- ID
- 5152483
- Banca
- Instituto Excelência
- Órgão
- CRIS - SP
- Ano
- 2019
- Provas
-
- Instituto Excelência - 2019 - CRIS - SP - Assistente Social - NASF
- Instituto Excelência - 2019 - CRIS - SP - Educador Físico - Programa NASF
- Instituto Excelência - 2019 - CRIS - SP - Farmacêutico - Programa Estratégia Saúde da Família
- Instituto Excelência - 2019 - CRIS - SP - Fisioterapeuta - Programa NASF
- Instituto Excelência - 2019 - CRIS - SP - Médico - Programa Estratégia Saúde da Família
- Instituto Excelência - 2019 - CRIS - SP - Nutricionista - NASF
- Instituto Excelência - 2019 - CRIS - SP - Psicólogo - Programa DST - HIV
- Disciplina
- Português
- Assuntos
Os reinos do amarelo
(João Cabral de Melo Neto)
A terra lauta da Mata produz e exibe
um amarelo rico (se não o dos metais):
o amarelo do maracujá e os da manga,
o do oiti-da-praia, do caju e do cajá;
amarelo vegetal, alegre de sol livre,
beirando o estridente, de tão alegre,
e que o sol eleva de vegetal a mineral,
polindo-o, até um aceso metal de pele.
Só que fere a vista um amarelo outro,
e a fere embora baço (sol não o acende):
amarelo aquém do vegetal, e se animal,
de um animal cobre: pobre, podremente.
Só que fere a vista um amarelo outro:
se animal, de homem: de corpo humano;
de corpo e vida; de tudo o que segrega
(sarro ou suor, bile íntima ou ranho),
ou sofre (o amarelo de sentir triste,
de ser analfabeto, de existir aguado):
amarelo que no homem dali se adiciona
o que há em ser pântano, ser-se fardo.
Embora comum ali, esse amarelo humano
ainda dá na vista (mais pelo prodígio):
pelo que tardam a secar, e ao sol dali,
tais poças de amarelo, de escarro vivo.