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ID
5152168
Banca
NUCEPE
Órgão
PC-PI
Ano
2008
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

O Pólo Norte
    Nada como um crime 100% monstruoso, desses que elevam para um novo patamar os piores padrões que se podem atingir em matéria de crueldade e selvageria, para descobrir quanta gente fica comovida, no Brasil de hoje, com a sorte dos acusados – e horrorizada com a hipótese de que possa ocorrer alguma falha, por mais duvidosa que seja, na proteção a seus direitos. É o que se está vendo no momento, mais uma vez, com o assassinato da menina Isabella Nardoni, em São Paulo. Para muitos dos mais renomados sábios da nossa ciência jurídica, sobretudo os que se dedicam à advocacia criminal, intelectuais de todas as variedades e até o presidente da República, o foco deixou de estar no crime que foi cometido. O que realmente os preocupa é a “condenação antecipada” dos suspeitos, algo que, a seu ver, estaria ocorrendo no caso. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, especialmente, se mostra angustiado com a possibilidade de que inocentes tenham suas vidas “destruídas”. A única vida realmente destruída, até agora, foi a de Isabella, mas isso parece ser apenas um detalhe menor na história. O verdadeiro problema, nesse modo de ver as coisas, estaria no que os campeões do direito de defesa imaginam ser a condenação “sem julgamento” ou “sem provas” dos acusados – fruto do desejo de “vingança” e de “linchamento” que a exposição intensa do caso na imprensa faz nascer junto a uma população boçal e incapaz de entender os fundamentos do direito penal.
(...)
    A verdadeira dificuldade para o casal Nardoni não está na violação de seus direitos. Está, isso sim, no fato de que não surgiu até agora, após quarenta dias de investigação, feita com todos os recursos da polícia e sob o intenso holofote da imprensa, o mais remoto indício de que o crime possa ter sido praticado por alguma outra pessoa. A verdadeira revolta popular, ao mesmo tempo, é contra a impunidade; o temor é que o pai e a madrasta de Isabella, caso culpados, fiquem livres. Trata-se de uma expectativa mais do que justificada pelos fatos. Se homicidas confessos, condenados em júri popular, estão soltos, por que não seria assim outra vez? Por que não, se está solto o médico que esquartejou uma mulher submetida a anestesia e alegou ter agido em legítima defesa? São questões que não entram no debate. Os defensores do casal, quando de boa-fé, argumentam que nada é mais importante do que colocar a lei acima da paixão. Mas pregar de maneira automática e em qualquer circunstância, sejam lá quais forem os fatos, a favor dos direitos dos acusados não contribui para a genuína proteção dos direitos do cidadão; contribui, na prática, para dar conforto aos criminosos.
    O problema da Justiça brasileira, hoje, não é a escassez de direitos de defesa; o real problema é o excesso de obstáculos para a punição e o excesso de proteção para os acusados. O Brasil é possivelmente um caso único, em todo o mundo, onde se recomenda, diante do aumento da criminalidade, a redução das penas e o aumento dos benefícios para os criminosos. É algo que talvez faça sentido em lugares como o Pólo Norte, por exemplo, onde não há crime algum; no Brasil atual é simplesmente incompreensível. Não passa pela cabeça dos patronos dessas idéias a existência de alguma relação entre o agravamento da criminalidade e a ausência de punição efetiva para os culpados. Parecem, ao contrário, convencidos de que a saída é punir ainda menos. É muito bom, sem dúvida, para o interesse profissional dos advogados criminalistas e para o bem-estar de seus clientes. Para todos os demais é uma tragédia.

(GUZZO, J. R. Veja, 14 maio 2008.)
    

Em qual das alternativas abaixo está correta a concordância verbal?

Alternativas
Comentários
  • Verbo + Pronome “se” + : o verbo fica no singular

    Exemplo: 

    - Precisa-se de novos funcionários. 

    É o caso da alternativa B que está correta

    e da alternativa D que está incorreta pelo fato do verbo estar no plural.

    Erro da alternativa E

    Verbo “haver”: O verbo haver nos sentidos de existir, suceder, ocorrer e fazer (algum tempo) é impessoal, ou seja, não tem sujeito. O verbo deve, portanto, ficar na 3ª pessoa do singular.

    Exemplos: 

    - Houve mais exceções naquela atividade. 

    - Havia dois meses que não o via.

    - Havia muitos pratos naquela mesa.

    - Houve dois anos sem mudanças.

    https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/lingua-portuguesa/concordancia-verbal

  • A-O povo, com auxílio da mídia, atrapalham o andamento do caso.(QUEM ATRAPALHA?O POVO!)

    B-Fala-se de opiniões públicas, mas não de bons argumentos.

    C-O problema dos relatos jornalísticos veiculados residem na abordagem sensacionalista dos fatos.(O QUE RESIDE? O PROBLEMA!)

    D-As punições severas tratam-se de medidas cabíveis no combate à impunidade.(VERBO+PRONOME "SE"=SINGULAR, OU SEJA, TRATA-SE DE ...)

    E-Devem haver lugares mais pacíficos que o Pólo Norte.(VERBO HAVER NO SENTIDO DE EXISTIR É IMPESSOAL, OLHA QUE BACANA, ELE SEMPRE CONTAMINA O VERBO AUXILIAR, MANEIRO NÉ?!)

  • Complemento :

    Letra D : Na construção trata-se de, o verbo tratar atua como verbo transitivo indireto, com regência da preposição de, e a partícula se atua como um índice de indeterminação do sujeito. Uma vez que a concordância verbal é feita com base no sujeito, é indiferente que o complemento indireto venha no singular ou no plural.

    Outros exemplos : Lembrar e esquecer (Transitivos diretos ) + partícula " se " passam ser pronominais ,ou seja ,exigem a preposição " de " .

  • Muita gente falando que VERBO+SE fica sempre no singular. CUIDADO! O verbo fica no singular quando se trata de oração com sujeito indeterminado (VL, VI ou VTI + Se).

    Exemplo:

    Precisa-se de faxineiras.

    Fala-se de opiniões públicas.

    Trabalha-se muito nesta empresa.

    Mas quando se tratar de voz passiva sintética, o Verbo (normalmente VTD+SE) deve concordar com o sujeito que está expresso na frase!

    Exemplo:

    Consertam-se fogões. (Equivale a: fogões são consertados) O sujeito nos dois casos é fogões.

    Vendem-se casas. (Equivale a: casas são vendidas) Sujeito é o termo casas.

    Contratam-se faxineiras. (Faxineiras são contratadas).

    Muito cuidado pra não generalizar e acabar errando alguma próxima questão!

  • GABARITO - B

    a) O povo, com auxílio da mídia, atrapalham o andamento do caso.

    Quem atrapalha ?

    O povo

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    b) Fala-se de opiniões públicas, mas não de bons argumentos.

    VTI ou VI + SE = índice de indeterminação do sujeito= verbo no singular.

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    c) O problema dos relatos jornalísticos veiculados residem na abordagem sensacionalista dos fatos.

    O problema reside...

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    d) As punições severas tratam-se de medidas cabíveis no combate à impunidade.

    VTI ou VI + SE = índice de indeterminação do sujeito= verbo no singular.

    Trata-se de medidas cabíveis.

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    e) Devem haver lugares mais pacíficos que o Pólo Norte.

    Verbo haver no sentido de existir = Impessoal

    O auxiliar é impessoal por tabela.

    Bons estudos!

  • "Tratar" é uma verbo é um verbo Transitivo Indireto, "tratar de que?" portando em sua transformação para a voz passiva sintética deverá ficar no singular, dada a regra de que os verbos de Ligaçao, Intransitivos e Transitivos Indiretos + partícula SE ficam invariáveis. Já os VTD e VTDI devem concordar com sujeito.

    https://youtu.be/buFVeY029q4