trânsito de um local tão movimentado. Só eu sei meu próprio caminho e para onde vou. Estou sozinha entre centenas de pessoas.
    Mesmo assim, muitas dizem preferir a cidade ao campo. Morar no interior não é uma opção para a maior parte das multidões – elas dizem que lá não há nada de interessante acontecendo e o silêncio da natureza as faz sentir muito distantes do mundo.

Por Beatriz Gimenez
Disponível em: https://falauniversidades.com.br/cronica-solidao-cidade-grande/

A palavra olhar empregada em “Olhar no chão para manter o ritmo do passo” foi utilizada como substantivo, mas também poderia ser vista como verbo. A esse recurso semântico dá-se o nome de:

Alternativas
Comentários
  • Gab.: C

    Homonímia: homônimos perfeitos - escrita e pronúncia iguais [olhar - substantivo/ olhar - verbo].

    X

    Polissemia: são palavras que possuem pluralidade de significados, mas não a classe de palavras [no caso da questão, as duas ocorrências deveriam ser verbos ou substantivos para ser considerada polissemia].

  • Gab.: C

    Homonímia: homônimos perfeitos - escrita e pronúncia iguais [olhar - substantivo/ olhar - verbo].

  • Sinonímia é a relação que se estabelece entre palavras de sentidos semelhantes.

    Antonímia relação de sentido que opõe dois termos (prefixos, palavras, locuções, frases) contrários, seja numa gradação, p.ex.: grande / pequenojovem / velho, seja numa reciprocidade, p.ex.: comprar / vender, perguntar / responder, ou numa complementaridade.

    A paronímia é um fenômeno linguístico que ocorre entre palavras que têm um significante parecido, mas um significado distinto, ou seja, palavras que têm uma estrutura, escrita e/ou sonora, muito semelhante, porém sem qualquer relação de significado.

  • Polissemia é o nome que se dá ao fato de um termo apresentar mais de um significado. Dessa maneira, o sentido do termo depende, também, do contexto em que ele é empregado. Portanto, se, por exemplo, você disser que tem a pena de sem contextualizar sua declaração, o seu ouvinte ficará em dúvida, não saberá se você tem a pena (instrumento de escrita) que pertenceu a Camões ou se você sente a pena () que Camões sentia.

    A polissemia é um fenômeno linguístico que consiste na existência de um termo com mais de um significado. Já a homonímia está relacionada com palavras com mesma pronúncia e/ou mesma grafia; porém, com significados diferentes. Os homônimos podem ser assim classificados:

    • Homógrafos heterofônicos: mesma grafia e sons diferentes.

    Ela não era muito fã do jogo de baralho.

    (substantivo)

    Quando jogo baralho, esqueço meus problemas.

    (verbo)

    • Homófonos heterográficos: mesmo som e grafias diferentes.

    Este ano, devo responder a mais um censo do IBGE.

    (recenseamento)

    As pessoas aqui não têm bom senso.

    (juízo, discernimento)

    • Homófonos homográficos: mesmo som e mesma grafia.

    Cedo o meu direito a seu favor.

    (verbo)

    Acordei cedo para protestar.

    (advérbio)

    Então, você deve estar se perguntando se a palavra “cedo”, além de homônima, é também polissêmica. A resposta é não. A polissemia refere-se a apenas uma palavra com mais de um significado. Já a homonímia consiste em duas ou mais palavras que têm a mesma pronúncia e/ou a mesma grafia, mas significados diferentes. Portanto, “cedo” e “cedo” são duas palavras diferentes, já que uma é verbo e a outra advérbio, .

    Analise estes enunciados:

    Auriete é uma dama, por isso não deu uma resposta à altura da ofensa.

    Auriete sabia que, no xadrez, a dama é quase tão importante quanto o rei.

    Nesse caso, “dama” é uma palavra só, pois, em ambos os exemplos, é um substantivo; porém, possui significados diferentes — mulher de família nobre (primeiro enunciado) e peça de xadrez (segundo enunciado). Portanto, é uma palavra polissêmica.

    https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/polissemia.htm

  • Palavras polissêmicas não mudam sua classe gramatical, diferente dos homônimos.

  • GABARITO - C

    Homônimos perfeitos

    Possuem a mesma grafia e o mesmo som , mas significados diferentes.

    Eu cedo esse lugar para a menina mais bonita.

    Eu cheguei cedo ao local marcado

    Nosso caso:

    olhar - substantivo

    olhar - verbo

    __________________________

    HOMO - Alguma coisa igual

    Homônimos homófonos.

    Sonoridade = , mas grafia diferente

    sessão na câmara acabou em confusão

    cessão de bens do casal não foi amigável.

    Homônimos homógrafos.

    Grafia = , mas sonoridade diferente

    Almoço cedo.

    Almoço da mulher estava estragado.