Gravidez na adolescência
Em 1900, as moças menstruavam pela primeira vez ao redor dos 17 anos. Hoje, nem bem completam 11 ou 12 anos e já menstruam. Ninguém sabe ao certo a razão desse fenômeno biológico; é provável que esteja ligado à melhor nutrição das crianças atuais.
Até a geração de nossas avós, as mulheres casavam cedo,
geralmente antes de entrar na fase reprodutiva. Mais
tarde, menstruavam e vinham os filhos, um atrás do outro,
até a menopausa. Viviam em sociedades com taxas altas
de mortalidade infantil, nas quais dar à luz dez vezes era a
estratégia reprodutiva mais sensata para criar cinco ou seis
sobreviventes.
Nas camadas de nível educacional mais alto, as mulheres
brasileiras seguem de perto a tendência internacional de
completar os estudos, conseguir trabalho e independência
financeira antes de pensar em filhos. Nas
maternidades particulares, há muito não causam espanto
as primigestas com mais de 40 anos.
Paradoxalmente, no entanto, ao lado dessa característica
dos novos tempos, convivemos com o antigo problema da
gravidez na adolescência, agravado agora pelo início mais
precoce da fase fértil das mulheres. Enquanto as taxas
gerais de fecundidade nas décadas de 1970 e 1980 caíram
no país inteiro, o número de adolescentes de 15 a 19 anos
grávidas aumentou 26%.
Como não poderia deixar de ser, a situação é
especialmente grave nas regiões mais pobres do país: no
Norte e no Nordeste, de cada três partos, uma das
mães tem de 10 a 19 anos. Mas, mesmo no Sul e no
Sudeste, o número de parturientes nessa faixa etária é
inaceitável: cerca de 25%.
Muitos especialistas em saúde pública calculam que os
índices de mortalidade infantil poderiam diminuir
significativamente, se houvesse prevenção da gravidez na
adolescência, no Brasil.
Grande parte das crianças assim nascidas são filhas de
homens que não assumem os deveres inerentes à
paternidade. Impunes à lei, simplesmente abandonam
os filhos aos cuidados da mãe despreparada, com a
conivência silenciosa da sociedade machista e
discriminatória em relação às mulheres.
Parece que o Ministério da Saúde está decidido a dedicar
mais atenção à prevenção da gravidez na adolescência.
Entre as medidas adotadas estão a preparação de
profissionais para atendimento, divulgação de material
educativo, acesso a métodos anticoncepcionais e aos
preservativos, além do estímulo à promoção de atividades
culturais e esportivas.
Embora essas intervenções sejam fundamentais, a solução
do problema não é tarefa exclusiva do governo. A menina
que fica grávida aos 12 anos não o faz por decisão prévia,
voluntária; engravida por falta de informação,
desvantagem econômica ou armadilha da natureza. Se
receber orientação adequada, saberá se defender, como
demonstram os estudos publicados nessa área.
(Fonte: texto adaptado de
https://drauziovarella.uol.com.br/drauzio/artigos/gravidez-naadolescencia-artigo, acesso em fevereiro de 2020).
No parágrafo: “Muitos especialistas em saúde pública
calculam que os índices de mortalidade infantil poderiam
diminuir significativamente, se houvesse prevenção
da gravidez na adolescência, no Brasil.”, o verbo HAVER
classifica-se como: