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ID
5183812
Banca
FGV
Órgão
PM-SP
Ano
2021
Provas
Disciplina
Filosofia
Assuntos

O primeiro que, ao cercar um pedaço de terra, teve a ideia de dizer “Isto é meu”, e encontrou pessoas tão ingênuas que acreditaram nele, foi o verdadeiro fundador da sociedade civil. Quantos crimes, guerras, assassinatos, misérias e horrores teria poupado ao gênero humano aquele que, arrancando o cercado, tivesse gritado para seus semelhantes: “Cuidado ao escutar esse impostor; vocês se perderão se esquecerem que os frutos são de todos e a terra não é de ninguém”.
ROUSSEAU, J. J. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. Paris. 1755. Adaptado.

A respeito do conceito de desigualdade em Rousseau e com base no texto, assinale (V) para a afirmativa verdadeira e (F) para a falsa.
( ) A propriedade é efeito dos cercamentos arbitrários e da credulidade humana.
( ) A origem da desigualdade civil é consequência da evolução social do homem.
( ) A propriedade da terra resulta da divisão social do trabalho.

As afirmativas são, na ordem apresentada, respectivamente,

Alternativas
Comentários
  • O cara aderiu sua propriedade após cercar um terreno e as de mais pessoas aceitarem aquilo como dele.

    (Portanto, A correta)

    A origem da desigualdade civil é consequência da evolução social do homem.

    (Essa afirmação simplesmente não tem como estar errada)

    (Por eliminação, o gabarito é a D)

  • A crítica de Rousseau descreve que a propriedade das terras aconteceu a partir da arbitrariedade daqueles que se declararam proprietários e da credulidade daqueles que não contestaram. Essa seria a origem da desigualdade entre os homens que, por sua vez, decorreria da evolução social do homem.

    A propriedade da terra não resulta da divisão social do trabalho. Essa, segundo Durkheim, seria o resultado da complexificação da sociedade.


    Gabarito do Professor: Letra D.
  • Discordo da FGV e do Thiago Henrique. É fundamental a semântica do "social" da segunda afirmativa. No pensamento de Rousseau, se fôssemos realmente sociais, não haveria desigualdade; o sujeito que demarcou a primeira terra foi antissocial. Assim, levando-se em conta Rousseau, o que tivemos foi uma falta de evolução social; porém a FGV coloca o "social" com a semântica normal de mera melhoria de vida da maioria das pessoas.

    A questão é ambígua, eu faria um recurso.

  • Com o surgimento de novas exigências, as quais estes povos não estavam acostumados, surgiu, também, a percepção de que poderiam ter, além do necessário, algo mais que pudesse fazê-lo melhor do que os outros homens. Esta noção, ainda rudimentar nesses povos, foi-se aperfeiçoando, até alcançar um nível de elaboração que fizesse surgir a idéia de propriedade, fosse ela um animal, terras, armas e, até mesmo, outras pessoasEssa noção de propriedade criou nos primitivos a idéia de acumulação de bens e, conseqüentemente, superioridade frente aos demais. Essa suposta superioridade foi o estopim para o início dos conflitos entre os homens de uma mesma tribo e, posteriormente, entre cidades e nações. Outra novidade nesse progresso mental foi a noção de família, que com o tempo, levou homens e mulheres a deixarem de lado o comportamento selvagem que tinham. Essa moderação no comportamento, fez emergir a fragilidade perante a natureza e os animais, mas trouxe como compensação e noção de grupo, que transmitia maior poder de resistência do que o indivíduo isoladamente. O amor conjugal e o fraternal surgem nesse momento, segundo Rousseau.Entretanto, a facilidade da vida em grupo trouxe outro problema: a ociosidade e a busca por algo que desse sentido a vida, além do trabalho. Assim, o lazer se instituiu, porém, com o passar do tempo, o que era comodidade passou a ser visto como necessidade e novos conflitos surgiram, fazendo com que o homem ficasse mais infeliz pela privação das comodidades, do que feliz de possuí-las. Assim, segundo Rousseau, as desigualdades entre os homens têm como base a noção de propriedade privada e a necessidade de um superar o outro, numa busca constante de poder e riquezas, para subjugar os seus semelhantes.